Por Reinaldo Canto*
O relatório da Conferência das Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento (a Unctad), coloca o Brasil numa posição de destaque em relação à produção de energias renováveis. O país ocupa agora a quinta posição entre os que mais investiram em energias limpas. O montante no ano passado atingiu a marca de US$ 7 bilhões valor ainda distante dos primeiros colocados nesse ranking.
Só a China atingiu o valor recorde de US$ 49 bilhões nos investimentos em energias renováveis em 2010, depois dela a Alemanha com pouco mais de US$ 41 bilhões, os Estados Unidos (US$ 30 bilhões) e a Itália (US$ 14 bilhões) completam os primeiros.
Se o investimento crescente em energias limpas e renováveis é algo obviamente digno de comemoração, não podemos esquecer que ele está ocorrendo também em virtude da demanda que não para de crescer. É importante deixar claro que energia renovável não é sinônimo de energia “não impactante”. Isso significa que, como em qualquer instalação de parque energético, as renováveis também causam impactos ambientais.
A energia eólica é um bom exemplo. Entre seus diversos estágios para a sua implementação estão: a fabricação das pás eólicas; o transporte de todos os equipamentos necessários até o seu respectivo local de instalação; a montagem do parque e de todas as linhas de transmissão que vão chegar ao consumidor final. São inúmeros impactos todos eles trazendo conseqüências ambientais e sociais.
Agora, voltando ao caso brasileiro, o relatório elogia o fato do país ser um dos únicos a ter fixado uma meta de atingir 75% de sua eletricidade proveniente de energias renováveis até 2030. Mas o estudo deixa claro que o Brasil atua fundamentalmente nos setores já consolidados, como biocombustíveis e hidrelétricas, deixando as chamadas opções mais modernas, como eólica e solar, sem o mesmo empenho e atenção, apesar do nosso enorme potencial disponível.
Os investimentos mundiais em energias renováveis subiram dos US$ 33 bilhões em 2004 para expressivos US$ 211 bilhões no ano passado um salto de 539,4%, sendo o crescimento médio anual de 38%. O relatório alerta para a necessidade de ainda serem feitos maciços investimentos no setor energético renovável, notadamente nos países em desenvolvimento, carentes de energia e de urgentes investimentos para a melhoria da qualidade de vida de suas populações.
* Reinaldo Canto é jornalista, consultor e palestrante. Foi diretor de Comunicação do Greenpeace e coordenador de Comunicação do Instituto Akatu. É colunista da revista Carta Capital, colaborador da Envolverde e professor de Gestão Ambiental na FAPPES.
Artigo publicado originalmente na coluna do autor no site da revista Carta Capital: http://www.cartacapital.com.br/carta-verde/brasil-e-o-quinto-pais-que-mais-investe-em-energia-renovavel/
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09 dezembro 2011
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