JBS alcança autossuficiência econômica na gestão de resíduos e reduz os impactos ao meio ambiente.
Um grande desafio e sinal de inteligência nos negócios para qualquer organização é transformar um problema em solução. Ou ao menos chegar perto disso. A cada dia as empresas se deparam com situações mais delicadas quando o assunto é a geração de resíduos de suas atividades.
Para a JBS, maior empresa na produção de proteína animal do mundo, esse desafio tem ainda peculiaridades que dificultam fazer a gestão da enorme quantidade de resíduos resultantes de seus processos de produção em mais de 70 plantas industriais, sendo 44 frigoríficos. A maior parte desse material está exatamente nos frigoríficos que, em razão dos abates e desossa resultante da industrialização da carne, geram resíduos com sangue que possuem baixo valor e de difícil venda ou descarte. Além desses, o grupo JBS possui outras atividades como a fabricação de sabonetes, biodiesel, latas de aço e couro.
Diante desse cenário, a multinacional decidiu no início de 2012 pela criação da empresa JBS Ambiental Recicladora, que tem como principal missão, dar soluções para o gerenciamento dos resíduos do grupo por meio da reciclagem e da revenda. Para Andressa de Mello, diretora da JBS Ambiental, o objetivo está sendo plenamente alcançado, apesar de ainda existirem inúmeras questões a serem trabalhadas.
O que antes representava um custo grande para a empresa dar destino adequado dos resíduos, a nova área de negócios já obteve alguns bons resultados, como redução nas despesas com descarte e destinação; minimização do passivo e riscos ambientais; e implementação em todo o grupo de uma visão sobre a importância da sustentabilidade para o futuro dos negócios.
Alguns números emblemáticos desse trabalho realizado durante todo o ano passado revelam o sucesso da empreitada para a empresa, colaboradores e meio ambiente. O volume total de resíduos coletados foi de 2.000 toneladas por mês. Desse total, foram tratadas e, posteriormente, vendidas, 2.300 toneladas de resinas plásticas e mais de 100 outros tipos de resíduos. O faturamento em 2012 com essas atividades chegou à marca de R$ 33 milhões. Mas os ganhos obtidos pela empresa vão muito além dos financeiros.
Andressa conta que esse trabalho contribui para a conquista de novos clientes e a garantia de manutenção dos atuais, principalmente os do exterior, pois os frigoríficos são constantemente auditados e certificados. O quesito resíduos tem sido aprovado em todas essas auditorias nas sete centrais de gerenciamento de resíduos mantidos pela empresa em frigoríficos.
Rastreabilidade, trabalho social e parcerias – Pouco comum no setor, a JBS também adotou o sistema de rastreabilidade de todos os resíduos resultantes de seus processos. Dessa maneira, a empresa garante o controle detalhado da destinação dos materiais e minimiza os riscos ambientais.
Paralelamente, é realizado um trabalho de educação ambiental destinado aos funcionários e extensivo às suas famílias sobre reciclagem, economia de recursos, gestão e processos, entre os principais temas.
Outro aspecto importante do trabalho da JBS Ambiental Recicladora está no fomento ao empreendedorismo e criação de novos negócios. Em cada central de gerenciamento de resíduos são identificados os possíveis clientes e/ou parceiros locais para trabalhar em conjunto. Também são estimuladas parcerias que sejam capazes de gerar valor agregado para tipos diferentes de resíduos e possíveis novos negócios.
Nesse último destaque feito por Andressa está contemplado o que prevê a Política Nacional de Resíduos Sólidos, que fala exatamente em responsabilidade compartilhada nas soluções que envolvem toda a geração de resíduos no país. “Não daríamos conta de montar uma logística reversa de pós-consumo”, afirma. Ela ainda faz um alerta para concorrentes, mas que vale para todo o setor empresarial: “se cada empresa se preocupar em criar o seu próprio modelo de gestão de resíduos, acabará por comprometer o todo”.
Por Reinaldo Canto, especial para o Ethos
(Envolverde)
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