12 janeiro 2011

ENERGIAS RENOVÁVEIS GANHAM NOVO IMPULSO EM 2.011

Boletim Ethos de Responsabilidade Social na CBN (no ar dia 10/01), comentário de Paulo Itacarambi, vice-presidente do Instituto:

O novo ano começa com boas perspectivas e desafios para a chamada economia verde e a geração de energias limpas e renováveis.

Na semana passada o BNDES aprovou um financiamento de quase 600 milhões de reais para a construção de nove usinas eólicas no interior da Bahia, com potência instalada de 195,2 megawatts. Esse nada mais é do que o reconhecimento, por parte do principal banco de investimento do governo brasileiro, ao trabalho que vem sendo realizado pelas empresas, no sentido de viabilizar o incremento das alternativas de produção de energia de baixo carbono.

Atualmente, as usinas eólicas somam 930 MW espalhados por 50 parques no país. Em termos de comparação ainda representa pouco, cerca de 0,6% do total da nossa matriz energética. Mas a previsão é de um crescimento de 320% nesta década, segundo divulgou a Empresa de Pesquisa Energética, a EPE, ligada ao Ministério de Minas e Energia, o que vai elevar a participação da energia eólica para mais de 3%. Até 2019 as novas unidades e parques eólicos terão potência total de 6.041 MW, quase equivalente ao das usinas hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, que estão sendo construídas atualmente no rio Madeira, em Rondônia.

Por outro lado, segundo a EPE, os cálculos mais otimistas falam em um potencial para se instalar até 300 mil megawatts de usinas eólicas no Brasil. Para termos de comparação hoje a capacidade hidrelétrica brasileira, geradora da maior parte da nossa energia elétrica, está estimada em 110 mil megawatts de potência. Portanto, podemos afirmar que atingir 3% de energia eólica em nossa matriz energética, está muito aquém do verdadeiro potencial a ser explorado. Já que a iniciativa privada tem feito sua parte investindo e demandando ao governo que reaja a essas ações, talvez seja preciso ampliar a atuação governamental e garantir assim o aumento substancial das fontes eólicas bem acima dos previstos 3%.

Bons exemplos não faltam: segundo matéria publicada no final do ano passado pelo jornal Estado de Minas, com dados fornecidos pela Universidade Federal mineira e pela Cemig, no Sul da Bahia e na Região Central de Minas Gerais, mais precisamente em Sete Lagoas, a 80 quilômetros de Belo Horizonte, os ventos que cortam serras localizadas nesses pontos abrigam um potencial para geração de energia 3,5 vezes maior do que o da usina hidrelétrica de Belo Monte, a ser construída no Rio Xingu, na Amazônia. A previsão é que Belo Monte, tenha potência instalada de 11.233 megawatts.

No mesmo sentido, vale refletir sobre as propostas apresentadas pelo Greenpeace aos então candidatos à presidência Serra e Dilma no segundo turno. A organização ambientalista propôs uma série de implementações arrojadas e inovadoras para a inserção definitiva do país na economia de baixo carbono do século XXI. Do desmatamento zero até 2.015, da redução no uso de energias fósseis, ou seja carvão e petróleo, e o conseqüente aumento no uso das energias renováveis, entre algumas das principais demandas. Se a trajetória de investimentos for mantida, em 2050, 72% da energia brasileira virão de fontes renováveis e 21,8% ainda virão dos combustíveis fósseis. No cenário proposto pelo Greenpeace, o percentual de fontes renováveis chegará a 92,6% da matriz, não haverá geração nuclear e o único fóssil utilizado na geração de energia será o gás natural - considerado um combustível de transição - com 7,3% de participação.

A opção pelas fontes renováveis pode resultar em uma redução drástica das emissões de dióxido de carbono (CO2) equivalente (medida que considera todos os gases de efeito estufa) do setor energético previstas para 2050, de 147 milhões de toneladas para 23 milhões de toneladas.

Além do benefício ambiental, uma matriz mais limpa poderia reduzir custos de produção de energia no Brasil. Até 2050, a economia pode chegar a R$ 1 trilhão, com o aumento da eficiência energética e a instalação de projetos em áreas distantes do sistema interligado de distribuição.

Nenhum comentário: