23 junho 2012

Rio+20: Cidades deram bom exemplo. Agora faltam os países



Por Reinaldo Canto

Enquanto áridas discussões tomam conta do palco principal da Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, aqui no Riocentro algumas boas iniciativas surgem do lado de fora do encontro principal.
Os prefeitos de algumas das cidades mais populosas do mundo, reunidos no fórum C40, decidiram estabelecer metas de reduzir a emissão dos gases de efeito estufa em 248 milhões de toneladas até 2020 e de 1,3 bilhões de toneladas até 2030.
A título de comparação, a diminuição das emissões até 2030 é o correspondente aos que México e Canadá juntos lançam para a atmosfera anualmente. Durante o anúncio, o prefeito de Nova York Michael Bloomberg afirmou que “o acordo mostra o forte compromisso das cidades para liderar a luta contra a mudança climática”.
O C40 é formado por 59 cidades cuja população total ultrapassa os 544 milhões de pessoas, e só elas são responsáveis por 14% das emissões dos gases causadores do aquecimento global.
Bloomberg também não perdeu a oportunidade de alfinetar os integrantes do encontro oficial: “Não podemos esperar as decisões dos governos (nacionais)”.
Texto fraco e decepcionante
E o prefeito de Nova York não deve esperar mesmo, caso a conferência siga os passos do texto consensual apresentado pelo Brasil.
Criticado por todos, o documento buscou conciliar os interesses de europeus de um lado, norte-americanos de outro, além de tentar agradar aos países em desenvolvimento. Resultado: não agradou a ninguém, pois a ausência de compromissos concretos tornou o texto vago e vazio demais até mesmo para os céticos.
Conforme definiu Antonio Patriota, ministro das Relações Exteriores, “todos estão igualmente insatisfeitos, mas entendendo que é o único caminho para o acordo”. Mas, estamos falando de que tipo de acordo?

Não restam dúvidas quanto as dificuldades enfrentadas pelo Brasil para  administrar interesses tão díspares. De qualquer forma, da maneira que foi conduzido, a Conferência Rio+20 irá simplesmente “jogar” para 2014 algumas de suas principais incumbências.
Em relação ao financiamento de ações em prol do desenvolvimento sustentável, entre eles, a erradicação da pobreza e o acesso à água, por exemplo, a tarefa de definir recursos e a criação de um fundo com as respectivas fontes de financiamento ficarão a cargo de um comitê intergovernamental até 2014.
Até mesmo os chamados Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, tão caros aos organizadores do encontro, vão também ficar para depois. Um grupo de trabalho estará incumbido de estabelecer suas metas e, posteriormente serão entregues à Assembléia das Nações Unidas no final de 2014.
Ao menos duas questões parecem ter atingido a unanimidade até a manhã desta quinta-feira 21: a insatisfação geral e a inadiável necessidade de buscar novos caminhos para a humanidade.
O documento-base das discussões que ocorrem aqui no Rio de Janeiro cita inúmeras vezes a palavra “urgente” deixando uma clara ideia da preocupação compartilhada por todos os países. E se ao lado da urgência é nítida a insatisfação reinante entre os participantes da conferencia, o que será preciso para uma mudança no comportamento letárgico das delegações?
Talvez, para começo de conversa, ao menos ouvir com mais atenção os muitos sinais que chegam a todo momento do lado de fora dos muros e paredes do Riocentro.

20 junho 2012

A população brasileira não sabe o que é a Rio+20

Por Reinaldo Canto*

Para quem acompanha as notícias sobre a Rio+20, fica a impressão de que toda a sociedade brasileira está discutindo os principais temas da Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, que começa nesta quarta 13. É, na verdade, uma doce e triste ilusão de poucos diante da maioria da população que segue em seu cotidiano sem ter a mínima ideia do que é essa tal de Rio+ … o que mesmo?

Essa foi a constatação de um estudo divulgado pelo Ministério do Meio Ambiente apenas uma semana antes do início do encontro. Segundo a pesquisa intitulada “O que o brasileiro pensa do meio ambiente e do consumo sustentável”, 78% dos brasileiros desconhecem a conferência. Da enquete participaram 2 mil pessoas. O meio ambiente ocupou a 6ª colocação dos problemas nacionais, citado por 13% dos entrevistados. A saúde ocupa o primeiro lugar (81%); em segundo, a violência (65%) e, na sequência, o desemprego (34%). Ao comentar os resultados, a ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira demonstrou otimismo, pois segundo ela, na época da Eco-92, 6% dos entrevistados disseram conhecer a conferência, contra os atuais 22%. Será mesmo motivo de alguma satisfação alcançar esses números, mesmo que superiores em comparação aos de 1992?

