01 dezembro 2016

COP 22: a insustentável leveza de Blairo Maggi em Marrakech

Por Reinaldo Canto, direto de Marrakech, especial para a Envolverde e Projeto Cásper Líbero na COP 22
Ministro da Agricultura é protagonista de reclamações, elogios, contestações e comparações no mínimo polêmicas.
Nesta segunda e última semana da COP 22 teve início o chamado Segmento de Alto Nível. Nesta fase, a chefia da delegação brasileira está a cargo do Ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, mas quem tem agitado a participação do Brasil é o nosso Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi.
Em suas intervenções, sejam elas para o público brasileiro ou em painéis com representantes estrangeiros, Maggi, tem sido bastante veemente em defender o agronegócio brasileiro e discordar de posicionamentos caros aos ambientalistas.

Apesar de reconhecer as mudanças climáticas como algo “comprovado cientificamente e um grande risco para a produção de alimentos no país” e sentir na pele, como proprietário rural, “estão quebrando safras como eu nunca vi antes” e refletir sobre o futuro “como meus filhos e netos vão fazer agricultura nesse clima?” Maggi não deixa de contestar as reservas legais definidas no Código Florestal e cujo seu Ministério é um dos principais guardiões, “imagine um hotel que tenha 100 quartos, mas que só possa comercializar 20 unidades. As outras 80 ele tem que manter fechadas”, fazendo menção às propriedades rurais existentes no bioma amazônico que precisam manter 80% de suas áreas preservadas. O ministro só não explicou porque uma lei como essa seria válida para um hotel. Quais razões haveria para uma interdição absolutamente sem nexo? Já a definição das regras para as reservas legais foi exaustivamente debatida no Congresso Nacional e faz todo o sentido no contexto ambiental.
O ministro tem reclamado do posicionamento dos países ricos quanto à falta de reconhecimento dos esforços brasileiros para conservar áreas florestais e, portanto, contribuindo para evitar a emissão de gases de efeito estufa. Segundo ele, “outros grandes produtores de alimentos como Estados Unidos, Argentina e Canadá não possuem reservas legais como nós, mas isso não nos trás vantagens”. Nesse caso, Maggi considera um problema assumirmos esse “ônus”, enquanto outros países não o fazem e desconsidera os serviços ambientais prestados pelas florestas, inclusive, para a produção de alimentos.
Outra polêmica de Maggi foi causada quando ele contestou o número de ativistas ambientais assassinados. O país lidera o ranking, segundo a ONG Global Witness, com 50 assassinatos. Para o ministro, esses números não refletem a realidade, pois muitas dessas mortes foram causadas por conflitos que nada tem a ver com ativismo ou disputa por terras, “quando se vai fundo nas investigações, descobre-se que as razões das mortes foram outras”.
Mesmo representando o governo que recentemente ratificou o Acordo de Paris (assinado pelo Presidente Michel Temer) Blairo Maggi se mostra preocupado com o que o Brasil se comprometeu, “de onde virão os 40 bilhões de dólares que deverão custar a restauração de 12 milhões de hectares e a recuperação de 15 milhões de hectares de pastagens?”. Aliás, nesse caso, ele é acompanhado pelos ambientalistas que também tem dúvidas quanto à origem dos recursos para uma demanda dessa proporção.
Para não parecer um estranho no ninho ao fazer questionamentos às ações previstas para o combate às mudanças climáticas no Brasil e no mundo em plena conferência do clima, nosso ministro estende as mãos aos ambientalistas, cuja ação ele faz questão de elogiar, “produtores e ambientalistas agora andam juntos”.
Então, estamos todos no mesmo barco. Entendido? (#Envolverde)

17 novembro 2016

COP 22: Cada vez mais quente, ainda restam dúvidas?

Por Reinaldo Canto para a Envolverde e projeto Cásper Líbero na COP 22
Ainda não é oficial, mas segundo anúncio da Organização Meteorológica Mundial* especialmente para a COP 22, tudo leva a crer que este ano vai superar o recorde anterior que foi de… 2015. Se no ano passado todos os registros históricos foram ultrapassados, agora temos novos índices ainda mais sufocantes.
Esse levantamento preliminar apontou que as temperaturas globais deste ano estão aproximadamente 1,2°Celsius acima comparados aos registrados nos níveis pré-industriais.
A OMM informou que, de janeiro a setembro, foram apurados aumentos de 0,88°Celsius acima da média de 14°C (referência usada pela organização que vai de 1961 a 1990). 
Para os céticos que ainda resistem a aceitar os fatos sobre o aquecimento progressivo do planeta, a Organização Meteorológica Mundial afirma que ao se tornarem oficiais os números deste ano, 16 das 17 temperaturas mais altas registradas na história, ocorreram neste século. O outro ano mais quente foi 1998.
“Mais um ano, mais um recorde. As altas temperaturas que vimos em 2015 estão a caminho de serem ultrapassadas em 2016”, alertou o Secretário-Geral da OMM Petteri Taalas durante a apresentação do relatório ainda preliminar.
Entre os fatores apontados como determinantes para essas altas temperaturas estão o efeito do El Niño entre 2015 e 2016; as concentrações cada vez mais altas dos gases de efeito estufa na atmosfera e todas as suas nefastas consequências para o meio ambiente e, claro, para a vida de

“Por conta das mudanças climáticas, aumentou a ocorrência de eventos climáticos extremos. No intervalo de uma geração, ondas de calor e inundações estão se tornando mais regulares. A elevação do nível do mar aumentou a exposição a tempestades associadas a ciclones tropicais” afirmou Taalas.
todos os habitantes do planeta, humanos e não humanos. A redução das camadas de gelo no Ártico e na Groenlândia; o branqueamento dos corais; a elevação do nível do mar e o agravamento dos fenômenos climáticos extremos que tanta dor e destruição vem causando planeta afora, como foi o caso do Furacão Matthew que atingiu principalmente o Haiti e foi a pior crise humanitária no país desde o terremoto de 2010.
Para o secretário-executivo da OMM, antecipar as informações para a reflexão dos negociadores presentes à COP 22 aqui em Marrakech é uma oportunidade de aprofundar as decisões e o grau de conscientização para a urgência de ações efetivas no combate às mudanças climáticas.
“O Acordo de Paris entrou em vigor em tempo recorde e com compromisso recorde global. A OMM apoiará a transição do Acordo de Paris em direção a ações concretas” completou ele.
A declaração final da Organização Meteorológica Mundial será publicada no começo do próximo ano, já com todos os dados de 2016 consolidados. (Projeto COP22 Casper líbero/#Envolverde)
*A Organização Meteorológica Mundial é a voz das Nações Unidas para o tempo, o clima e a água. public.wmo.int 

10 novembro 2016

COP 22: O furacão Trump

Por Reinaldo Canto, de Marrakech, especial para a Envolverde –

A aversão à política tradicional atinge seu auge, repercute em Marrakech e ameaça conquistas do Acordo de Paris
O choque foi grande entre as delegações dos países presentes à Conferência do Clima no Marrocos, quase sem manifestações oficiais, praticamente todos tem demonstrado muita preocupação com o futuro do Acordo de Paris.

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Donald Trump, presidente eleito dos Estados Unidos

Ainda é cedo para saber o quanto a presidência de Trump irá alterar o que foi conquistado até agora, mas para Carlos Rittl, secretário-executivo do Observatório do Clima, independente do que ele irá fazer, o mundo não está a mercê dos Estados Unidos, “a agenda climática deixou de depender de apenas um país, como no passado. O Acordo de Paris já tem 102 ratificações, além da americana, e esses países não vão esperar pelos EUA para agir, porque isso é interesse deles. Uma economia inteira baseada em energias renováveis está em movimento no mundo, e representa uma fatia crescente do PIB e da geração de empregos nos próprios EUA. As convicções pessoais de Trump terão, em alguma medida, de se enquadrar a essa realidade.”
Uma forte declaração em forma de apelo, foi dada pela Presidente Hilda Heine, das Ilhas Marshall, pequeno país da Oceania com apenas 52 mil habitantes. Segundo ela, Trump tem sido a fonte de muita discussão sobre as mudanças climáticas, mas passada a campanha as coisas podem mudar de tom. “Espero que ele perceba que a mudança climática é uma ameaça para o seu povo e para países inteiros que partilham mares com os EUA, incluindo o meu próprio. O Acordo de Paris sobre as alterações climáticas tornou-se lei tão rapidamente porque há um interesse nacional significativo para cada país na busca de uma ação climática agressiva.  Para nós isso significa sobreviver e prosperar”.
Difícil imaginar que Trump vai estar preocupado com as questões globais, mas será que ele deverá mudar o que está indo no bom caminho? Para Christiana Figueres,  ex-secretária-executiva das Nações Unidas para as Mudanças Climáticas, responsável pela condução do Acordo de Paris no ano passado, “muito além da  política nacional, a modernização do sistema energético e da infraestrutura básica é boa para a economia americana, para o emprego e para o crescimento”.
Uma reflexão no mesmo caminho foi a levantada por Tina Johnson, Diretora de Política, da Rede de Ação Climática dos EUA. “O presidente eleito tem a oportunidade de catalisar mais ações sobre o clima que enviem um sinal claro para os investidores e manter a transição para uma economia renovável. China, Índia e outros concorrentes econômicos estão competindo para serem as superpotências em energia limpa global e os EUA não querem ser deixados para trás.”
O mundo amanheceu em choque e deverá agora se acostumar com a dura realidade da nova presidência americana. Mas nada fácil também será a vida de Trump diante de tantos desafios. Isso deixou bem claro, Annaka Peterson, Oficial de Programa Sênior, Oxfam América, “O mundo não vai esperar pelos EUA, nem o clima. Este ano, os impactos da mudança climática custaram aos EUA centenas de bilhões de dólares e colocaram 40 milhões de pessoas em risco de fome somente na África do Sul. O próximo presidente precisa trabalhar com o Congresso para avançar mais rápido para reduzir as emissões e proteger os direitos de homens e mulheres na linha de frente da crise climática.”
Donald Trump, seja bem-vindo ao cenário das mudanças climáticas, esse é o mundo que você irá encontrar!!  (#Envolverde)

