24 maio 2011

25 ANOS DA SOS MATA ATLÂNTICA: MATURIDADE E NOVOS DESAFIOS

Na cerimônia de comemoração, a presença plural e heterogênea de todos os setores mostra o que se deve esperar do movimento ambientalista nos próximos anos

Por Reinaldo Canto*

Na última quinta-feira 19, a mais importante organização ambiental 100% brasileira comemorou seus 25 anos de existência marcados por muita luta, diversas frustrações, mas também de êxitos emblemáticos como a criação do Pólo Ecoturístico do Lagamar no litoral sul de São Paulo e a criação do Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica – que apresenta o resultado do mapeamento e monitoramento da floresta e seus ecossistemas associados, entre outros.

O que mais chamou a atenção das pessoas que lotaram o Porão das Artes, no Parque do Ibirapuera, foi à diversidade entre as autoridades e lideranças ali presentes. Que a comemoração dos 25 anos da organização já é um motivo e tanto para comparecer, todos sabemos, mas o significado e representatividade dessas participações devem ser destacados como algo muito positivo.

Pelo local passaram e alguns também foram homenageados, parlamentares e lideranças partidárias de matizes diversas, empresários de destaque no cenário nacional, representantes de governos variados, além dos chamados formadores de opinião jornalistas, artistas, economistas, entre outros istas de destaque.

Um novo caminho e uma montanha como obstáculo

Vivemos. sem dúvida, uma nova realidade na história das lutas ambientais no Brasil, ou seja, a de superar visões míopes, reducionistas e obtusas e colocar em seu lugar um olhar mais claro e objetivo com vistas ao futuro comum a que todos nós estamos destinados.

Se como muitos disseram sobre o movimento ambientalista que, “seus integrantes caberiam facilmente numa Kombi” quando a SOS Mata Atlântica deu seus primeiros passos, a cerimônia dos 25 anos deixou claro que esse passado já está totalmente superado.

A questão é que mesmo a justa alegria pela comemoração do aniversário da entidade, foi pontuada por falas que lembravam a todo instante o delicado momento pelo qual passamos: A iminência da aprovação do novo texto do Código Florestal.

Reflexos do debate contribuíram para acelerar o desmatamento

O anúncio de que o ritmo do desmatamento na Amazônia cresceu cinco vezes (473%) nos meses de março e abril, em comparação com o mesmo período do ano passado, não tirou o brilho da festa, mas potencializou as preocupações de todos com o futuro.
Se a consciência para a adoção de critérios de desenvolvimento sustentável vem crescendo de maneira sólida, também é verdade que ainda existem, e não são poucos, os que acham o meio ambiente apenas um estorvo no caminho da ganância e do lucro a qualquer preço.

O relatório do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), que dá nova redação e altera pontos importantes do Código Florestal em vigência, é um desses exemplos, baseado no modelo predatório de desenvolvimento do século XX. Ele é defendido com unhas e dentes por setores do agronegócio conhecidos por seu reacionarismo e truculência e, por outro lado, é combatido por amplos setores que, longe de apenas exercerem uma militância ambiental, querem uma discussão mais democrática e pluralista, entre eles, os cientistas ligados a Academia Brasileira de Ciências e a SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência).

Recentemente, as entidades divulgaram um documento apelando para o bom senso e pediram abertamente para que o debate não seja ideológico, mas baseado em pesquisas científicas que apontem os melhores e mais confiáveis caminhos em que estejam contemplados o desenvolvimento e a preservação ambiental. Os cientistas deixaram claro que muito tem a contribuir, mas até o momento sequer foram ouvidos.
Façamos votos agora, para que os festejos pelos 25 anos da SOS Mata Atlântica, não sejam manchados pela aprovação de um novo Código Florestal, que tanto mal fará para o futuro do Brasil e dos brasileiros.

Vida longa SOS Mata Atlântica!

*Reinaldo Canto é jornalista, consultor e palestrante. Foi diretor de comunicação do Greenpeace e coordenador de comunicação do Instituto Akatu. É colunista de Carta Capital e colaborador da Envolverde.