O agravamento dos problemas ambientais e de um mundo cada vez mais insustentável não seriam razões suficientes para a ampliação exponencial na percepção das pessoas quanto à importância do evento? Para ¾ da população brasileira a resposta para a segunda questão é, simplesmente: não!

O desafio da Cúpula dos Povos

Tais resultados não contribuem para mudar o atual estado de coisas no qual os países e as grandes corporações tentam acomodar seus interesses particulares com o mínimo esforço. A esperança de muitos, durante o encontro, ainda reside na mobilização das organizações da sociedade civil no sentido de pressionar nossos líderes a tomar decisões efetivas que coloquem o planeta no rumo do desenvolvimento sustentável.

As milhares de pessoas que estarão reunidas no Aterro do Flamengo vindas de todas as partes do mundo para participar da Cúpula dos Povos, evento paralelo à Rio+20, terão agora que redobrar seus esforços e gritar ainda mais alto para fazer frente a pauta oficial da conferência baseada na economia verde e na institucionalidade global, consideradas pelos organizadores da Cúpula dos Povos como “insatisfatória para lidar com a crise do planeta, causada pelos modelos de produção e consumo capitalistas”.

O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon já alertou para a oportunidade única representada pela conferência, “a Rio+20 é uma chance em uma geração para conseguir progressos em direção à economia sustentável no futuro e se a perdermos, precisaremos esperar por muito tempo”.

Talvez seja esperar demais das autoridades mundiais que estarão reunidas no Riocentro a partir do dia 20/06, ações sustentáveis de alcance mundial. Ou não? Quem sabe o soar dos tambores no Aterro sensibilizem os poderosos da Terra a sair de seus ilusórios “quadrados” e sejam capazes de ouvir as vozes de uma parte da sociedade que anseia por um mundo mais justo, equilibrado e sustentável.

*Reinaldo Canto é jornalista, consultor e palestrante. Foi diretor de Comunicação do Greenpeace e coordenador de Comunicação do Instituto Akatu. É colunista da revista Carta Capital, colaborador da Envolverde e professor de Gestão Ambiental na FAPPES.
Artigo publicado originalmente na coluna do autor no site da revista Carta Capital: http://www.cartacapital.com.br/carta-verde/a-populacao-brasileira-nao-sabe-o-que-e-a-rio20/?autor=599 Blog: cantodasustentabilidade.blogspot.com s ite: www.ecocanto21.com.br email: reicanto@uol.com.br Linkedin: Reinaldo Canto Facebook: Reinaldo Canto MSN: rreicanto@hotmail.com Skype: reinaldo.canto Twitter: @ReinaldoCanto

22 maio 2012

NOVO CURSO - INSCREVA-SE

Política Nacional de Resíduos Sólidos: oportunidades e desafios



Como se adaptar a essa nova realidade e aos novos nichos de negócios

Local: São Paulo
Data:11 de junho de 2012 - 2ª feira - das 10h às 19h
Facilitador: Ivan de Oliveira Mello , Reinaldo Canto
Carga Horária: 8 horas
A nova Política Nacional de Resíduos Sólidos irá transformar e modificar radicalmente os atuais modelos de produção e descarte em todo o país.
Oportunidades profissionais irão surgir e novos nichos de negócios serão criados. Para fazer parte deste cenário, será preciso entender e ser capaz de se adaptar a essa nova realidade – independente de qual seja o setor de atuação: público, privado ou Terceiro Setor.
Neste treinamento serão apresentados conceitos sobre a Lei de Resíduos Sólidos, cases de sucesso e novos negócios promissores em áreas diversas.
Conteúdo programático:
  • Panorama do consumo de matérias-primas:
    • Esgotamento dos recursos naturais;
    • Análise da situação das reservas de matérias-primas;
    • Consumo exagerado de insumos básicos;

  • Desperdícios e armazenamento de lixo:
    • Sociedade do consumo e do descartável;
    • Materiais reutilizáveis e/ou recicláveis;
    • O colapso do armazenamento de lixo nas grandes cidades;

