24 março 2010

Sustentabilidade é tema de palestra do Secovi-SP

Originalmente publicado no Portal Secovi

Reinaldo Canto, jornalista e ex-diretor de comunicação do Greenpeace no Brasil, destacou a necessidade do engajamento nas questões sustentáveis do mercado imobiliário, um dos segmentos que mais causa impactos no meio ambiente
O Programa Qualificação Essencial (PQE) do Secovi-SP promoveu na quinta-feira, 18 de março, o encontro "Sustentabilidade no mercado imobiliário: atualize-se". O jornalista Reinaldo Canto, consultor e ex-diretor de comunicação do Greenpeace no Brasil, foi o palestrante do evento, que teve a coordenação de Ciro Scopel, vice-presidente de Sustentabilidade do Sindicato.

O jornalista apresentou um panorama histórico, passando pela revolução industrial, mudança de valores nos princípios pessoais que levou a sociedade ao consumismo e ao desperdício, e os consequentes problemas no meio ambiente. Um exemplo emblemático é o aparelho celular. Em 1996, o Brasil tinha 2,7 milhões de aparelhos. Hoje, este número saltou para 175,6 milhões e a troca de aparelho está estimada em seis meses. Os milhões de aparelhos descartados vão parar, em sua maioria, na lata do lixo comum.

“Sustentabilidade é a capacidade de usufruir o que o planeta pode nos dar sem comprometer as gerações futuras”, definiu Reinaldo Canto. Para que este conceito seja uma realidade, é preciso que cada setor – público e privado – e cada cidadão assuma suas responsabilidades.

O mercado imobiliário é um dos segmentos que mais causa impacto ambiental: no Brasil, aproximadamente 40% da extração de recursos naturais têm como destino a indústria da construção. Outros números impressionam: 50% da energia gerada são para abastecer o funcionamento das edificações e 50% dos resíduos sólidos urbanos vêm das construções e de demolições.

Várias questões e comentários foram feitos pelo público, sobre medidas que dão certo, necessidade de políticas públicas sustentáveis e novas tecnologias que otimizem o uso dos recursos naturais. Um síndico comentou que foi feito o projeto de individualização de água em seu prédio, que tem cerca de 70 unidades, esperando alcançar economia em 20% na conta. Para sua surpresa, o resultado não foi atingido porque o prédio utiliza aquecimento a gás no chuveiro e perde-se de cinco a 15 litros de água a cada banho. “É necessário o desenvolvimento de uma tecnologia ou sistema que evite esse desperdício ou então voltar a usar o chuveiro elétrico”, disse.

Sobre políticas públicas, foi comentado que deveria haver uma mudança na cobrança de consumo de água da Sabesp, que hoje cobra um mínimo de litros a serem consumidos por mês. Ao invés de estimular um consumo mínimo, deveria ser estimulado o consumo do necessário, sem desperdício.

Ciro Scopel comentou sobre a sugestão de inclusão do saneamento básico nas construções do programa federal Minha Casa, Minha Vida, que ainda não foi contemplado pelo governo. Mariângela Iamondi Machado, diretora do Secovi-SP, falou que uma medida eficiente seria os bancos privados e públicos financiadores exigirem requisitos de sustentabilidade como condição para liberar verba para construção de empreendimentos.

“Entidades como o Secovi têm o poder de mobilizar o setor e exigir mudanças por parte do governo. Temos de contribuir fazendo pressão para que mudanças e melhorias ocorram”, disse Reinaldo Canto.

O palestrante também falou sobre a importância do consumo consciente – levar em conta os impactos causados por este ato, a real necessidade de fazer uma compra e escolher empresas mais responsáveis sob o ponto de vista socioambiental. Canto relembrou os princípios básicos do consumo consciente – os 4 Rs: Repensar, Reduzir, Reutilizar e Reciclar. “Não precisamos ser heróis para sermos consumidores conscientes.”

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