16 fevereiro 2012

Divulgue também a campanha em apoio a Lúcio Flávio Pinto

Blogueiros, jornalistas e interessados em colaborar com a produção de conteúdo sobre Lúcio Flávio Pinto para esse espaço podem escrever para somostodoslucioflaviopinto@gmail.com.

Com esse espírito colaborativo, a ideia é criar uma rede de produção de textos de divulgação sobre a perseguição ao jornalista e os manifestos produzidos em favor dele pela sociedade civil. Também é possível contribuir por meio da sugestão de links com notícias sobre o caso e a divulgação das formas de apoiá-lo.

E lembre-se: são muito importantes nesse momento as doações e iniciativas destinadas a angariar fundos para o pagamento da indenização à família do empresário Cecílio do Rego Almeida, responsável por um grave esquema de apropriação ilegal de terras públicas e “ofendido moralmente” por ser chamado de “pirata fundiário”

Os dados para o depósito e outras formas de atuação estão disponíveis na seção Participe também.

Veja mais informações sobre o caso em Dizem por aí.

09 fevereiro 2012

A CIDADE, AS PESSOAS E AS CHUVAS DE VERÃO

Por Reinaldo Canto*


Foi um mês de janeiro chuvoso. E como choveu! Os dias totalmente ensolarados puderam ser contados nos dedos em boa parte do território nacional. Como tem sido de praxe, as notícias sobre enchentes e deslizamentos foram acompanhadas das já tradicionais alegações mais do que batidas:

- As águas do rio invadiram as casas e as pistas da avenida!

- A forte chuva foi à responsável pelo desabamento do morro e pelo soterramento das casas!

- A chuva torrencial foi à causadora da enchente que inundou as casas do bairro!

São bordões a que já nos acostumamos e seu conteúdo, de certa maneira, contribui decisivamente para perpetuar essas conhecidas variações de tragédias de verão com perdas de vidas humanas e prejuízos materiais.
As águas do rio não invadem casas e pistas, elas apenas ocupam, salvo exceções, áreas naturais de transbordo. O problema aí é que as casas, construções, avenidas e estradas é que estão a se utilizar de espaços indevidos.

O mesmo vale para morros e montanhas desprovidos de suas vegetações naturais. Nesse caso a chuva é injustamente responsabilizada por tragédias. É apenas mais um caso de ocupação irregular.

O processo acelerado de impermeabilização das cidades é um dos fatores que mais contribui para as enchentes. A chuva cai e a água não sendo capaz de escoar, por conseqüência, vai se acumulando sobre superfícies asfaltadas e concretadas provocando as cheias.

Ao insistir com as mesmas justificativas não enfrentamos verdadeiramente esses problemas. Mesmo que se possa constatar nos últimos anos, o aumento progressivo no volume de chuvas, bem como, períodos de estiagem maiores resultantes do aquecimento global, também é verdade que épocas de chuva e seca são conhecidas e previsíveis.

Nessas ocasiões, são constantemente mencionadas a incompetência, desvios e omissões de nossas autoridades. Obras prometidas que não foram feitas, desleixo na limpeza de rios e córregos, a não retirada de famílias vivendo em áreas de risco e até mesmo a atitude pouco civilizada das pessoas ao jogar lixo nas ruas e rios. Tudo isso é verdade e merece ser denunciado, mas também é preciso interagir de maneira mais amigável com os fenômenos naturais.

Com a acelerada urbanização nas sociedades modernas assistimos a um processo de distanciamento do que poderíamos chamar de: “leis da natureza”. Nada mais, nada menos do que respeitar, entender e conviver com dinâmicas e ciclos do planeta.

Muitas vezes, ao ultrapassar certos limites, ocorrem reações ambientais que poderiam ser evitadas bastando para isso, apenas, a observação e o conhecimento. A força de reação da natureza não pode ser desprezada como vêm acontecendo de maneira progressiva. O poder da água, tanto como guardiã da vida na Terra, deve ser respeitado por isso, mas também deve ser entendida como capaz de tirar essas mesmas vidas. As nossas enchentes e o acidente de Fukushima, no Japão, são exemplares dessa força descomunal e destrutiva.

Temos o direito, mas também o dever de agir para garantir um ar bom para respirar, água pura para beber e alimentos saudáveis que colaborem com a nossa saúde. Para se alcançar esses objetivos, respeitar o meio ambiente é fundamental. Se no passado a meta era “vencer”, hoje é preciso buscar todos os caminhos para viver em harmonia com a natureza e dela extrair todos os benefícios resultantes dessa boa convivência.

As boas intenções


Recentemente, com as melhores intenções, não duvido disso, um grande banco anunciava: “O que a enchente destruiu sozinha, a gente pode reconstruir juntos” e colocou à disposição um número de conta para ajudar as pessoas e famílias prejudicadas pelas chuvas.

Essa é uma típica situação de desconhecimento das leis naturais, conforme descrevi acima. Em primeiro lugar a enchente não destruiu sozinha, o ser humano deu a sua contribuição determinante ao construir em locais inadequados, não permitindo a vazão das águas. Depois, ao falar em reconstruir, que significa fazer da mesma maneira, do mesmo jeito e no mesmo lugar serão cometidos os mesmos erros que levaram a tragédia.

Nesse caso, vale à pena rever valores e estratégias para obter os melhores resultados para o banco e para as pessoas.

*Reinaldo Canto é jornalista, consultor e palestrante. Foi diretor de Comunicação do Greenpeace e coordenador de Comunicação do Instituto Akatu. É colunista da revista Carta Capital, colaborador da Envolverde e professor de Gestão Ambiental na FAPPES.

Artigo publicado originalmente na coluna do autor no site da revista Carta Capital: http://www.cartacapital.com.br/carta-verde/a-cidade-as-pessoas-e-as-chuvas-de-verao/?autor=599
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29 janeiro 2012

A LÓGICA ILÓGICA DE UM MUNDO LINEAR E INFINITO

Por Reinaldo Canto*




Não desejo causar polêmica, muito menos ser condenado ao fogo dos infernos que habitam as profundezas de nossa eternidade, mas diante de fatos incontestáveis sou obrigado a fazer uma categórica afirmação que a alguns poderá parecer absurda:

- O mundo é redondo ou pelo menos algo muito próximo disso!

Claro que para alguns pode soar óbvio demais, já que a constatação cartesiana foi provada há muito tempo e ainda temos imagens de satélites capazes de refutar quaisquer outras teorias e interpretações a respeito da circunferência terrena.

Portanto, a troco de que inicio estas linhas temeroso de causar espanto e de receber admoestações e críticas por “chover no molhado”?

Simples: é que se fosse tão óbvio, como explicar que a lógica fordista, uma longa linha de produção a principiar na extração das matérias-primas passando por sua transformação em produtos, depois o consumo e, posteriormente, um simples e irreal descarte, funcione apenas como se vivêssemos numa infinita e eterna linha reta.

Era assim que pensavam alguns dos nossos primeiros navegantes. Ao singrar e enfrentar os mares desconhecidos eles teriam pela frente um mundo plano e contínuo e temerosos de cruzar com monstros e dragões a espreita, além de precipícios sem fundo. Mas aí surgiram nossos primeiros astrônomos e cientistas que ousaram, por meio da observação e cálculos precisos, provar, por A mais B, que habitamos um belo, finito e frágil planeta redondo, pois sim!

Se então apresentamos esse formato e contamos com recursos limitados existentes em nossa pequena esfera, por que estamos a esgotar tudo o que temos de maneira cada vez mais rápida e frenética?

Por que utilizamos materiais essenciais à sobrevivência da humanidade para produzir supérfluos em ritmo alucinante e, depois, com a mesma celeridade “jogamos fora” como se fossem coisas imprestáveis?

Em artigo recente fiz menção a constatações do relatório O Estado do Mundo publicado no ano passado de que nos dias atuais são extraídos 50% mais recursos naturais do que há 30 anos. São cerca de 60 bilhões de toneladas anuais de recursos arrancados do planeta.

Quando alguns, mesmo diante dessas obviedades ululantes, ainda se encorajam a dizer que são ações necessárias para se obter o crescimento econômico, podemos elaborar o seguinte questionamento:

- Afinal, sobre qual “crescimento” estamos nos referindo?

Será o tipo do qual o professor Ladislaw Dowbor, da PUC de São Paulo costuma se referir? Segundo ele, o nosso crescimento é baseado na lógica da célula cancerígena, ou seja, é o de crescer por crescer e nada mais.

As novas tecnologias foram responsáveis por mudanças extraordinárias, dignas dos sonhos de muitos de nossos ficcionistas mais famosos, mas, em quase todas elas, o modelo de produção é a mesma desde os primórdios da Revolução Industrial. As fábricas evoluíram em sofisticação e velocidade, mas a lógica fordista segue lá, seja no que era usado para produzir o Ford T nos anos 1920, ou agora nos tablets e ipods de última geração.

O que fica muito claro nessa dinâmica estúpida é a necessidade que temos de parar por alguns momentos e refletir sobre o produzir por produzir, o crescer por crescer, o comprar por comprar e por aí vai.

Talvez precisemos de um pouco mais de questionamentos filosóficos, daqueles que retomem as perguntas simples formuladas na Grécia antiga sobre as próprias razões de nossa existência. Por que e para que estamos aqui? Para consumir de maneira totalmente irresponsável tudo o que temos de melhor no planeta Terra? Provavelmente não seja essa a melhor resposta!

*Reinaldo Canto é jornalista, consultor e palestrante. Foi diretor de Comunicação do Greenpeace e coordenador de Comunicação do Instituto Akatu. É colunista da revista Carta Capital, colaborador da Envolverde e professor de Gestão Ambiental na FAPPES.

Artigo publicado originalmente na coluna do autor no site da revista Carta Capital: http://www.cartacapital.com.br/carta-verde/a-logica-ilogica-de-um-mundo-linear-e-infinito/?autor=599

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18 janeiro 2012

A VIDA SEM AS SACOLAS PLÁSTICAS

Por Reinaldo Canto*

As principais redes supermercadistas de São Paulo anunciam, por meio de cartazes e panfletos, que está chegando ao fim a entrega “gratuita” das sacolinhas plásticas em suas lojas. A campanha denominada “Vamos Tirar o Planeta do Sufoco” lançada pela APAS, a Associação Paulista de Supermercados, estipula a data de 25/01 para, conforme divulgado, “as sacolas descartáveis deverão ser substituídas por uma opção mais sustentável”. A mudança vai atingir os estabelecimentos associados em 150 cidades onde residem 80% da população do estado de São Paulo.

A campanha da APAS informa que apenas na capital são consumidas, mensalmente, 2,5 bilhões de sacolinhas descartáveis. Ainda para justificar a ação, enfatiza: “vamos começar desde já a cuidar do planeta e do futuro das próximas gerações. É um problema de todos nós e somente juntos podemos conquistar grandes vitórias”.

A iniciativa da entidade dos supermercadistas de São Paulo acabou, em parte, por substituir a lei sancionada em maio do ano passado pelo prefeito da capital Gilberto Kassab. Segundo a lei as sacolinhas plásticas deveriam ser banidas dos supermercados da cidade a partir de 1º de janeiro de 2012. A medida foi barrada por uma decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo suspendendo a entrada em vigor da lei. Até segunda ordem, a liminar mantêm as sacolas descartáveis livres da extinção.

Mais severas ou menos rígidas, o certo é que nos últimos anos temos assistido a uma cruzada que, invariavelmente, tem buscado cercear o uso das sacolinhas.

Entre os consumidores há os que defendem o seu banimento total e outros alegam ser difícil viver sem as onipresentes sacolas plásticas. Quanto à campanha da APAS, uma pesquisa informal feita por esse missivista em três supermercados da capital, constatou que os clientes demonstram perplexidade, surpresa e alguns mesmos afirmam que antes de ser uma medida positiva para o meio ambiente, ela será muito boa para “os próprios supermercados”.

Mas o que fez com que as sacolinhas passassem de solução genial para vilã destinada ao banimento? Eis a questão que nos últimos anos ganhou status de Fla x Flu.

Uma nova realidade de plástico

Ela surgiu na vida do brasileiro lá nos anos 1970. E a novidade não tardou em conseguir um lugar de destaque na vida dos consumidores. As, até então, tradicionais sacolas de papel, caixas de papelão e carrinhos de feira, perderam seu espaço para as sacolinhas descartáveis. Práticas, eficientes e baratas, logo elas dominaram o cenário das compras e dos transportes de pequenos objetos. Por onde quer que se olhasse, lá estavam elas soberanas nas mãos de toda a gente.

Mas, infelizmente, a sua presença não se restringiu as nobres funções. O uso, e mesmo o descarte indiscriminado, transformou as sacolinhas de polietileno confeccionadas a partir de derivados de petróleo, em grandes vilãs.

Despejadas no meio ambiente sua decomposição pode demorar algumas centenas de anos. Pesquisas indicam que esse período é oitocentas vezes maior que o necessário para a natural eliminação de materiais como papel ou papelão. Se o lixo orgânico, por exemplo, pode levar entre 2 meses e um ano para se decompor naturalmente, os plásticos permanecem impávidos, sem agentes como minhocas, fungos e bactérias que façam esse serviço.

