11 outubro 2013

Brasília receberá 5º Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental



Brasília, 10 de outubro – Entre 17 e 19 de outubro, Brasília sediará o 5º Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental, no Centro Universitário de Brasília (UniCEUB). Profissionais, estudantes de Comunicação do Brasil e do Exterior, entre jornalistas, assessores de imprensa, professores e pesquisadores se reúnem para debater a temática ambiental. O evento será oficialmente aberto pela ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.
O tema do Congresso é Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (ODS/ONU), conjunto de metas definido durante a Rio+20 para reduzir a pobreza, promover a prosperidade global e o avanço social associados à proteção do meio ambiente. 
Como o bom jornalismo pode ajudar o Brasil a se inserir nesse processo será um dos temas em debate. A pauta também estará presente em painéis dedicados a assuntos como Economia VerdeUso e Manutenção dos Recursos Naturais e a Segurança AlimentarBem Estar Social e Ocupação do Território, e ainda Geração de Conhecimento e Financiamento dos ODS.
Todos os painéis, mediados por jornalistas, terão a participação de representantes de governo, setor privado, universidades e centros de pesquisa, e organizações socioambientais. Entre os palestrantes confirmados estão o professor Henrique Leff e os jornalistas André Trigueiro e Vilmar Berna.
Além disso, serão oferecidas oficinas temáticas sobre Investimentos de Capital Público e Modelo de Desenvolvimento Nacional, Jornalismo Ambiental, Cerrado,  Semiárido, Amazônia, Jornalismo e Ambientalismo, Resíduos Sólidos, Gestão da Água.
O 5º Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental mantém a tradição de apostar na formação continuada de profissionais e estudantes e é uma realização da Rede Brasileira de Jornalismo Ambiental. Este ano a iniciativa conta com o apoio do Uniceub, ANA, Fenaj, Sindicato dos Jornalistas Profissionais do DF, Brasília Convention Bureau, Embrapa, entre outros.
As inscrições estão abertas pelo site www.jornalismoambiental.org.br, onde se pode conferir a programação completa do evento, e também podem ser feitas no local. A taxa de inscrição é de R$ 100 para profissionais e R$ 50 para estudantes e filiados ao Sindicato dos Jornalistas do DF.

Serviço:
O que: 5º Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental
Data: 17 a 19 de outubro
Hora: A partir das 9h 
Local: Centro Universitário de Brasília (UniCEUB), SEPN 707/907 -Campus do UniCEUB, Asa Norte, Brasília - DF, 70790-075. Telefone:(61) 3966-1200



Programação

Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental
17/10 - Quinta-Feira
8h00
Recepção e Credenciamento
9h00-9h50
ABERTURA OFICIAL do CBJA
Mesa: Izabella Teixeira – Ministra do Meio Ambiente (confirmada)
Reitor do UNICEUB – Getúlio Américo Moreira Lopes
RBJA Brasília – Beth Fernandes
Representante do GDF -secretário de Meio Ambiente Eduardo Brandão
Sindicato dos Jornalistas DF -Wanderlei Pozzembom
Representante sociedade  – Contag

10h00-10h50
Palestra de Abertura – Ministra do Meio Ambiente

10h50-13h00
PAINEL 1 - Economia verde
Economia Verde no Brasil e no mundo – Eduardo Viola
A transição para a economia verde – CNI
Políticas Públicas – Camila Moreno, pesquisadora independente
Trabalho decente e empregos verdes – CUT – Secretário de Meio Ambiente
Moderação: Carlos Tautz -RBJA
11h-13h00
OFICINA
Jornalismo Ambiental – Conceito, Histórico, Práticas e Futuro
Roberto Villar- RBJA
O papel do assessor de imprensa como indutor das pautas da sustentabilidade
Afra Balazina – SOS Mata Atlântica
13h00-14h00
Intervalo e Relacionamentos
14h00-14h50
PALESTRA DE INSPIRAÇÃO
Código Florestal – Ambientalistas, ruralistas e o papel da imprensa – ISA -  Adriana Ramos

