26 novembro 2015

Terrorismo no caminho da COP21

Por Reinaldo Canto* 
Enquanto tiro as roupas de frio do armário e me entrego à tarefa de arrumar as malas para a cobertura da COP 21 em Paris, num determinado momento, a preocupação com as baixas temperaturas da capital francesa dão lugar as terríveis e absurdas notícias sobre os ataques terroristas que vitimaram centenas de inocentes.
Pessoas fazem homenagens às vítimas dos atentados no centro de Paris. Foto: Foto: Vincent Gilardi/ Fotos Públicas
Pessoas fazem homenagens às vítimas dos atentados no centro de Paris. Foto: Foto: Vincent Gilardi/ Fotos Públicas
Entre as muitas incertezas e receios trazidos com esses atentados infames, podemos acrescentar à cesta de maldades dos fanáticos, o desvio no foco tão aguardado de esperanças da implementação de ações concretas no combate às mudanças climáticas.
A conferência está confirmada, mas os chamados sideevents, aqueles paralelos ao evento principal e que ocorreriam em bom número fora do Le Bourget em várias partes da cidade, transformando Paris inteira numa grande celebração climática, já não mais irão acontecer. Se esses crimes não tivessem ocorrido, sem dúvida poderíamos registrar uma grande festa, assim como já havia ocorrido na COP 15/2009 em Copenhague, capital da Dinamarca, quando a cidade toda viveu um clima de celebração e de apoio as boas ações de respeito ao planeta.
Aliás, na ocasião, como agora, existiam muitas expectativas de um bom e efetivo acordo para reduzir o aquecimento global. Mas infelizmente, nós jornalistas presentes ao encontro não pudemos levar ao mundo as boas notícias da assinatura desses compromissos. Naquela época, como agora, para lá se dirigiram todos os líderes mundiais. Havia o consenso dos perigos quanto aos efeitos danosos do aumento na temperatura da Terra. Faltou quem assumisse as contas e responsabilidades. No fim, todos nós voltamos de lá, praticamente de mãos vazias.
De 2009 pra cá, as coisas só pioraram e se antes até existiamalguns céticos quanto àrelevância da ação humana para as mudanças climáticas, a potencialização de suas consequências, só aumentou as certezas quanto aos perigos crescentes se mantivermos essa passividade.
Diferentemente de Copenhague eis que para esta COP parisiense os fatos são outros, a China e os EUA se comprometeram com a redução de suas emissões de gases de efeito estufa; o Papa Francisco deu um pito em toda a humanidade lançando a encíclica papal Laudato Sie afirmando que precisamos cuidar melhor da nossa casa e dos seres que nela habitam; lideranças muçulmanas também se manifestarampor ações efetivas na luta contra o aquecimento global e quase todos os países apresentaram as suasINDCs (IntendedNationallyDeterminedContributions), sigla em inglês para os compromissos que estabelecem metas a serem cumpridas até 2030.
O Brasil também apresentou uma elogiada INDC se comprometendo a reduzir suas emissões em 37% até 2025 e 43% até 2030, tendo como base os níveis de emissão de 2005.
Mesmo com os atentados, as mais importantes lideranças mundiais já confirmaram presença e as expectativas são de que teremos um acordo global melhor e mais abrangente para o já superado e desmoralizado Protocolo de Kyoto.
Nesse momento, devemos renovar nossas esperanças e,ao mesmo tempo que nos solidarizamos com os franceses, não podemos ceder ao medo e a tristeza, é preciso colocar o foco nessa fundamental conferência que poderá contribuir para iniciarmos um processo de verdadeiro desenvolvimento sustentável, com respeito ao meio ambiente e de erradicação da pobreza. (#Envolverde)
Reinaldo Canto é jornalista especializado em Sustentabilidade e Consumo Consciente e pós-graduado em Inteligência Empresarial e Gestão do Conhecimento. Passou pelas principais emissoras de televisão e rádio do País. Foi diretor de comunicação do Greenpeace Brasil, coordenador de comunicação do Instituto Akatu pelo Consumo Consciente e colaborador do Instituto Ethos. Atualmente é colaborador e parceiro da Envolverde, colunista de Carta Capital e assessor de imprensa e consultor da ONG Iniciativa Verde.