  • Conhecendo as origens de um produto:
    • Ciclo de vida e cadeia produtiva;
    • Consequências atuais dos descartes irresponsáveis;
    • Logística Reversa e seus benefícios;
    • Panorama geral da coleta seletiva;

  • A Lei dos Resíduos Sólidos:
    • Histórico da aprovação da PNRS;
    • Principais pontos e desafios (setores Público, Privado e Terceiro Setor);
    • O que e quando deverá ser implementado;
    • Responsabilidade Compartilhada;
    • As leis internacionais para a área de Resíduos Sólidos;

  • Novos Negócios/Novas oportunidades:
    • Empreendedorismo em alta;
    • Planos de Manejo;
    • Projetos em parceria com o Poder Público;
    • A industrialização dos resíduos;
    • O Futuro conectado aos projetos de desenvolvimento limpo.

..:: Horários do treinamento ::..
9h - Credenciamento e café de boas vindas
10h - Treinamento – Parte 1
12h30 - Pausa para almoço
13h30 - Treinamento – Parte 2
16h - Pausa para café
16h30 - Treinamento – Parte 3
19h - Fim de nossas atividades
Facilitadores:

Ivan de Oliveira Mello

Facilitador
Ivan de Oliveira Mello
Formado pela Universidade Anhembi Morumbi - UAM em Gestão de Comércio Eletrônico e MBA em Gestão de Marketing pela ESAMC. Psicologia pela USP e Administração de Empresas pela UAM e pós-graduação em Gestão de meio ambiente pela Escola de Contas do Tribunal de Contas do Município de São Paulo. Foi chefe de Gabinete do Vereador Aurélio Nomura na Câmara Municipal de São Paulo onde elaborou dezenas de projetos de lei, além de fazer a articulação junto às comissões pertinentes e trabalhou na liderança do PSDB na Câmara Municipal de São Paulo como assessor legislativo. Responsável por Parcerias e Projetos no Núcleo Avançado de Pesquisas da Universidade de São Paulo – Escola do Futuro, na estruturação de pesquisas para a implantação de tecnologias de informação e comunicação com foco na educação. É diretor comercial da Kapte Consultoria e Capacitação em Ecoeficiência, coordenador e professor na FUNDACE – USP do curso “Lei Nacional de Resíduos Sólidos – Impactos na Gestão Empresarial”.

Reinaldo Canto

Facilitador
Reinaldo Canto

Jornalista formado pela Cásper Líbero e pós-graduado em Inteligência Empresarial e Gestão do Conhecimento pela UFRJ. Com 31 anos de profissão passou pelas principais emissoras de televisão e rádio do país, entre elas, Record, Globo, SBT, Bandeirantes e Jovem Pan, trabalhou como assessor de imprensa de grandes empresas como Banespa e Cosesp, além de ter sido colaborador de revistas da Editora Abril como Arquitetura e Construção e Casa Claudia. Nos últimos anos especializou-se em sustentabilidade e consumo consciente. Nesse período foi Diretor de Comunicação do Greenpeace, coordenador de comunicação do Instituto Akatu pelo Consumo Consciente, colaborador em projetos do Instituto Ethos e correspondente da Carta Capital, da Envolverde e de outras mídias ambientais na COP-15 em Copenhague.

Auditório Engº João Francisco Zeppelini São Paulo-Estados

Rua Bela Cintra, 178
Consolação (Centro) - São Paulo/SP CEP 01415-000

Outras informações:

(11) 2281-9643

18 maio 2012

Programa Fiscais da Natureza


Foto tirada durante a gravação para o Programa "Fiscais da Natureza" de Priscila Kirsner

Hoje tive a honra de receber aqui no estúdio o jornalista ambiental Reinaldo Canto.

Ele é colunista da Revista CartaCapital , colaborador do site Envolverde Jornalismo E Sustentabilidade , foi diretor de comunicação do Greenpeace Brasil, finalista do premio Allianz Seguros de Jornalismo e hoje, nosso entrevistado especial !