Artigo publicado originalmente na coluna Cidadania & Sustentabilidade: http://www.cartacapital.com.br/carta-verde/maturidade-e-novos-desafios

Blog: cantodasustentabilidade.blogspot.com
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Twitter: @ReinaldoCanto

19 maio 2011

O que aconteceu no Green Drinks? 05 de maio de 2011

Nosso convidado foi Reinaldo Canto

Ao entrar no mundo da sustentabilidade descobriu que provocar é uma boa forma de por o tema em pauta. Um de seus artigos mais polêmicos dizia que quem trabalha com sustentabilidade não deve ser taxado como “chato” e viver se defendendo. Os rótulos da sustentabilidade (esquerda? Direita? Muito pelo contrário!)

Existem, portanto, diversos rótulos e paradigmas. Os paradigmas envolvem o medo de mudanças, a oposição ao desenvolvimento - como pode haver desenvolvimento sem sustentabilidade? O desenvolvimento precisa ser sustentável. Outros paradigmas são o distanciamento da realidade – futuro é longe; a fauna e a flora ficam longe – o meio ambiente e os seres humanos são um todo, e não partes.

A questão do consumo também foi discutida..os números eram impressionantes!

Um fato: A realidade já não é mais a mesma – cresce mais a quantidade de lixo produzida no Brasil do que a população!

Questão: Petróleo vale mais que água! Que tipo de valor estamos considerando?

A partir disso pudemos estabelecer uma discussão sobre valor, valores, publicidade e diversos outros assuntos:

O imediatismo é que nos faz distanciarmos da realidade - “a água está acabando? Mas eu tenho água na minha torneira”.

A questão do TER x SER - a publicidade e os efeitos: os desejos latentes que são despertados. Mas também pode se tornar um aliado – pega na emoção!
Novamente é levantada a questão de como lidar com esta diferença entre esquerda e direita. A carta capital tem pessoas mais radicais e é um veículo mais de esquerda. A dificuldade está em passar que sustentabilidade é um tema macro, não é ideologia!

Por fim, Reinaldo- que trabalhou dois anos como diretor de comunicação do Greenpeace - contou um pouco da história do Greenpeace e passou vídeo inspirador que você pode conferir no link abaixo:

http://www.youtube.com/watch?v=cbLg1SoA2w0&feature=fvst

17 maio 2011

Palestra sobre sustentabilidade no Sindicato


A Comissão de Assessoria de Comunicação do Sindicato realiza no próximo dia 30 de maio, das 19h30 às 21h30, no auditório Vladimir Herzog a palestra “As novas pautas da sustentabilidade”, com o diretor-executivo do Instituto dos Mananciais e colunista da Carta Capital, Reinaldo Canto. O evento destina-se a estudantes de comunicação, jornalistas, assessores de imprensa de empresas públicas e privadas e ONGs. As inscrições – R$ 30,00 (não sindicalizados) e R$ 15,00 (associados e estudantes) devem ser realizadas até 15 de maio com Melissa ou Paula através do (11) 3217-6299 – diretoria.

O objetivo é abordar os novos desafios da cobertura ambiental e dos temas da sustentabilidade. Em tempos de Aquecimento Global, Mudanças Climáticas e Crise Econômica, qual o papel das assessorias de imprensa, dos veículos de comunicação e dos jornalistas? Os novos conceitos, as novas pautas e a quebra dos paradigmas da visão tradicional de se fazer jornalismo, entre elas crescimento x sustentabilidade. A capacitação e os desafios do assessor de imprensa para comunicar as ações das empresas, governos e ONGs.

O palestrante, Reinaldo Canto, é jornalista há 31 anos com passagens pelas principais empresas de televisão e rádio do Brasil. Foi diretor de Comunicação do Greenpeace Brasil, coordenador de comunicação do Instituto Akatu pelo Consumo Consciente e colaborador do Instituto Ethos de Responsabilidade Social. Atualmente é diretor-executivo do Instituto dos Mananciais e colunista da Carta Capital.