19 novembro 2015

Mariana: Essa não é uma tragédia ambiental

O que aconteceu em Mariana é uma catástrofe para as vítimas, para a região, para o país e para o mundo. É uma tragédia e ponto
Por Reinaldo Canto*
Antonio Cruz/ Agência Brasil
Mariana (MG)
O distrito de Bento Rodrigues, na zona rural de Mariana (MG), foi completamente encoberto por lama após o rompimento da barragem



rompimento das barragens de rejeitos de mineração da Samarco, em Mariana (MG), é mais um entre muitos exemplos do desleixo e da falta de responsabilidade que congrega e une todos os setores direta e indiretamente envolvidos com a fiscalização e o licenciamento ambiental no Brasil.
A destruição ainda está longe de conseguir ser devidamente contabilizada, pois o movimento da onda de rejeitos continua a se espalhar, sepultando em seu caminho rios, plantas, animais, cidades e pessoas. As próprias autoridades já decretaram a morte de Bento Rodrigues, pois o distrito de Mariana não deverá ser uma localidade habitável tão cedo. Faltam ainda também descobrir os danos que serão causados na passagem dessa lama pelo estado do Espírito Santo.
A multa de 250 milhões de reais aplicada recentemente pelo governo federal à Samarco representa apenas um pequeno paliativo quando o que deveria ter sido feito é trabalhar a prevenção, evitando o caos. Atividades suspensas, novas multas e até mesmo o encerramento dos trabalhos realizados nessa planta mineradora são esperados, mas nem de longe vão compensar o absurdo desse acontecimento.
Para piorar, o Congresso, que deveria estar atuando para impedir casos semelhantes, está a discutir o afrouxamento das leis que tratam exatamente dos riscos ambientais de grandes obras.
Em recente artigo, Mauricio Guetta, advogado e assessor do Programa de Política e Direito Socioambiental do Instituto Socioambiental (ISA), apontou que entre outros, tramita um projeto de Lei, o de número 654/2015, do senador Romero Jucá (PMDB-RR), criando um “diminuto rito de licenciamento ambiental” para os empreendimentos de infraestrutura “estratégicos para o interesse nacional”, tais como, rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos e de energia ou quaisquer outros destinados à exploração de recursos naturais.
Para o advogado do ISA, isso significa que “as obras com maior potencial de causar significativos danos socioambientais seriam justamente às que seriam contempladas com menores controles e prevenção”.
Poderia e deveria ser uma brincadeira de mau gosto, mas não é. Até porque historicamente, quaisquer medidas compensatórias ou preventivas sempre foram consideradas empecilhos ao desenvolvimento. Mesmo que a realidade se imponha, a ganância ainda consegue prevalecer em detrimento do futuro.
O circo de horrores provocado pela lama da Samarco está longe de cumprir seu roteiro destruidor. Mas, pelo que podemos vislumbrar ao cessar esse espetáculo nefasto, nossas autoridades certamente irão nos contemplar com novos capítulos. Empenho não deverá faltar.
O que poderíamos tentar, ao menos, é usar as expressões mais próximas da realidade, como por exemplo, substituindo licenciamento ambiental, simplesmente por “licenciamento responsável e sustentável para o futuro de todos” e nomear corretamente uma tragédia como tal e não como ambiental.
Para muitos, a tragédia ambiental ainda soa como algo distante da vida das pessoas, o que demonstra cabalmente a sua inverdade no caso da Samarco. Tragédias que matam pessoas, destroem casas, sepultam rios e consomem florestas são tragédias, simples e tragicamente assim.
*Publicado originalmente na Envolverde e na Carta Capital

Tecnologia e sustentabilidade: Interaxa agora é Carbon Free



O setor de tecnologia tem um importante papel na busca pelo desenvolvimento sustentável. Empresas como a Interaxa, especializadas em obter as melhores e mais eficientes tecnologias para seus clientes, enxergou na compensação de suas próprias emissões de gases de Efeito Estufa (GEEs) uma oportunidade para agir de maneira a reduzir o impacto ambiental de suas atividades.
O inventário das emissões da Interaxa realizado pela Iniciativa Verde resultou na necessidade do plantio de 477 árvores para compensar 75,49 tCO2e (toneladas de carbono equivalente). O que corresponde a uma área de quase três mil metros quadrados.