Ao boiar em rios e mares, provocam a morte de peixes por asfixiamento. Nos lixões e aterros sanitários elas dificultam a degradação de outros materiais e na época das fortes chuvas entopem bueiros e contribuem para as enchentes.

Afinal diante de tantos malefícios, a sacolinha não é, definitivamente, um demônio em forma de plástico? A resposta é: claro que não!

Os maiores problemas residem na maneira indiscriminada de seu uso e, posterior descarte, sem o menor cuidado e responsabilidade por parte expressiva da população brasileira.

Acredito que entre a sua proibição total como prevê a lei paulistana e a iniciativa da APAS, fico sem dúvida com a segunda. Nada melhor do que “pesar no bolso” para fazer com que os “menos conscientes” pensem duas vezes antes de lançar mão de mais sacolinhas ou até mesmo jogá-las em qualquer lugar.

Por outro lado, é importante também beneficiar o cliente com a nova medida, não só com o apelo de “salvar o planeta”. Como? Em primeiro lugar premiando aqueles que utilizarem sacolas retornáveis, pois a sensação legítima dos clientes é a de que com a cobrança, os supermercados irão “ganhar mais dinheiro” e toda a iniciativa não passaria de apenas mais uma forma de engordar os lucros.

As grandes cadeias varejistas são potenciais transformadoras na busca de uma sociedade mais justa e sustentável, mas as ações precisam ser bastante claras quanto aos seus objetivos. Quanto melhor informados e beneficiados nas boas atitudes, mais fiéis serão os consumidores. Dessa maneira, se todos estiverem sintonizados e conscientes, aí sim, poderemos dizer que estamos juntos na luta pelo futuro do planeta.

*Reinaldo Canto é jornalista, consultor e palestrante. Foi diretor de Comunicação do Greenpeace e coordenador de Comunicação do Instituto Akatu. É colunista da revista Carta Capital, colaborador da Envolverde e professor de Gestão Ambiental na FAPPES.

Artigo publicado originalmente na coluna do autor no site da revista Carta Capital: http://www.cartacapital.com.br/carta-verde/a-vida-sem-as-sacolas-plasticas/?autor=599

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04 janeiro 2012

Um ano realmente novo ou seguiremos na mesma batida da irracionalidade?

Por Reinaldo Canto*


Começo de ano é propício para a realização de reflexões, avaliações e promessas de todos os gêneros. As chamadas resoluções de ano novo servem para o estabelecimento de compromissos diversos que vão de mudanças de atitudes em relação aos outros e a si mesmo. Se depender da nossa vontade, seremos mais tolerantes, generosos, cultos, saudáveis e responsáveis, neste ano que se inicia, do que fomos em todos os anos anteriores de nossas vidas.

Certamente muitos dos nossos sinceros desejos não serão capazes de resistir ao primeiro mês, tragados pela dinâmica de nosso cotidiano. De qualquer modo, a passagem de ano possui esse efeito positivo. Não custa nada parar um momento para, quem sabe, redirecionar diversos aspectos de nossa vida.

Bom seria que fizéssemos também uma boa análise, mais abrangente mesmo, em dimensões globais sobre a irracional e destrutiva maneira pela qual estamos consumindo o planeta. E, isso não é maneira de dizer, literalmente estamos sugando os recursos planetários e o pior, não necessariamente para dar melhores condições de vida para todos os seres humanos. Até podemos afirmar: muito pelo contrário! O que temos feito é consumir mais rápido e descartar também em ritmo cada vez mais veloz.

Um bom exemplo são os celulares. Em 2007 os brasileiros trocavam seus aparelhos, em média, a cada dois anos. Atualmente essa troca já está sendo feita em 1 ano e 4 meses. Esse é apenas um caso entre muitos de produtos antes chamados de duráveis que tem se transformado ao longo dos anos em verdadeiras commodities.

O relatório O Estado do Mundo publicado ainda no ano passado pelo World Watch Institute e com versão em português divulgado pelo Instituto Akatu pelo Consumo Consciente já havia constatado essa preocupante situação. Só para se ter ideia das conclusões alcançadas pelo estudo, hoje são extraídos 50% mais recursos naturais do que há 30 anos. São cerca de 60 bilhões de toneladas anuais retiradas do planeta sem a devida reposição.
Entre 1950 e 2005, aponta o relatório, a produção de petróleo cresceu 8 vezes, a de metais 6, o consumo de gás natural 14, a de carvão 6 vezes e a de cobre, 25 vezes. Números assustadores, certo? Pois, vejam que podem ser ainda mais alarmantes, só a produção de plástico cresceu nesse período de pouco mais de 50 anos, 41 vezes!