COP 22: Espaço Brasil é inaugurado em Marrakesh

Por Reinaldo Canto –de Marrakech especial para a Envolverde e para o projeto Cásper na COP 22 –

Negociador-chefe da delegação afirma que agora o desafio é regulamentar Acordo de Paris e disponibilizar os 100 bilhões de dólares para os países em desenvolvimento 

Nesta tarde de terça-feira, 08/11 foi inaugurado o Espaço Brasil no Bab Ighli Village, palco da COP 22 em Marrakech. A cerimônia, se é que podemos chamar assim, foi bastante simples e informal. Para a abertura do local falaram o embaixador José Antônio Marcondes de Carvalho, negociador-chefe da delegação brasileira e o diretor de Mudanças Climáticas do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Adriano Santhiago.

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José Antônio Marcondes de Carvalho, negociador-chefe da delegação brasileira

Para o pequeno número de brasileiros presentes e, aparentemente, sem visitantes estrangeiros, a conversa se deu no nosso bom português e ambos ressaltaram que , diferentemente dos anos anteriores em que o Brasil se apresentou na COP com salas minúsculas apenas para reuniões, o novo espaço servirá para uma série de apresentações, encontros e debates da sociedade civil, iniciativa privada e academia.
Após a abertura do local, o embaixador Marcondes falou com a Envolverde sobre as expectativas desta conferência. Para ele, será preciso capitalizar o que foi estabelecido em Paris. “Temos um bom problema”, fazendo referência ao tempo recorde em que o acordo foi ratificado. “Agora é o momento de regulamentar a lei para que tenhamos condições de aprofundar as decisões em seus detalhes sobre a mitigação, adaptação e clareza nos meios de implementação”, disse Marcondes. Nesse sentido, o embaixador fez referência direta sobre em que termos será feito o repasse dos recursos na casa dos US$ 100 bilhões até 2020 para os países em desenvolvimento e a transferência de tecnologias a que eles terão acesso para a redução de suas respectivas emissões, entre elas, a transição dos combustíveis fósseis para o uso de energias renováveis, a implantação de sistemas de transporte mais eficientes e novas práticas agrícolas.
Marcondes também confirmou que em 16/11 aqui em Marrakesh, o governo brasileiro irá lançar a Plataforma do Biofuturo, em parceria com outros países, para a utilização de biocombustíveis baseado em álcool de segunda geração desenvolvido no país (aproveitamento da biomassa de cana-de-açucar), em setores como o de transporte e indústria química.