15h00-17h30
PAINEL 2 – Uso e manutenção dos recursos naturais e a segurança alimentar
Necessidades da humanidade e do Planeta – FAO/ONU – Gustavo Chianca
Equilíbrio entre produção e conservação – Global Footprint Network – Fabrício Campos
O avanço da fronteira agrícola X desmatamento/Código Florestal – André Lima, pesquisador do IPAM
Tecnologias locais de conversação e restauração da agrobiodiversidade – Daniel Vieira – Embrapa
Moderador: RBJA (Maristela Crispim)
15h00-17h30
OFICINA
Gestão da Água
Cecy Oliveira – RBJA
15h00-17h30
OFICINA
Comunicação ambiental
Silvia Marcuzzo – Diretora da ECOnvicta Comunicação para Sustentabilidade
18/10 - Sexta-Feira
8h00-8h50
Credenciamento
9h00-9h50
PALESTRA DE INSPIRAÇÃO
 Os muitos espaços do jornalismo ambiental
André Trigueiro – Membro da Rede Brasileira de Jornalismo Ambiental, professor de Jornalismo Ambiental da PUC/Rio
9h00-12h30
OFICINA – Cobertura jornalística e a Política Nacional de Resíduos Sólidos
Reinaldo Canto

Geojornalismo(atividade externa – nas dependências da Embrapa)
Gustavo Faleiros
10h00-12h30
OFICINA
Cerrado – Ocupação e Conservação
Mercedes Bustamante– UnB
10h00-12h30
PAINEL 3 – O Bem estar social e o uso/ocupação do território
 Ocupação urbana, crescimento e sustentabilidade - UnB – Aldo Paviani – geógrafo
Gestão e planejamento territorial no Brasil – ICMBio – Roberto Ricardo Vizentin
Gestão Territorial- interesses e desafio – Alexandra Reschke
 Resíduos Sólidos – Victor Bica – Cempre
OFICINA
As fronteiras entre o jornalismo e o ambientalismo: onde um ajuda ou atrapalha o outro
Vilmar Berna – Membro da RBJA e da Rebia

OFICINA
As fronteiras entre o jornalismo e o ambientalismo: onde um ajuda ou atrapalha o outro
Vilmar Berna – Membro da RBJA e da Rebia

 Ocupação desordenada e desastres naturais – Defesa Civil DF (convidada)
 Moderação: André Trigueiro/ RBJA
13h00-14h00
INTERVALO E RELACIONAMENTOS
14h00-14h50
PALESTRA DE INSPIRAÇÃO
 Sustentabilidade Ambiental: Racionalidades em Conflito
Enrique Leff (economista mexicano, doutor em Economia do Desenvolvimento pela Sorbonne (1975), e professor de Ecologia Política e Políticas Ambientais na Pós-Graduação da Universidade Nacional Autônoma do México).
15h00-17h30
PAINEL 4
Geração de conhecimento e pagamento das contas dos ODS
Mudanças de Paradigmas – Marcos Sorrentino
Universidades estão atentas para a demanda?- Marcel Burstyn – CDS/UnB
 A democratização da informação científica – Fabrício Ângelo
 Desafios para o setor produtivo frente os ODS e novos paradigmas – Fernando Malta (Cbeds)
 Moderação: UniCEUB – Mônica Prado
15h00-17h30
OFICINA
Comunicação e Meio ambiente na Amazônia
RBJA – Maria Nilda e Fabrício Ângelo
15h00-17h30
OFICINA
As fronteiras entre o jornalismo e o ambientalismo: onde um ajuda ou atrapalha o outro
Vilmar Berna – Membro da RBJA e da Rebia
15h30-17h30
OFICINA
Pautas da Caatinga, Semiárido e Desertificação
Maristela Crispim
17h00-17h30
LANÇAMENTOS/ AUTÓGRAFOS
19/10 - Sábado
8h00
Recepção
9h00-10h00
PALESTRA DE INSPIRACAO
Menos conversação, mais ação, por favor. Refazendo a pauta ambiental num mundo dominado pela “sustentabilidade”
Cláudio Angelo (ex-jornalista. Foi editor de Ciência e repórter da sucursal de Brasília (2010-2012) da Folha de S.Paulo, e editor da revista Superinteressante. Colaborou com veículos de imprensa como Época, Nature, Scientific American e Pesquisa Fapesp. Ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo em 2009, na categoria Informação Científica, Tecnológica e Ecológica. É autor de “O Aquecimento Global” (Publifolha, 2008).
10h00-12h00
DEBATE
O futuro do jornalismo e financiamento da imprensa
RBJA – Ana Car0l Amaral
Fenaj – Celso Schöder
SJP-DF – Wanderlei Pozzembom
Moderação: Efraim Neto
12h00-13h00
PLENÁRIA
Homenagem aos 15 anos da Rede Brasileira de Jornalismo Ambiental (RBJA)
Relatos dos moderadores- Balanço do evento
VI Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental – Regras para apresentação de candidaturas
13h00
ENCERRAMENTO V CBJA
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08 outubro 2013