A entrevista estará na próxima quinta no site
www.fiscaisdanatureza.com.br

17 maio 2012

3º Circuito Verde do TRC-RJ - Transporte Esta Idéia

A terceira edição do Circuito Verde do TRC-RJ, promovida pela Federação do Transporte de Cargas do Estado do Rio de Janeiro (FETRANSCARGA) com o apoio da Confederação Nacional do Transporte (CNT) e do Sindicato das Empresas do Transporte Rodoviário de Cargas do Estado do Rio de Janeiro (SINDICARGA), será realizada no dia 23 de maio de 2012, de 9h às 18 horas, na sede da entidade e do sindicato. Criado em 2009, como fórum permanente de análise e debate de questões voltadas à preservação do meio ambiente, sob o foco da gestão empresarial – a exemplo do Selo Verde (PROCON FUMAÇA PRETA) e do Programa DESPOLUIR, praticados regularmente pela FETRANSCARGA -, o Circuito Verde do TRC-RJ busca fomentar a conscientização e o engajamento de empresários, trabalhadores do Transporte e da própria sociedade em prol do desenvolvimento econômico sustentável. Este ano, o 3º Circuito Verde do TRC-RJ abordará temas como reuso de água, sistemas de tratamento de resíduos, renovação de frota e redução da emissão de gás carbônico e material particulado na atmosfera, entre outros. A organização espera um público de, aproximadamente, 200 pessoas, já estando confirmada a presença de líderes, empresários executivos e fornecedores do setor, além de autoridades de diferentes áreas – Meio Ambiente, Segurança Pública, Educação – e representantes de demais segmentos econômicos. PROGRAMAÇÃO 9h Credenciamento / Welcome Coffee 10h Abertura 10h30 Palestra – Desenvolvimento Sustentável: inserção da pessoa com deficiência física no mercado de trabalho Mônica Lyra, do Instituto Gente Integrada (IGI) 11h Palestra – Qualidade do Ar Carlos Alberto Fonteles e Mariana Palagano, do Instituto Estadual do Ambiente (INEA) 11h30 Coffee Break 11h45 Palestra – Reuso de Água UTK do Brasil – Engenharia e Treinamento de Água 12h15 Palestra – Rótulos e Paradigmas da Sustentabilidade Reinaldo Canto, da Envolverde – Jornalismo e Sustentabilidade 13h30 Almoço 15h Coquetel e Música ao vivo Atividade extra (paralela ao evento) 10h30 Mesa Redonda – Rio+20 – Carta do TRC-RJ – Transporte e Sustentabilidade Participação: UFRJ / UNISUAM / SEST SENAT / COMJOVEM-RJ

03 maio 2012

Pecuária certificada: a quebra de um paradigma

Por Reinaldo Canto*

Uma pecuária certificada e sustentável?
Algo inimaginável há muito pouco tempo começou a tomar forma, pelo menos com um exemplo que poderá dar nova fisionomia a um dos setores mais conservadores e refratários a inovações sustentáveis.
Afinal, se existe uma atividade econômica rotulada como pouco afeita a adotar critérios de sustentabilidade em seu negócios, principalmente, aqui pelas terras de Pindorama, é sem dúvida a pecuária.
No caudaloso cipoal de acusações consta a de contribuir da categoria para: desmatamento da Amazônia, degradação do solo, poluição do ar e da água, a responsabilidade por ocasionar perdas consideráveis à biodiversidade e ao agravamento do aquecimento global e das mudanças climáticas.
A FAO, órgão das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação, já classificou a atividade como uma das maiores contribuintes para o acirramento dos problemas ambientais.
Para complicar ainda mais a má fama dos boizinhos e vaquinhas que compõem o enorme rebanho brasileiro, com mais de 200 milhões de cabeças (2º maior do mundo atrás apenas dos EUA e 2º maior exportador de carne do planeta depois da Austrália), estudos indicam que em um hectare utilizado pela pecuária são produzidos apenas 34 quilos de carne.
No mesmo espaço é possível produzir quase 4 toneladas de feijão e 6.500 quilos de milho, por exemplo.
O consumo de água também é cinco vezes maior na pecuária do que na produção de cereais, de acordo com a FAO.
São argumentos poderosos para os que defendem dietas vegetarianas, oua redução significativa do consumo de carne.

