10 setembro 2013

Uniethos-Deloitte: instituições financeiras ainda muito distantes da sustentabilidade


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No painel da Conferência Ethos, logos de instituiç!oes financeiras participantes. Foto: Fernando Manoel
Em breve, resolução do Bacen deve tornar obrigatória adoção de política de responsabilidade socioambiental.
O estudo intitulado “Sustentabilidade nas Instituições Financeiras”, divulgado pelo Uniethos e a consultoria Deloitte nesta quarta-feira (4), segundo dia da Conferência Ethos 2013, revelou o pouco interesse que o tema ainda desperta no setor, apesar dos riscos existentes para o desenvolvimento econômico do Brasil, entre eles os causados pelas mudanças climáticas, poluição e esgotamento dos recursos naturais, o que impacta de frente o lucro desejado.
Com exceção de alguns grandes bancos, o que os números mostraram foi que, entre as 2.500 instituições financeiras atuantes no território nacional, “é possível contar nos dedos as que efetivamente possuem uma política de responsabilidade socioambiental”, como ressaltou Regi Magalhães, gerente-executivo do Uniethos.
A pesquisa foi trabalhada em duas frentes: a primeira ouviu mais detalhadamente 40 dessas instituições; enquanto a segunda se constituiu em questionários enviados para outras 888, que responderam livremente sobre sua atuação.
O resultado de ambas as consultas não pode ser considerado muito animador. A enquete feita com o grupo seleto de organizações indicou que apenas 29% delas possuem comitê de responsabilidade socioambiental; 38% seguem os Princípios do Equador, o Protocolo Verde e fazem seus relatórios seguindo a plataforma GRI (Global Reporting Initiative). Ainda neste núcleo, pouco mais da metade (55%) faz avaliação prévia de riscos ambientais e 82% não incluem critérios de sustentabilidade para o cálculo da remuneração variável de seus executivos. Este último dado evidencia o pouco interesse dado pelas empresas quanto a este fator.
Já entre as quase 900 instituições financeiras participantes da segunda rodada, somente 50 adotam políticas de responsabilidade socioambiental, 86 publicam relatórios de sustentabilidade e 92 praticam gestão de risco socioambiental. Em suma, cerca de 10% das entidades que se submeteram à consulta apresentam um trabalho mais efetivo ligado à sustentabilidade.
Normativa – Camila Araújo, sócia da área de Gestão de Riscos e Sustentabilidade da Deloitte, lembrou que está em discussão no Banco Central uma resolução que deverá estabelecer, de forma obrigatória, a implantação de uma política de responsabilidade socioambiental – até agora de adesão voluntária. A medida, ainda sem data para entrar em vigor, tem entre suas obrigações contemplar os impactos socioambientais de serviços e produtos financeiros; a avaliação dos riscos e oportunidades relacionados às mudanças climáticas e à biodiversidade e o gerenciamento do risco socioambiental.
Além disso, também deverá considerar a avaliação das operações do risco socioambiental, com base em critérios consistentes e passíveis de verificação. Segundo Camila, as instituições financeiras estão muito atrasadas, pois será apenas uma questão de tempo a implementação da nova resolução. Para a gestora da Deloitte, “a ação do Bacen oficializa a preocupação demonstrada ainda por algumas instituições”.
Reinaldo Canto, especial para o Ethos
(Envolverde)

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