ATIVIDADE NO SESC INTERLAGOS FESTEJOU INÍCIO DA TEMPORADA DE PLANTIOS DA INICIATIVA VERDE


Foi uma sexta-feira (27/09) para ninguém botar defeito. Céu azul, tempo agradável até um pouco frio e um cenário de causar inveja nas belas paisagens existentes no Sesc Interlagos.  Clima ideal e diversão garantida

A ação de plantio comemorativo reuniu mais de 150 pessoas entre jovens aprendizes do Senac – SP, clientes e convidados da Iniciativa Verde. Divididos em dois horários (às 10 da manhã e às 2 da tarde), os participantes tiveram o privilégio de plantar algumas das 200 mudas disponíveis de 15 espécies típicas da Mata Atlântica, entre elas, Embaúbas, Palmeiras-Juçara e Cedros. Eles ainda contaram com explicações e orientações sobre a importância das árvores e o seu correto manejo para o plantio.

À frente dos trabalhos durante todo o dia estiveram o diretor florestal da Iniciativa Verde, Pedro Barral, além da equipe técnica da organização e o coordenador do projeto Adote uma Árvore, do Sesc Interlagos, Gustavo Herdeiro de Faria. Ambos lembraram os muitos benefícios que uma área arborizada trás para todos, desde tornar o clima mais ameno, contribuir para reduzir enchentes, além de fornecer frutos e sombra tornando a vida mais agradável e prazerosa.

As pessoas ouviram atentas aos coordenadores da atividade e logo em seguida partiram ávidas para as suas mudas. Foram momentos inesquecíveis de puro contato com a natureza, muitos sorrisos, alegria e a sensação de estar fazendo algo muito positivo. O jovem Mateus Pereira de Souza que cursa Gestão de Negócios no Senac afirmou que quer repetir a experiência, “quero fazer isso de novo”.  Já as jovens Ingrid Talita e Rafaela dos Reis, também do Senac, chegaram a pensar que era mais fácil plantar uma árvore, mas aprenderam que existem etapas que precedem e sucedem o plantio para garantir que uma árvore cresça sadia e frondosa. Entenderam como é importante cuidar da natureza, ainda mais agora em tempos atuais com tantos casos de destruição ambiental.

“É mais fácil conservar uma floresta do que começar uma nova”, explicou Pedro Barral ao final da atividade sendo plenamente compreendido por todos que fizeram um belo exercício durante toda a ação de plantio.

Gustavo, do Sesc Interlagos,  ressaltou a importância da parceria com a Iniciativa Verde e convidou a todos a participar das atividades de educação ambiental do projeto Adote uma Árvore que tem, entre seus principais objetivos, aumentar os espaços verdes urbanos na cidade de São Paulo.

Passos muito positivos já foram dados, agora é só manter o ritmo e contribuir para deixar esse nosso mundo mais verde e agradável de se viver.