(Assessoria de Imprensa)

08 maio 2011

LIXO 6 X 0 BRASIL – GOLEADA PARA A SOCIEDADE DO DESPERDÍCIO

Por Reinaldo Canto*

Em 2010, o Brasil produziu 60,8 milhões de toneladas dos chamados resíduos sólidos urbanos. Essa quantidade foi 6,8% mais alta que a registrada em 2009 e seis vezes maior que o crescimento populacional que, no mesmo período, ficou em pouco mais
de 1%. De todo esse resíduo, cerca de 6,5 milhões de toneladas foram parar em rios, córregos e terrenos baldios. Ainda 42,4%, ou seja, 22,9 milhões de toneladas foram depositados em lixões e aterros controlados e que não fazem o tratamento adequado dos resíduos. Estas conclusões fazem parte do estudo Panorama dos Resíduos Sólidos divulgado na semana passada pela Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais).

Detalhes do mesmo relatório demonstram que estamos muito, mas muito distantes de tornar o consumo consciente uma prática cotidiana na vida das pessoas em nosso país. Um bom exemplo é que no ano passado, a média de lixo gerado por brasileiro ficou em 378 quilos, o que é 5,3% superior aos 359 quilos de lixo per capita computados em 2009.

O que esperar do futuro

Em uma sociedade de consumo que vem se caracterizando pelo culto ao descartável, a quantidade de lixo é proporcional a falta de consciência e ações que passam por todos os setores, sejam eles públicos ou privados, até chegar ao próprio cidadão.

Se por um lado podemos registrar com orgulho que no Brasil temos o mais alto nível de reciclagem de latinhas de alumínio do mundo, por outro, também é fácil afirmar que existem materiais tão diversos como papel, papelão, vidro, isopor, garrafas PET, sacolas plásticas e tantos outros que são perfeitamente recicláveis e que simplesmente não o são, por falta de apoio a coleta e comercialização. Pelo menos 30% dos lixos domiciliares são compostos de materiais recicláveis, mas apenas 1% acaba sendo, efetivamente, recuperado pela coleta seletiva.

É muito triste imaginar que toneladas de material reciclável entopem os lixões e aterros quando poderiam voltar a ser utilizados por empresas em produção de novos produtos. Um caso exemplar é o do vidro. Um quilo de vidro é totalmente aproveitado na reciclagem num círculo virtuoso que contribui para que não sejam necessárias as extrações de matérias-primas existentes na natureza. Isso vale para todos os outros materiais que são descartados. Papéis reutilizados e reciclados evitam o corte de árvores; sacolas plásticas reutilizadas e recicladas deixam de entupir bueiros, poluir rios e mares etc.

As razões para esse estado de coisas são inúmeras: ausência de políticas públicas efetivas de incentivo a coleta e reciclagem e de educação ambiental para a população; uma parte da iniciativa privada que não se empenha em tratar resíduos e criar ações para reaproveitamento de materiais na sua linha de produção e o cidadão que desperdiça, não reutiliza, não recicla e ainda joga lixo nas praças, ruas, rios e lagos.

Política Nacional de Resíduos Sólidos para mudar a realidade

Boa parte das esperanças para reverter esse quadro reside na Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), regulamentada em dezembro de 2010 e que estabelece o princípio da responsabilidade compartilhada em relação à destinação dos resíduos. Todos os integrantes da cadeia produtiva sejam eles fabricantes, distribuidores, importadores, comerciantes e até mesmo os consumidores serão responsáveis por todo o processo de ciclo de vida do produto até a disposição final, também conhecido como logística reversa. Nessa conta de responsabilidades também estarão inseridos os serviços de limpeza públicos e de manejo dos resíduos sólidos. A lei prevê ainda o fim dos lixões em todos os municípios brasileiros até 2014.

Diante do aumento da geração de lixo, os desafios propostos pela nova política são enormes e vão requerer esforços dobrados nos próximos anos. Portanto, é preciso também trazer outras questões para a discussão que contribuam para avançar nesse processo.