Como disse antes, se ao menos toda essa voracidade tivesse o nobre objetivo de melhorar a vida de todos os habitantes do planeta... vá lá! Mas não é isso que o Estado do Mundo constatou. Segundo o documento, a fatia dos 16% mais ricos do mundo são diretamente responsáveis pelo consumo de 78% dos recursos disponíveis. Enquanto os outros 84% consomem 22%!

Entre as diversas e difíceis promessas de ano novo poderia constar uma que, no meu entender, teria boas chances de sucesso, bastando apenas uma pequena reflexão do consumidor: estou consumindo o que realmente preciso? Tenho exagerado nas minhas compras e desperdiçado demais?

Quem sabe se ao pensar nisso, a gente não conclua que alguns exageros poderão ser evitados daqui para frente. Uma sociedade mais consciente poderá contribuir em muito para frear o consumo irracional e desenfreado.

Para finalizar, mais alguns números insanos que irão ajudar na sua reflexão: Em 2008, nós habitantes do planeta adquirimos 68 milhões de veículos, 85 milhões de geladeiras, 297 milhões de computadores e 1,2 bilhão de celulares. Você imagina que esses números sofreram alguma redução nos anos seguintes?

Um feliz 2012 mais sustentável!

* Reinaldo Canto é jornalista, consultor e palestrante. Foi diretor de Comunicação do Greenpeace e coordenador de Comunicação do Instituto Akatu. É colunista da revista Carta Capital, colaborador da Envolverde e professor de Gestão Ambiental na FAPPES.

Artigo publicado originalmente na coluna do autor no site da revista Carta Capital: http://www.cartacapital.com.br/carta-verde/um-ano-realmente-novo-ou-seguiremos-na-mesma-batida-da-irracionalidade/?autor=599

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22 dezembro 2011

Do menino Jesus ao consumismo desenfreado

Por Reinaldo Canto*

Qual será o real símbolo do Natal? O presépio em celebração ao nascimento de Jesus Cristo ou a profusão de sacolas de compras que algumas pessoas mal conseguem carregar?

Seriam as canções tradicionais, a trilha essencial do Natal ou os jingles comerciais e as vozes dos locutores nos centros de compras anunciando mais uma oferta “imperdível”?

São questões de fácil resposta. Basta observar as lojas entupidas de pessoas entregues a busca desenfreada por produtos e quinquilharias de todos os gêneros e preços.

Graças a esse estado de coisas, as nossas cidades são testemunhas do arrefecimento nas condições do tráfego, as metrópoles sentem uma piora considerável no trânsito já caótico e os cristãos, ou melhor dizendo, consumidores, de tão ávidos, ansiosos e impacientes para se livrar da tarefa de aquisição de produtos, se tornam agressivos e muitas vezes irracionais.

Do ponto de vista da sustentabilidade, esse é um momento bastante preocupante. Difícil estabelecer qualquer critério de consumo consciente quando o que importa é preencher a lista de compras. Nesse caso os produtos são escolhidos sem muita reflexão e o fato de consumir de empresas social e ambientalmente responsáveis e até mesmo algo que seja prejudicial à própria saúde humana fica relegado a um triste segundo ou terceiro plano. Nessa hora, o que importa é, simplesmente, comprar!

Essa época do ano deveria ser propícia ao congraçamento, à paz e a harmonia entre os homens, afinal representam algumas das bases defendidas pelo Cristianismo. Ao invés disso, somos inundados por um clima estressante e até mesmo beligerante. E, ao mesmo tempo em que se escolhem os melhores presentes para entes queridos, também é preciso achar algo para aqueles “não tão queridos” para dizer o mínimo. Do cunhado insuportável à sogra ranzinza, ao colega de trabalho pouco colaborativo, todos devem ser contemplados. Afinal, as convenções têm de ser respeitadas independentemente da vontade e do comprometimento financeiro advindos dessas despesas.

Consumo Consciente do Dinheiro e do Crédito

Até mesmo aqueles que durante todo o ano buscam manter o controle de suas contas e, dessa maneira, deixar a vida financeira gozando de boa saúde, ao chegar dezembro abandonam todo esse esforço e bom senso. Pois entram em cena as “inadiáveis e urgentes” compras de Natal!