Reinaldo Canto
Assessoria de Imprensa
Iniciativa Verde
Fone: 11 3647-9293 e 11 9 9976-1610



  

04 outubro 2013

Já estamos vivendo em um novo planeta?




Segundo relatório do IPCC, hoje habitamos um mundo desconhecido em virtude dos níveis inéditos de concentração de carbono na atmosfera. 
Por Reinaldo Canto*

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Passageiros de cruzeiro observam iceberg na região da península Antártida; quantidade de grandes blocos de gelo desgarrados vem aumentando com a elevação da temperatura
Não surpreendeu, surpreendendo, saber que caminhamos todos rumo ao desconhecido. Diferentemente do que anunciava a série Star Trek, “indo onde nenhum homem jamais esteve”, não precisamos ser um capitão Kirk no comando da nave estelar USS Enterprise. Basta apenas sentar no próprio sofá, na cadeira do trabalho ou no banco do carro para realizarmos uma jornada a um novo mundo.
Segundo o IPCC (sigla em inglês para Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, órgão da ONU), atingimos tal quantidade de dióxido de carbono na atmosfera, inédita, ao menos nos últimos 800 mil anos. E suas consequências para o futuro imediato é, pelo menos, o acirramento ainda maior dos fenômenos climáticos extremos que já temos observado sem grandes esforços. Períodos maiores de secas; chuvas mais torrenciais; ciclones e tornados mais frequentes ou ocorrências inéditas em locais antes não atingidos por esse tipo de fenômeno;  aumento no nível dos oceanos e derretimento de geleiras.
Todas essas evidências, assim como o aumento da temperatura média do planeta e a decisiva ação humana para que esse quadro se configurasse, já haviam sido apontadas no último relatório do IPCC divulgado em 2007. Mas o que antes era uma certeza, transcorridos mais 6 anos de estudos exaustivos levados a cabo por cientistas do mundo todo, tornou-se convicção.   Para o órgão das Nações Unidas, nós somos os responsáveis por esse estado de coisas e nos cabe também a missão de começar a reverter esse quadro.
O documento divulgado pelo IPCC enfatiza que: “a concentração de CO2 na atmosfera aumentou 40% desde a era pré-industrial em razão das emissões oriundas da queima de combustíveis fósseis. Deste total, 30% foram absorvidos pelos oceanos que, por essa razão, se tornaram mais ácidos e menos capazes de regular o clima”.
De 2007 para 2013 sem motivos para comemorar
Muitas das novas conclusões entre o penúltimo e o último relatório divulgados pelo órgão da ONU para mudanças climáticas está a certeza de que a pouca movimentação de autoridades para melhorar o quadro, trouxe como consequência o acirramento de alguns problemas, ou seja, o que era ruim ficou um pouco pior.
Quanto ao aumento da temperatura média desde 1850 estimada em 0,76 graus Celsius no relatório de 2007, passou para 0,85 ºC tendo como base o ano de 1880. O aumento no nível do mar também sofreu uma alteração para cima entre um documento e outro de 17 centímetros para 19cms. A velocidade de derretimento no Ártico foi outra constatação que mudou de patamar subindo de uma perda de 2,7% de gelo por década para algo entre 3 e 4,1% a cada dez anos.
Ceticismo sem lugar na história
São muitos os obstáculos para que possamos empreender mudanças nas políticas públicas mundiais que contemplem uma reversão no cenário apontado pelo IPCC. A ganância e imediatismo humanos são mais do que suficientes interesses econômicos a dificultar esse processo. Agora ainda ser obrigado a ouvir insistentemente os mesmos gatos pingados a bater na tecla que as mudanças climáticas e o aquecimento global não passam de bobagens, é demais para fígados sensíveis.
Quase sempre financiados por grandes corporações interessadas em deixar tudo como está a “base científica” usada por eles se assemelha aos comentários de botequim utilizando-se largamente de dados fora de contexto e responsabilidade zero.
Esperemos que as novas informações divulgadas mundialmente pelo IPCC sejam capazes de despertar a urgência na tomada de posições e evitar que no comando de nossa Enterprise esteja algum desses céticos trogloditas a arrastar nossa nave-mãe Terra para dentro de buracos negros ainda mais obscuros e desconhecidos.
Artigo publicado originalmente na coluna do autor no site da revista Carta Capital: http://www.cartacapital.com.br/

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11 setembro 2013

Qual é o habitat do ser humano?