As justificativas utilizadas até agora pelos conservadores pecuaristas integrantes desse poderoso setor econômico sempre foram baseados nos dividendos obtidos pelas exportações.
Afinal, o dinheiro pode tudo, ou não?
Pois há quem discorde dessa afirmação e busque ensaiar uma positiva mudança na cadeia produtiva da carne brasileira.
A Fazenda São Marcelo, pertencente ao grupo JD e localizada no Mato Grosso, acaba de conquistar a primeira certificação da Rede de Agricultura Sustentável no mundo para a pecuária, concedida pelo Imaflora (certificadora oficial da Rain Forest Alliance no Brasil).
Para fazer jus ao selo, a São Marcelo atendeu a 136 critérios diferentes ligados a práticas socioambientais e sustentáveis de produção, entre elas, o rastreamento integral de todo o gado da fazenda; cuidados específicos em relação ao bem estar animal; recuperação de áreas degradadas e o apoio ao aperfeiçoamento e reciclagem para os funcionários.
A fazenda possui duas reservas particulares de patrimônio natural e por meio de um termo de cooperação técnica com o Ibama matogrossense, realiza um trabalho de recuperação e soltura de animais apreendidos.

Diferencial competitivo
Mas o que leva uma fazenda de gado a buscar uma certificação como essa, praticamente, indo na contramão das práticas de suas congêneres?
Proprietário da São Marcelo, o empresário e pecuarista Arnaldo Eijsink , fornecedor da Brasil Foods e do Frigorífico Marfrig, explica que existem inúmeras vantagens em receber um selo de qualidade como o do Imaflora, conferindo ao seu produto um diferencial competitivo.
 Para quem exporta essa é, sem dúvida, uma grande diferença.
De olho nas exigências cada vez maiores do mercado internacional, Arnaldo acredita no aumento de vendas para novos compradores que procuram adquirir uma carne de origem comprovada e certificada.
Outros ganhos estão agregados ao sistema de gestão socioambiental e que levam em conta o devido respeito aos ciclos naturais e a preservação da biodiversidade local. “Observamos uma infestação menor de pragas e doenças e a redução nos gastos com produtos químicos”, afirma Arnaldo.
Ele destaca ainda, que a rotatividade de mão-de-obra, muito comum no setor, é pequena na São Marcelo, em virtude da satisfação dos funcionários.

Será que essa primeira fazenda certificada irá efetivamente influenciar para que ocorram mudanças consistentes na pecuária brasileira?
“Em primeiro lugar é preciso entender que é um setor heterogêneo”, afirma Luis Fernando Guedes Pinto, gerente de certificação da Imaflora, “portanto é possível obter avanços”, conclui com otimismo. Isso não significa que o desafio não seja enorme.
O próprio Luis Fernando lembra que a pecuária, de modo geral, é um dos setores mais atrasados. Daqueles que faz baixo uso de tecnologia, possui visão de curto prazo e em geral termina por não agregar valor a seus produtos.
Exatamente para que a carne da São Marcelo alcance o almejado valor agregado e seja reconhecida pelo consumidor final por suas vantagens e méritos é que o objetivo agora é buscar frigoríficos, supermercados e até mesmo restaurantes que apoiem e garantam visibilidade a essa iniciativa.
Mesmo que esse grande avanço chegue a mais propriedades e até mesmo reduza significativamente o enorme impacto causado pela atividade boa parte dela ilegal, ainda teremos um longo caminho para alcançar algo que se possa chamar de sustentável.
A nós consumidores resta a tarefa de adquirir produtos certificados ou de origem legal, mas também a de fazer mudanças importantes em nossa dieta alimentar.
Um consumo menor ou mesmo livre de carne traria enormes benefícios ao nosso meio ambiente.
Enquanto as grandes transformações alimentares dos humanos não se tornam realidade, resta-nos aplaudir alguns avanços e esperar que passos importantes sejam dados rumo a uma economia e um mundo menos insustentável para o bem geral, das pessoas, mas também dos boizinhos, das vaquinhas e de outros seres que por aqui habitam.

*Reinaldo Canto é jornalista, consultor e palestrante. Foi diretor de Comunicação do Greenpeace e coordenador de Comunicação do Instituto Akatu. É colunista da revista Carta Capital, colaborador da Envolverde e professor de Gestão Ambiental na FAPPES.

Artigo publicado originalmente na coluna do autor no site da revista
Carta Capital: http://www.cartacapital.com.br/economia/pecuaria-certificada-a-quebra-de-um-paradigma/?autor=599
Blog: cantodasustentabilidade.blogspot.com s
ite: www.ecocanto21.com.br email: reicanto@uol.com.br
Linkedin: Reinaldo Canto
Facebook: Reinaldo Canto
MSN: rreicanto@hotmail.com
Skype: reinaldo.canto
Twitter: @ReinaldoCanto

27 abril 2012