Muita gente se torna refém de uma engrenagem de consumo insana e me parece distante do próprio espírito do Natal. Alguns poderão alegar, em defesa dessa tradição, a cena dos três Reis Magos adentrando a manjedoura para deixar suas oferendas em homenagem ao nascimento do menino Jesus. Mas pelo que se conhece dessa história bíblica, isso foi só quando Ele nasceu, e não temos registro de novos regalos oferecidos pelos Reis Magos ao longo dos 33 anos de existência terrena de Jesus Cristo.

Difícil ir contra a corrente quando a própria presidenta Dilma Rousseff apelou aos brasileiros para irem às compras e dessa maneira manter o mercado aquecido.

Mas será mesmo não ser possível outro comportamento? Faltam poucos dias para o Natal, a maior parte das compras já foi realizada, mas é sempre bom lembrar que consumir conscientemente é, entre outras coisas, evitar os exageros, as compras por impulso, optar pelos produtos de empresas social e ambientalmente responsáveis e sempre que possível evitar o uso das desnecessárias embalagens.

É importante lembrar também que muitas vezes o simples encontro entre pessoas que se gostam e sinceras demonstrações de amor, carinho e amizade são suficientes para preencher o espaço de um presente.

Tenha certeza que, no longo prazo, a sustentabilidade humana no planeta dependerá mais do afeto entre as pessoas do que de um mercado aquecido! Que tal propor um amigo secreto?

Pelo sim ou pelo não, com ou sem presentes desejo a todos um Feliz Natal e um ótimo 2012!

* Reinaldo Canto é jornalista, consultor e palestrante. Foi diretor de Comunicação do Greenpeace e coordenador de Comunicação do Instituto Akatu. É colunista da revista Carta Capital, colaborador da Envolverde e professor de Gestão Ambiental na FAPPES.


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09 dezembro 2011

Brasil é o quinto país que mais investe em energia renovável

Por Reinaldo Canto*

O relatório da Conferência das Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento (a Unctad), coloca o Brasil numa posição de destaque em relação à produção de energias renováveis. O país ocupa agora a quinta posição entre os que mais investiram em energias limpas. O montante no ano passado atingiu a marca de US$ 7 bilhões valor ainda distante dos primeiros colocados nesse ranking.

Só a China atingiu o valor recorde de US$ 49 bilhões nos investimentos em energias renováveis em 2010, depois dela a Alemanha com pouco mais de US$ 41 bilhões, os Estados Unidos (US$ 30 bilhões) e a Itália (US$ 14 bilhões) completam os primeiros.

Se o investimento crescente em energias limpas e renováveis é algo obviamente digno de comemoração, não podemos esquecer que ele está ocorrendo também em virtude da demanda que não para de crescer. É importante deixar claro que energia renovável não é sinônimo de energia “não impactante”. Isso significa que, como em qualquer instalação de parque energético, as renováveis também causam impactos ambientais.

A energia eólica é um bom exemplo. Entre seus diversos estágios para a sua implementação estão: a fabricação das pás eólicas; o transporte de todos os equipamentos necessários até o seu respectivo local de instalação; a montagem do parque e de todas as linhas de transmissão que vão chegar ao consumidor final. São inúmeros impactos todos eles trazendo conseqüências ambientais e sociais.

Agora, voltando ao caso brasileiro, o relatório elogia o fato do país ser um dos únicos a ter fixado uma meta de atingir 75% de sua eletricidade proveniente de energias renováveis até 2030. Mas o estudo deixa claro que o Brasil atua fundamentalmente nos setores já consolidados, como biocombustíveis e hidrelétricas, deixando as chamadas opções mais modernas, como eólica e solar, sem o mesmo empenho e atenção, apesar do nosso enorme potencial disponível.

Os investimentos mundiais em energias renováveis subiram dos US$ 33 bilhões em 2004 para expressivos US$ 211 bilhões no ano passado um salto de 539,4%, sendo o crescimento médio anual de 38%. O relatório alerta para a necessidade de ainda serem feitos maciços investimentos no setor energético renovável, notadamente nos países em desenvolvimento, carentes de energia e de urgentes investimentos para a melhoria da qualidade de vida de suas populações.

* Reinaldo Canto é jornalista, consultor e palestrante. Foi diretor de Comunicação do Greenpeace e coordenador de Comunicação do Instituto Akatu. É colunista da revista Carta Capital, colaborador da Envolverde e professor de Gestão Ambiental na FAPPES.

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