O progresso a qualquer custo tem negligenciado o ser humano. Construções sustentáveis tentam resgatar essa dívida.
Por Reinaldo Canto*


Manifestação pela Avenida M'Boi Mirim,
periferia na zona sul de São Paulo
Habitat é o local ideal para que uma espécie, seja ela animal ou planta, possa se desenvolver, se alimentar e procriar. Pesquisadores já identificaram os habitats de inúmeras espécies. Sabemos, por exemplo, quais são os melhores lugares para que o elefante, a onça, o tamanduá-bandeira e o esquilo possam viver. Identificamos os biomas naturais e os seres vivos que os habitam. Até mesmo fomos capazes de considerar algumas espécies como exóticas, quando elas passam a ocupar e interagir de maneira pouco saudável com as espécies chamadas nativas dessa região. E nós, humanos, quais são os nossos ambientes, nem diria naturais, mas ideais para podermos viver com qualidade?

Ao longo da nossa história, as cidades e comunidades humanas foram sendo formadas levando em conta as questões ambientais existentes no local. Bom exemplo é o da água, vital para a sobrevivência. Nós humanos íamos ao seu encontro e instalávamos nossas moradias próximas às fontes do líquido precioso. Não é à toa que todas as grandes civilizações do passado se desenvolveram em torno dos grandes rios e muitas continuam lá até hoje.

O crescimento desordenado plenamente acompanhado da evolução tecnológica capacitou o homem, em sua megalomania, a vencer, domar a natureza criando espaços artificiais que aterraram e desviaram rios, asfaltaram a terra e eliminaram os outros seres vivos que, de alguma forma, bloqueassem esse caminho chamado de progresso, até mesmo outros seres humanos (indígenas e povos tradicionais, só para citar alguns).

Claro que muita coisa boa foi criada, mas junto com interessantes inovações vieram também a total falta de bom senso em relação a uma análise criteriosa sobre os benefícios e malefícios envolvidos com essas transformações. Perguntas básicas deixaram de ser feitas, como as que envolvem, o quanto determinada obra impacta a vida de todos e interfere nas fundamentais leis naturais a que todos nós estamos subordinados. As cidades, assim como elas foram concebidas, representam a melhor e mais saudável maneira de se viver?

Uma perversa consonância entre ganância, ignorância e ausência de planejamento foram os principais responsáveis pelo atual caos generalizado dos grandes aglomerados urbanos, notadamente nos países mais pobres e em desenvolvimento. Sem que isso signifique que o tal mundo desenvolvido tenha equacionado tais problemas, mas ao menos foram capazes de trabalhar em parte com maior seriedade.

Um novo cenário. Tal estado de coisas ao menos foi capaz de fazer surgir um movimento povoado de boas intenções conhecidos por vários formatos como ecovilas, cidades e comunidades sustentáveis, movimentos de moradias alternativos e também as chamadas construções sustentáveis.

Recentemente, São Paulo foi palco do Greenbuilding Brasil que em sua quarta edição mostra um mercado em crescente expansão. Só para ter ideia, esse mercado de construções sustentáveis partiu de um patamar de 3% do PIB geral da construção civil brasileira em 2010, para 9% em 2012. O registro de empreendimentos que buscam obter a certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), principal certificadora do gênero no Brasil, partiu de 1 projeto em 2004 para 219 pedidos em 2012. O Brasil já registra um total de 109 edificações devidamente certificadas como sustentáveis e ocupa a 4ª posição no mundo nesse cenário atrás de EUA, China e Emirados Árabes.

