Reproduzo abaixo alguns novos emails enviados para a Carta Capital e para a Envolverde. Muita gente se incomodou com o artigo, creio que mais pelo título do que pelo teor do mesmo. De qualquer forma postei também algumas respostas:
CARTA CAPITAL
• Antonio Ferdinando Zanardi disse:
23 de novembro de 2010 às 10:25
Canto , concordo com quase tudo o que você diz e propaga , só tem um tema em que ninguem me convenceu de maneira alguma: O aquecimento global , para mim está claro , não tem nada a ver com a ação humana ; é decorrência de um concerto universal onde o homem e a terra são ridiculamente infimos e impotentes para detê-lo ou influí-lo.Sou geólogo , trabalho com captação de agua e o maior exemplo de que as reviravoltas climaticas são comandadas pela natureza é o Aquifero Guarani , que tem sua origem associada à um aquecimento global e consequente degelo ocorrido à milhares de anos.Sem a presença do homem , sem queimadas e com muuuuito verde.Claro está que precisamos mudar os nossos hábitos e conceitos de consumo, mas , por favor , tire esta culpa da gente.Como diria aquele craque de bola:Comigo ou sem migo , haverá aquecimento ou resfriamento global
Abraços
• Priscila Labanca Cardoso de Castro disse:
21 de novembro de 2010 às 9:59
As vezes sou tentada a achar que os ecologistas são os eco chatos, mesmo. Gostaria de saber se todas as pessoas que se julgam ecologistas respeitam as leis de trânsito em 100% das situações. Se não icomodom os seus vizinhos em 100% do convívio; se uma vez por dia, dão bom dia, boa tarde ou boa noite a alguem que cruze pelas ruas, elevadores etc; se dão um sorriso a um desconhecido sem considerá-lo um inimigo etc etc etc. Cuidar do meio ambiente não se resume apenas a economia de água, eletricidade, insumos. Ecologia é primeiramente cuidar de si e dos outros. Ver as outras pessoas como um companheiro de jornada. Esse discurso dos ecologistas que pensam somente em bens tangíveis já cansou e pelo que parece não surtiu o efeito desejado. Talvez estejam atacando a causa errada. Eanquanto não houver um mínimo de respeito(respeito e não super proteção) a nós mesmos por nós mesmos e depois aos outros viveremos nos enganando que estamos fazendo a nossa parte, e o que é pior, achar que está bem feita. Acho vocês uns chatos, mesmo. Talvez uma tartaruga tenha mais importância do que uma dona de casa. É o que tenho visto.
RESPOSTA ENVIADA PARA O EMAIL LEITORA:
Prezada Priscila,
Agradeço por seus comentários! Uma das principais razões para ter colocado um título provocativo como esse no artigo, foi exatamente o de suscitar reações e emails como o seu.
Respondendo aos seus questionamentos, não creio que todo ecologista respeite em 100% todos os itens que vc aponta no email. Eu mesmo tenho as minhas falhas e não vejo meu trabalho com sustentabilidade como fanatismo que deva ser seguido cegamente sem reflexões ou bom senso.
Por outro lado, não acredito que pessoas que não respeitem as outras formas de vida sejam cidadãs tão corretas assim. Quem maltrata animais, não cuida das árvores e parques do seu bairro e joga lixo na rua, dificilmente será alguém que respeita os seus semelhantes.
Algumas das colocações que vc faz em relação ao caso de não sorrir para um "desconhecido sem considerá-lo um inimigo" só se aplica aos doentes. Não vejo como ambientalismo pode caber nessa colocação, já que atua pela vida e não contra ela.
Agora sustentabilidade e cidadania tem que caminhar juntas por isso que o meu blog tem o título de canto da sustentabilidade e da cidadania. Fazer a nossa parte é sim importante, bem como comprar produtos de empresas comprometidas com o futuro e também votar e cobrar que autoridades façam o mesmo.
Não sei onde vc reside, mas eu sou de São Paulo e os problemas ambientais aqui são gigantescos: os aterros sanitários estão esgotados, pois muito lixo que poderia ter sido reciclado está lá apodrecendo; a água que bebemos cada vez tem de vir de mais longe, pois estamos destruindo e poluindo as nossas fontes; quanto a situação dos carros é preciso comentar algo?