COP22: Conferência do clima inicia com expectativas e dúvidas

Por Reinaldo Canto – De Marrakech especial para a Envolverde e para o projeto Cásper na COP 22 – 
O que esperar dessas duas semanas de discussões no Marrocos durante a realização da COP 22? E o carvão no Brasil, como é que fica?
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Reinaldo Canto
Plagiando os treinadores de futebol que possuem grandes jogadores para compor seu elenco, a COP 22 tem um bom problema para resolver. Afinal, assim como ter vários craques no time representa um bom desafio, mas nada significa em princípio, pois, “nome não ganha jogo”, a Conferência das Partes das Nações Unidas em sua Vigésima Segunda Edição, também começa com um bom e inesperado “problema”, pois não se imaginava que, após a COP 21 de Paris, o acordo mundial climático fosse assinado em tempo recorde e entrado em vigor antes desta nova edição.
Pois bem, assim como um time repleto de craques não é garantia de títulos, mas uma boa perspectiva, a assinatura rápida e o compromisso de cerca de 100 nações, também representa uma esperança, mas longe de significar que os problemas climáticos já estão sendo solucionados a contento.
Na abertura oficial, a ministra do Meio Ambiente francês Segolene Royal passou oficialmente o bastão da presidência da COP para o marroquino Salaheddine Mezouar aqui em Marrakech.
Segolene pode dizer que cumpriu o seu papel e mostrou otimismo em sua manifestação ao afirmar, “todos juntos tornamos possível o que se acreditava impossível”. Agora teremos de esperar para saber se o marroquino poderá dizer o mesmo ou algo ao menos parecido.
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Se a ministra francesa chamou o Acordo de Paris de algo próximo do impossível, o que diria ela deste momento em que os países deverão fazer agora para tirar o acordo do papel e colocar em prática os compromissos diversos assumidos por eles de reduzir suas emissões de gases de efeito estufa?
Como já diria um velho ditado, “papel aceita tudo” e, na verdade, a mais importante lição de casa começa agora e, certamente, ultrapassará em muito as duas semanas de duração da COP que deverá se encerrar no dia 18/11, daqui, portanto, a 14 dias. Obstáculos e enormes desafios, certamente, estão no caminho de todos esses países, praticamente sem exceções.
Enquanto isso no Brasil
Para os especialistas e ambientalistas brasileiros que já se encontram no Marrocos a expectativa é grande para conhecer melhor o posicionamento do novo governo de Michel Temer quanto ao que vinha sendo discutido e negociado exaustivamente antes dele chegar ao poder. E uma sinalização importante não deverá ser dada no espaço Brasil em Marrakech, mas no próprio Palácio do Planalto onde Temer irá receber o projeto de lei aprovado no Congresso Nacional e que concede subsídios à produção de carvão. Como se sabe esse é um dos fósseis mais importantes para agravar o fenômeno do efeito estufa e, portanto, grande contribuinte do aquecimento global.
Se Temer sancionar a lei como chegou a ele, criará um fato bastante negativo sobre os compromissos do Brasil no enfrentamento às mudanças climáticas e quase tornará letra morta, a assinatura que deu anteriormente aderindo ao Acordo de Paris.
Caso vete essa proposta, o presidente vai ajudar o trabalho dos negociadores brasileiros presentes à COP 22 que terão de dar menos explicações aos seus pares estrangeiros sobre a responsabilidade de nosso país nessa questão tão séria e delicada.
Afinal, não é possível passarem despercebidos os representantes do país com a maior floresta tropical do mundo. Queiramos ou não, o clima nos interessa e ao mundo interessa o que o Brasil pretende fazer, de verdade, para o enfrentamento das mudanças climáticas.
Novidades virão nos próximos capítulos da Conferência do Clima.
Vamos torcer e aguardar! (Envolverde e projeto Cásper na COP 22)

04 novembro 2016

ENVOLVERDE E CÁSPER LÍBERO JUNTAS NA COBERTURA DA COP 22 NO MARROCOS







Hoje é uma data histórica em que entra em vigor o chamado Acordo de Paris!!

Transcorreram-se apenas 11 meses desde a Conferência do Clima (COP 21) realizada na França no ano passado, verdadeiro recorde tendo em vista o envolvimento de tantos países para essa tomada de decisão. 
O objetivo do acordo é limitar o o aumento na temperatura do planeta em 1,5º. Um desafio e tanto que irá exigir de todas as nações um enorme empenho para tornar essa meta uma realidade. 
Muito desse trabalho será discutido na COP 22 (Marrakech, Marrocos) que terá início na próxima segunda-feira, dia 07/11. E lá estaremos pela Envolverde e com um pool de veículos coordenados pela Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero. 
Mais de 40 pessoas vão participar desse grande esforço de cobertura, sendo ao menos 32 estudantes de comunicação. 
Parabéns a Roberto Chiachiri e Cilene Victor por essa extraordinária iniciativa!!
Particularmente me sinto muito motivado e, porque não dizer, bastante emocionado por fazer parte dessa parceria com a Cásper Líbero, não só por ser uma das mais tradicionais e importantes faculdades de comunicação do país, mas também por ser ex-aluno e ex-professor da Cásper.
Será um grande privilégio contar com o apoio de alguns desses jovens que farão parte da equipe da Envolverde junto comigo.
Desejo a todos nós duas semanas de um excelente trabalho e de ótimas notícias para o Planeta!!"