Ainda é pouco, principalmente se levarmos em conta o boom do mercado imobiliário nos últimos anos, mas demonstra uma crescente preocupação com os impactos causados pelo setor. Um estudo realizado pela Universidade de Oxford (Inglaterra), feito a pedido da OIT (Organização Internacional do Trabalho), constatou ser o setor da construção civil responsável por 40% das emissões dos gases de efeito estufa do planeta. Além disso, os custos maiores de uma obra sustentável que podem atingir de 1 a 3%, pouco mais do que uma construção convencional, serão plenamente compensados se analisarmos que ao longo da vida útil de um edifício, 80% dos custos envolvem gastos com manutenção. Portanto, redução nos consumos de energia, água e o uso de materiais locais e menos agressivos ao meio ambiente que já contribuem positivamente para a sustentabilidade, também irá aliviar o desembolso mensal daqueles que optarem por essas obras mais sustentáveis.
Políticas públicas. Mas é verdade também que mais do que o crescimento das construções sustentáveis - ou novas ecovilas - e mesmo o desenvolvimento de núcleos de moradias autossuficientes será preciso um envolvimento mais sério dos nossos gestores públicos responsáveis pela elaboração de macro políticas urbanistas. Será preciso uma nova visão que pense as atuais cidades e as futuras aglomerações urbanas de modo a priorizar uma maior integração com o meio ambiente e o uso racional de todos os recursos disponíveis. Prioridade também para o bem viver de todos, mais próximo de uma imagem do paraíso, ao invés do inferno atual das metrópoles. Mais harmonia no dia a dia e menos estresses cotidianos que empobrecem as nossas rotinas e prejudicam a saúde física e psicológica de tantas pessoas.

E, antes de mais nada, possam fazer a simples e óbvia pergunta que ainda não foi respondida no início dessa missiva e que de certa maneira também não foi feita ao longo de toda a nossa história, afinal, qual é mesmo o habitat do ser humano? Quem se habilita?

Artigo publicado originalmente na coluna do autor no site da revista Carta Capital: http://www.cartacapital.com.br/

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10 setembro 2013

Construção civil: empresa adota tecnologia que faz despencar impacto ambiental


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Marcelo Monteiro de Miranda (Precon Engenharia) durante exposição. Foto: Clovis Fabiano
SHP permite expansão de moradias erguidas em menos tempo a custo reduzido.
Tudo o que se refere à construção civil é superlativo. Grandes obras embutem enormes impactos ambientais, como alta produção e descarte de resíduos sólidos e forte consumo de água e energia. No Brasil, a geração de resíduos da construção chega a 50% do total. Os desperdícios do setor também são grandiosos.
A Precon Engenharia, de Minas Gerais, encontrou um caminho que pode nortear empresas similares. Após exaustivas pesquisas, há três anos criou a Solução Habitacional Precon (SHP), tecnologia que agrega o uso de fôrmas metálicas, blocos cerâmicos em dimensões padronizadas, concretagem automatizada e elementos pré-fabricados, entre outros materiais modulares. Para Marcelo Monteiro de Miranda, diretor da empresa, a ideia é a mesma de um chassis de carro. “Você pode usar o acabamento que quiser, a cor que achar melhor, mas o chassis, a base, é a mesma”, explicou.
São gigantescos os ganhos com esse formato de produção. Para se ter uma ideia, a geração média de resíduos nas construções tradicionais é de 150 kgs/m², enquanto no sistema da SHP a queda é para impressionantes 28 kgs/m², uma redução de 81%. Até 2015, a construtora espera gerar 90% menos resíduos em relação às obras de construção convencionais.
O tempo médio para as construções modulares é simplesmente a metade em relação às comuns, fator que influencia fortemente na direção dos ganhos financeiros, inclusive para o comprador final. Em muitos casos, a prestação da casa própria é paga simultaneamente ao aluguel, enquanto a construção está sendo erguida. Quanto menor for o tempo de construção, mais reduzido será o custo para as famílias que adquirirem seu primeiro imóvel.
Mais leves, os materiais modulares possibilitaram a contratação de 30% de mulheres, fator está que ganhando escala na construção civil. O trabalho permanente das fábricas da SHP também foi capaz de melhorar as condições de trabalho e criar mecanismos para aumento da capacitação da mão-de-obra.
Menor desperdício e maior qualidade das construções levou também à boa notícia do lucro. Em 2010, a SHP tinha 16 clientes em uma cidade apenas. Hoje já são 700 clientes em seis municípios distintos. Para 2015, a previsão é de alcançar 2 mil clientes em 12 municípios.
Reinaldo Canto, especial para o Ethos
(Envolverde)