Tudo isso e muito mais representam enormes barbaridades/insanidades/loucuras que, mesmo afetando a todos, principalmente os mais pobres, ainda tem gente que acha que é um tema sem importância.
Pra finalizar, na minha opinião, a dona de casa e a tartaruga não deveriam ser comparadas e hierarquizadas sobre quem é mais importante ou menos importante. Ambas devem ser respeitadas em suas singularidades.
Considero que "companheiros de jornada" somos todos nós que habitamos o planeta, incluindo a dona de casa, a tartaruga, o meu vizinho, minha filha, você e todos deveríamos viver em harmonia.
Eu acho que faço a minha parte sim! Escrevo, dou palestras, reclamo quando vejo coisas erradas e sou muito feliz com essa opção de vida. Agora não vou resolver tudo sozinho e nem quero essa responsabilidade.
Mas quero que minha filha (3,5 anos) quando crescer possa no mínimo dizer pra qualquer um: "meu pai era um batalhador, um lutador das boas causas"!
O resto é história que não sei como vai terminar. E volto a reafirmar: CHATOS SÃO OS OUTROS!!!!
ENVOLVERDE:
Isabel Gnaccarini (bellita@terra.com.br)
Sr Roberto Luz,
Nao vi noticia sobre Genipabu, mas sei bem que o Ibama é, ao contrario do que reclama, cobrado a cumprir LEIS. Alias, o que falta em nosso país é o cumprimento de leis, desde aquelas que protegem a natureza, como o bem-estar das pessoas e dos trabalhadores. Portanto, nao vejo como incompativel o fato de proteger dunas para que sejam exploradas de maneira correta pelos trabalhadores locais. O que é chato é ver o uso destrutivo de recursos que nao sao de poucos, mas da humanidade.
Helton de Oliveira (heltoncomh2@ig.com.br)
Prezado Senhor Reinaldo,
Sou do interior de Minas Gerais, tenho 56 anos e não sou um "ecochato", mas sou tido como uma pessoa radical quanto à falta de civilidade do povo brasileiro. Desde pequeno aprendemos a usar e reaproveitar os bens de consumo, desde o alimento, passando pelo vestuário, material escolar, brinquedos etc.
Quando se pensa de forma "macro" dos aspectos ambientais, todos aplaudem e concordam, inclusive este que vos escreve.
A questão a muito mais grave e difícil, o Senhor Richard, que lhe faz duras críticas, tem razão no aspecto do controle da natalidade mundial. Hoje, já não há condições para sustentar social e economicamente o planeta e o grande número de seus habitantes. A China é a maior potência mundial, sob todos os aspetos, mesmo que não queiram reconhecer os famigerados países que implementam o Capitalismo Selvagem. E ainda vemos, em rede nacional, a TV Bandeirantes apresentar um documentário sectário e suspeito sobre o controle de natalidade chinês.
Tem haver um rígido controle de natalidade mundial, e uma educação - de berço - de todos os povos, quanto à preservação dos bens de consumo, dos resíduos e dos excessos de desperdício incentivado pelo consumismo capitalista.
Não adianta alguns de nós fazer a nossa parte enquanto muitos e, principalmente, os detentores do poder fingir que não vêem o desperdício generalizado.
Muito Obrigado, um abraço.
Helton de Oliveira
Roberto Luz (pgiordanluz@gmail.como)
foi noticiado que o IBAMA fechou o portão que dá acesso as dunas de Genipabu/RN aos bugueiros que transportam os turistas para conhecer o litoral de Natal, sob a alegação que afeta as dunas sem considerar os prejuízos diretos ao turismo e ao emprego de centenas de trabalhafores.
Sustentabilidade das pessoas em 1º lugar. Isso é ser ecochato, chatíssimo, optando pela duna em detrimento das pessoas.
Va de retro, satanás!!!
Richard Jakubaszko (richardassociados@yahoo.com.br)
Caro Reinaldo Canto, não só ecochato como biodesagradável. Você que militou aí pelos Greenpeace da vida (uma empresa de ganhar dinheiro, com registro na Junta Comercial de Amsterdã, e não uma ONG...), já deveria ter adotado a única postura possível, diante da questão da "sustentabilidade". Sustentável tem de ser a humanidade, pois o meio ambiente a humanidade irá destruir tal e qual um formigueiro, diante da proliferação humana, diante do crescimento demográfico que o planeta tem, hoje com 6,8 bilhões de bocas para aliementar, e daqui a pouquinho com 9 bilhões, não apenas para comer, mas para vestir, além do uso dos recursos minerais cada vez mais finitos, como o fósforo e o potássio como fertilizantes. Não vejo nenhuma ONG vociferar contra o crescimento demográfico. Por quê isso? Medo das Igrejas? Porque é politicamente incorreto? Não adianta querer frear a ganância humana por lucros na produção do que quer que seja, caia na real, deixe de ser ecochato e biodesadagrável, só isso. Ataque o problema pela raiz, faça como os chineses, os únicos a terem controle do crescimento demográfico, lamentavelmente precisamos disso para mitigar o problema da fome e das necessidades que nossos filhos e netos terão de enfrentar no máximo a partir de 25 anos à frente, mesmo tendo dinheiro no bolso.
Não reconhecer isso é burrice. No mais, o que se precisa é diálogo com a sociedade, conscientizar a sociedade de três coisas: consumir menos, reciclar mais e ter menos filhos. Me espanta que, mesmo tendo deixado o Greenpeace, ainda use o mesmo discurso terrorista, ainda continue usando os mesmos e ultrapassados argumentos de proibir, de estudos de impacto ambiental, achando com isso que vai encaminhar sua alma para os céus ou o paraíso.
Lamento, é echochato, mesmo! Não tem nenhuma proposta aceitável no seu discurso. É conversa fiada e vazia, pois o problema é muito mais grave.
RESPOSTA AOS EMAILS ACIMA CITADOS E JÁ PUBLICADO NA ENVOLVERDE:
Reinaldo Canto (reicanto@uol.com.br)
Quando coloquei o título nesse artigo imaginei respostas iradas, mas a do Richard me surpreendeu pela agressividade. Mas vamos a algumas considerações: Você tocou num ponto interessante quando fala de controle da natalidade. Essa é uma questão que, realmente, deveria ser tratada com maior seriedade. A explosão demográfica é uma realidade e impacta fortemente na sustentabilidade do planeta. Por outro lado, é bom não esquecer, a desigualdade e a ausência de planejamento são ainda mais graves. Exemplos não faltam: a ocupação das áreas de mananciais; distribuição de alimentos onde temos fome de um lado e obesidade mórbida de outro, só para ficar nesses dois casos. Agora quando você fala: “faça como os chineses”, só posso dizer que sou jornalista e não ditador com poderes sobre a vida e a morte. Quanto a ser preciso dialogar com a sociedade, você é de uma obviedade ímpar. Esse é o caminho que já vem sendo trilhado pelas organizações da sociedade civil organizada há muitos anos. É interessante quando você diz que: “não tem nenhuma proposta aceitável no seu discurso”, quando ao mesmo tempo fala em consumir menos e reciclar, aliás, propostas que faço constantemente em textos e palestras. Ao fazer tal afirmação sem desconstruir meu raciocínio, você agride, radicaliza e age como terrorista, mais que qualquer ecochato e biodesagradável que tanto condena. Em relação ao Greenpeace, a credibilidade da organização fala por si e não precisa de defesa.
Quanto ao exemplo do IBAMA citado pelo Roberto é preciso bom senso. De certo, o vale-tudo da exploração também poderá destruir os empregos e a vida de centenas de pessoas.
Helton concordo totalmente com a sua colocação, precisamos “botar a boca no mundo” e fazer com que as autoridades façam a sua parte. Isso só é possível se nós brasileiros utilizarmos de maneira efetiva o nosso poder como cidadãos para influenciar as políticas públicas.
29 novembro 2010
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