31 outubro 2016

Os riscos da poluição e do aquecimento global para a saúde

A maioria das cidades do mundo convive com ar maléfico. No Brasil, São Paulo tem índices acima da recomendado

Por Reinaldo Canto
Suicup/WikiCommons
Nascer do Sol em Shangai
Sol nasce em Shangai. China está entre os países cujas cidades têm alta poluição do ar
Vivemos tempos interessantes, para dizer o mínimo. A falta de bom senso leva o mundo, nossas lideranças e mesmo as pessoas comuns a agir de maneira irracional e até mesmo contrária aos seus próprios interesses.
Estão aí o Brexit, a rejeição ao acordo de pazcolombiano, a indicação do bufão Donald Trump como candidato à presidência dos Estados Unidos e as atrocidades da guerra na Síria. Isso para ficarmos apenas em alguns exemplos recentes e mais emblemáticos.
Nessa equação entram também as poucas vozes que ainda insistem em considerar o aquecimento global e as mudanças climáticas como uma ficção ou até mesmo como algo verdadeiro, mas sem importância.
Claro que agora só os muito insanos ou com grandes interesses econômicos é que ainda se manifestam contrariamente aos ululantes indicadores de que o planeta está cada vez mais quente.
Felizmente para nós, a ratificação do Acordo de Paris ocorreu em tempo recorde. Agora os países, entre eles os maiores emissores de gases de efeito estufa no mundo, começam a colocar em prática seus planos de reduzir sua contribuição para as mudanças climáticas.
E, se ainda faltava entender melhor os perigos associados ao uso intensivo de combustíveis fósseis, à destruição do meio ambiente e ao crescimento desordenado, um novo e poderoso argumento surgiu em um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS).
O estudo constatou que cerca de 92% da população mundial vivem em áreas com qualidade do ar inferior aos padrões recomendados.
Para chegar a essa conclusão, a OMS, órgão das Nações Unidas, em parceria com a Universidade Bath, do Reino Unido, utilizou uma tecnologia que obtêm dados por meio de sensores bastante sensíveis de monitoramento terrestre e de movimentação do ar instalados em satélites.
E, lá de cima, foi possível constatar que as áreas mais atingidas pela poluição, com volume de partículas finas em suspensão maior que os estabelecidos como seguros, estão cidades do Oriente Médio, outras localizadas no sul e sudeste da Ásia, incluindo aí China e Índia, os dois países com maior população do mundo e também cidades do centro e norte da África.
O Brasil não escapa dessa poluição, mas apresenta um ar de qualidade mais razoável. De qualquer maneira, se as cidades litorâneas do Nordeste e mesmo a capital Brasília apresentam baixos índices de partículas suspensas no ar. Já São Paulo e grande parte do estado do Mato Grosso registram poluição atmosférica mais alta que o recomendado pela OMS.
Entre as principais razões para o agravamento dessa poluição estão as atividades industriais: a queima de carvão e madeira, os sistemas de transporte antiquados e ineficientes e a incineração de lixo.

Das soluções apresentadas pela Organização Mundial da Saúde para começar a reverter esse quadro, muitas mantem uma relação direta com o combate às mudanças climáticas e ao aquecimento global. 

Entre elas, investimento em energias renováveis, o incentivo ao transporte público eficiente e menos poluente, a redução das atividades industriais e a gestão eficiente dos resíduos sólidos.

Uma coisa está ligada invariavelmente a outra. Poluição e aquecimento global atuam em consonância para provocar danos irreparáveis à saúde das pessoas.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, a poluição é responsável, por uma a cada nove mortes no planeta. São 36% das mortes por câncer de pulmão, 34% por AVC. A poluição ainda contribui para 27% dos ataques cardíacos fatais.
Podemos acrescentar que, além de contribuir para a redução da sensação térmica, cidades com áreas verdes também ajudam a combater a poluição, entre outros inestimáveis benefícios.

A cada dia recebemos, mais e mais, informações que revelam que, quanto mais longe de um mundo mais sustentável, justo e equilibrado, mais distante também estaremos de uma vida plena e saudável.