Segundo a Gerente de Governança da Interaxa, Josimery Pires, a empresa tem feito vários esforços para reduzir seus impactos. “Inicialmente, começamos a nos preocupar com os equipamentos como aparelhos de celular, notebooks e baterias que se tornaram obsoletos. Com isso, questionou-se: o que fazer com esses equipamentos? Então, procuramos empresas que fizessem o descarte adequado desses materiais. Depois, pensamos em adotar práticas simples como, por exemplo, a redução de controle de gastos de energia, papel, água e copos descartáveis”.
Depois dessas ações, a empresa decidiu avançar ainda mais. “A partir daí, a organização se sensibilizou no aspecto de melhores práticas sustentáveis em sua organização. Na medida em que almejamos ser a melhor empresa de soluções end-to-end para ContactCenter na América Latina e como temos uma grande preocupação com o respeito e valorização das pessoas, decidimos ser ainda mais engajados em melhores práticas em termos sustentáveis e em responsabilidade social”, afirmou Josimery.

Mas como nem tudo pode ser compensado pela própria empresa, a Interaxa optou pelo trabalho da Iniciativa Verde. “Nossa sede está hoje alocada num edifício que não dispõe de coleta seletiva de materiais, então, pensamos de que forma compensar isso? Pesquisando descobrimos o projeto da Iniciativa Verde que se propõe a realizar um trabalho adequado para compensação de carbono“, concluiu a gerente de Governança, Josimery Pires.
Para Lucas Pereira, diretor da Iniciativa Verde responsável pela emissão do selo Carbon Free, a participação de empresas de tecnologia no mercado voluntário de compensações é fundamental: “Este setor é fundamental, pois mostra que não só indústrias de transformação – historicamente grandes emissoras – têm responsabilidade sobre a mudança climática. A Interaxa tem conhecimento de seus impactos e procurou uma forma efetiva de contribuir para recuperação da Mata Atlântica e de todos os serviços ambientais prestados por esse bioma. Só vamos recuperá-lo com a participação do setor privado”.
Mais informações sobre a Interaxa: www.interaxa.com.br
Sobre a Iniciativa Verde
A Iniciativa Verde é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) que tem como missão contribuir para a construção de um novo tempo baseado em uma economia de baixo carbono e na redução dos impactos ambientais causados pelas atividades humanas.
A instituição acredita na busca por novas alternativas de desenvolvimento e oferece uma gama de projetos relacionados ao combate às mudanças climáticas, recuperação ambiental, conservação da biodiversidade e recomposição florestal.

11 novembro 2015

Envolverde presente na COP21


Paris sediará em dezembro deste ano 21ª Conferência das Partes (COP 21) da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. Foto: Shutterstock
Paris sediará em dezembro deste ano 21ª Conferência das Partes (COP 21) da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. Foto: Shutterstock
Paris será palco em dezembro da mais importante conferência sobre mudanças climáticas dos últimos tempos e a Envolverde estará presente com dois jornalistas, Ana Carolina Amaral e Reinaldo Canto.
A Conferência Quadro das Nações Unidas para Mudanças Climáticas será realizada nas duas primeiras semanas e dela deverão participar as mais importantes lideranças do planeta, sejam elas, políticas, empresariais, científicas e representativas da sociedade civil.
Notícias diárias estarão à disposição dos leitores da Envolverde sobre os avanços das discussões, as principais conclusões e tudo o que cerca os bastidores e os eventos paralelos que buscam trazer novas luzes e soluções para o futuro da humanidade.
Textos, fotos, vídeos e podcasts estarão sendo produzidos a todo momento!!
Acompanhe, prestigie e interaja com nossos jornalistas!!
Ana Carolina Amaral
É jornalista formada pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) e mestra em Ciência Holística pelo Schumacher College (UK), onde criou uma proposta holística para a apuração jornalística. Criadora da página Mulher e Sustentabilidade, cujas reportagens buscam ligar os pontos entre participação feminina e modelos de desenvolvimento; já colaborou para veículos como Envolverde, Mercado Ético, Tempo de Mulher, Carta Capital, Superinteressante e Globo News. Na emissora pública TV Brasil, cobriu conferências internacionais como a Rio+20, foi produtora e repórter de telejornais diários e também do especial Caminhos da Reportagem, no qual integrou produções premiadas diversas vezes, incluindo uma menção honrosa do prêmio Vladimir Herzog em 2012. Atuante em movimentos socioambientais há 15 anos, escreveu cartilhas educativas e colaborou para ONGs como Vidágua, ISA e SOS Mata Atântica. Também formulou artigos e posicionamentos que experimentam a visão holística no campo político, em assessoria para a campanha eleitoral do Partido Verde de Bauru em 2010 e, em São Paulo, na coordenação da Comunicação do mandato do vereador Ricardo Young (PPS). Desde 2011 é moderadora da Rede Brasileira de Jornalismo Ambiental.
Reinaldo Canto        
Jornalista há 35 anos formado pela Cásper Líbero; pós-graduado em Inteligência Empresarial e Gestão do Conhecimento; trabalhou nas principais emissoras de televisão e rádio do país (Globo, Record, Cultura, Gazeta, Bandeirantes) e grandes empresas na área de comunicação (Banespa, Cosesp);
Nos últimos 13 anos têm atuado na área da sustentabilidade, cidadania e meio ambiente; foi diretor de comunicação do Greenpeace Brasil; coordenador de comunicação do Instituto Akatu pelo Consumo Consciente e assessor de imprensa do Instituto Ethos; foi também correspondente da Carta Capital, da Envolverde e diversas mídias ambientais, na COP-15 em Copenhague/2009 e na Conferência Rio+20, na cidade do Rio de Janeiro/2012.
Foi finalista do Prêmio Allianz de Jornalismo Ambiental com a matéria publicada na coluna on line no site da Carta Capital com o título: “Parabéns São Paulo, chegamos a 7 milhões de carros”.
É membro de diversos movimentos ambientais, entre eles, Observatório do Código Florestal; Rede de ONGs da Mata Atlântica; Aliança pela Água; GWP – Global Water Partnership; Rede Brasileira de Jornalistas Ambientais; Observatório do Clima, entre outros.
Atualmente é colunista da Carta Capital; parceiro em projetos e conteúdos da Envolverde; professor da FAPPES nas matérias Gestão Ambiental e Sustentabilidade & Consumo Consciente; consultor e assessor de imprensa da ONG Iniciativa Verde; comentarista da Rede Vida; palestrante e consultor da área ambiental; roteirista e escritor em temas da sustentabilidade.
(#Envolverde)