Uniethos-Deloitte: instituições financeiras ainda muito distantes da sustentabilidade


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No painel da Conferência Ethos, logos de instituiç!oes financeiras participantes. Foto: Fernando Manoel
Em breve, resolução do Bacen deve tornar obrigatória adoção de política de responsabilidade socioambiental.
O estudo intitulado “Sustentabilidade nas Instituições Financeiras”, divulgado pelo Uniethos e a consultoria Deloitte nesta quarta-feira (4), segundo dia da Conferência Ethos 2013, revelou o pouco interesse que o tema ainda desperta no setor, apesar dos riscos existentes para o desenvolvimento econômico do Brasil, entre eles os causados pelas mudanças climáticas, poluição e esgotamento dos recursos naturais, o que impacta de frente o lucro desejado.
Com exceção de alguns grandes bancos, o que os números mostraram foi que, entre as 2.500 instituições financeiras atuantes no território nacional, “é possível contar nos dedos as que efetivamente possuem uma política de responsabilidade socioambiental”, como ressaltou Regi Magalhães, gerente-executivo do Uniethos.
A pesquisa foi trabalhada em duas frentes: a primeira ouviu mais detalhadamente 40 dessas instituições; enquanto a segunda se constituiu em questionários enviados para outras 888, que responderam livremente sobre sua atuação.
O resultado de ambas as consultas não pode ser considerado muito animador. A enquete feita com o grupo seleto de organizações indicou que apenas 29% delas possuem comitê de responsabilidade socioambiental; 38% seguem os Princípios do Equador, o Protocolo Verde e fazem seus relatórios seguindo a plataforma GRI (Global Reporting Initiative). Ainda neste núcleo, pouco mais da metade (55%) faz avaliação prévia de riscos ambientais e 82% não incluem critérios de sustentabilidade para o cálculo da remuneração variável de seus executivos. Este último dado evidencia o pouco interesse dado pelas empresas quanto a este fator.
Já entre as quase 900 instituições financeiras participantes da segunda rodada, somente 50 adotam políticas de responsabilidade socioambiental, 86 publicam relatórios de sustentabilidade e 92 praticam gestão de risco socioambiental. Em suma, cerca de 10% das entidades que se submeteram à consulta apresentam um trabalho mais efetivo ligado à sustentabilidade.
Normativa – Camila Araújo, sócia da área de Gestão de Riscos e Sustentabilidade da Deloitte, lembrou que está em discussão no Banco Central uma resolução que deverá estabelecer, de forma obrigatória, a implantação de uma política de responsabilidade socioambiental – até agora de adesão voluntária. A medida, ainda sem data para entrar em vigor, tem entre suas obrigações contemplar os impactos socioambientais de serviços e produtos financeiros; a avaliação dos riscos e oportunidades relacionados às mudanças climáticas e à biodiversidade e o gerenciamento do risco socioambiental.
Além disso, também deverá considerar a avaliação das operações do risco socioambiental, com base em critérios consistentes e passíveis de verificação. Segundo Camila, as instituições financeiras estão muito atrasadas, pois será apenas uma questão de tempo a implementação da nova resolução. Para a gestora da Deloitte, “a ação do Bacen oficializa a preocupação demonstrada ainda por algumas instituições”.
Reinaldo Canto, especial para o Ethos
(Envolverde)