Cobrar o que é de graça, aumentar o preço do que for muito barato

Um caminho é dar o devido valor ao que hoje é tratado como lixo. Se o poder público garantisse preços convidativos para os materiais hoje menos atrativos, tenho certeza que teríamos mais plásticos, papéis, vidros, isopores, entre outros, sendo recolhidos com eficiência e, consequentemente, voltariam para a cadeia produtiva ao invés de descartados.

Vivemos situações críticas em várias áreas vitais para a sobrevivência humana, a questão da geração do lixo, da contaminação das águas, o desmatamento e o aquecimento global estão entre as principais. Infelizmente, medidas isoladas sejam do poder público, sejam da iniciativa privada e até de cidadãos mais conscientes são louváveis, mas de resultado limitado.

Cobrar por todos esses materiais e embalagens dando valor ao que as pessoas hoje descartam seria uma maneira rápida de mudar a realidade tenebrosa do desperdício, do descarte inconseqüente e da falta de educação.

O melhor, é claro, seria conquistar consciências, mas é óbvio também que os resultados tem sido modestos até mesmo nos países ditos desenvolvidos e educados.

Boa notícia chega do varejo!

Falando em outros países, algo que já foi adotado fora do Brasil vai chegar por aqui nos próximos dias: a cobrança pelas sacolas plásticas!

No próximo dia 9 de maio, um acordo será assinado pela APAS (Associação Paulista de Supermercados) e o Governo do Estado de São Paulo prevendo, inicialmente, uma campanha de 6 meses para a conscientização do consumidor para a importância de usar sacolas retornáveis, caixas ou carrinhos de feira no transporte das compras. Após esse período, ou seja, meados de novembro, as sacolas plásticas tradicionais, que demoram cerca de 100 anos para se decompor, serão substituídas por sacolinhas feitas à base de amido. Essa nova sacola se decompõe no máximo em 180 dias e será vendida pelo preço de custo (R$ 0,20 a unidade).

Essa experiência já foi adotada com sucesso em Jundiaí, cidade de 370 mil habitantes, próxima a Campinas. Hoje apenas 5% dos consumidores acabam por adquirir as sacolinhas biodegradáveis. A maioria esmagadora já se acostumou a nova realidade e, como em outros países, abandonou o uso das sacolas descartáveis.

Quem sabe se com mais ações como essa e um pouquinho mais de consciência, os números do Panorama de Resíduos Sólidos em 2012 não poderão apresentar surpresas mais agradáveis que os deste ano?

*Reinaldo Canto é jornalista, consultor e palestrante. Foi diretor de comunicação do Greenpeace e coordenador de comunicação do Instituto Akatu. É colunista de Carta Capital e colaborador da Envolverde.

Artigo publicado originalmente na coluna Cidadania & Sustentabilidade:
http://www.cartacapital.com.br/sociedade/brasil-perde-de-goleada-para-a-sociedade-do-desperdicio

Blog: cantodasustentabilidade.blogspot.com
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(Envolverde/Carta Capital)

02 maio 2011

GREEN DRINKS

Caros frequentadores do Green Drinks e demais interessados,

Nosso próximo encontro será com Reinaldo Canto, jornalista que já trabalhou em emissoras de rádio, de TV e também atuou como assessor de imprensa em grandes empresas. Especializando-se em sustentabilidade e consumo consciente, Reinaldo foi diretor de Comunicação do Greenpeace, coordenador de comunicação do Instituto Akatu pelo Consumo Consciente, além de correspondente da Envolverde, Carta Capital e mídias ambientais na COP-15 em Copenhague.

Como colunista de Cidadania & Sustentabilidade pela Carta Capital, Reinaldo escreveu recentemente artigos como os polêmicos “Nem direita, nem esquerda, muito pelo contrário” e “Parabéns, São Paulo: 7 milhões de carros” que serão a base de nosso bate-papo e podem ser visualizados em < www.cartacapital.com.br>.

Venha participar!

Local: Ekoa Café - Rua Fradique Coutinho, 914 - Vila Madalena

Data: 05/05/2011 (quinta-feira)

Horário: 19:30 às 22:00