03 novembro 2015

Iniciativa Verde recebe certificado de participação no Programa Nascentes

30/10/2015

O reconhecimento pelo trabalho exercido só fortalece os propósitos e os caminhos trilhados pela organização. Terça-feira (27), durante a 1ª Oficina do Programa Nascentes, a Iniciativa Verde recebeu pelas mãos da Secretária do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, Patrícia Iglecias, o certificado de participação no Programa Nascentes – que busca auxiliar a recuperação de florestas em volta de rios e nascentes por meio de diferentes iniciativas e financiamentos. Umas delas é a possibilidade de conversão de obrigações assumidas por empresas em processos de licenciamento ambiental para financiar projetos de recuperação florestal.

Segundo a Secretaria do Meio Ambiente, mais de trezentas pessoas compareceram ao evento. Onde os organizadores do programa e os participantes, empresas e organizações da sociedade civil, palestraram sobre como participar relatando experiências, dificuldades e expondo propostas de aperfeiçoamento. Roberto Resende, presidente da Iniciativa Verde, por exemplo, expôs falou sobre a contribuição das florestas para serviços ambientais, como a água e a fixação de carbono, mitigando as mudanças climáticas. Um ponto em destaque é a necessidade de maior transparência quanto às obrigações assumidas em processos de licenciamento, que podem constituir um meio importante para financiar a recuperação florestal. Foi reforçada também a importância de se ampliar a comunicação do Programa Nascentes, que em sua essência depende do envolvimento dos diversos setores da sociedade.

Ele também expôs o interesse dos pequenos proprietários rurais em participar do programa. Em Joanópolis, interior de São Paulo e município localizado dentro do Sistema Cantareira, mais de 20 proprietários se cadastraram para recuperar a floresta. “Os agricultores estão ansiosos. Toda vez que vamos à cidade eles perguntam quando será a vez deles de recompor as suas nascentes”, contou Resende.

Em Joanópolis, quatro hectares de Mata Atlântica foram plantados na propriedade do casal Dona Osmarina e Seu Acácio que também receberam certificado durante o evento. A Move, responsável pela Linha 6 do Metrô de São Paulo, financiadora desse plantio para compensar parte dos impactos de suas obras na capital, tiveram o seu certificado.

Por enquanto, a Iniciativa Verde tem projetos aprovados na Prateleira de Projetos do Programa Nascentes que somam mais de 16 hectares disponíveis para plantio. Além destes, ainda estão em fase de cadastramento mais dezenas de hectares. 

Para mais informações sobre o programa: http://www.ambiente.sp.gov.br/programanascentes.
Foto: Secretaria do Meio Ambiente (SMA)