Por Reinaldo Canto*, Especial para a Envolverde –
Nós que estamos em quarentena, seguindo as recomendações da OMS, não podemos reclamar de tédio durante a pandemia. Sequer precisamos recorrer a séries ficcionais para nosso entretenimento, mas diferentemente das estórias criadas por roteiristas, a triste realidade que toma conta do nosso país entristece e preocupa todos os brasileiros que gostariam de habitar um outro país que buscasse, antes de mais nada, o bem comum.
Crises políticas sucessivas e criadas pelo presidente em meio a maior crise da nossa história colocam em risco o futuro da nossa Democracia. As ameaças e os ataques são realizados sem trégua testando a capacidade da Sociedade em resistir às tentativas do governo federal em minar as instituições e os poderes constituídos.
Esse cenário preocupante nos coloca frente a uma urgência: é chegada a hora dos movimentos democráticos trabalharem de maneira harmoniosa para defender as mais diversas áreas que interessam a todos indistintamente. As que vão da defesa das instituições, dos direitos humanos passando pela educação, o meio ambiente e a saúde.
A revoltante omissão do governo federal diante da pandemia e ainda mais buscando enfraquecer, destruir os alicerces da democracia brasileira em nome de uma paranoia sem precedentes contra inimigos imaginários levará, caso não sejamos capazes de reagir, a um caos de proporções inimagináveis.
A destruição ambiental como meta de governo
Nós que trabalhamos com temas ambientais e da sustentabilidade nunca tivemos vida fácil para levar à Sociedade informações e projetos vitais para o nosso futuro comum, mas o que temos assistido neste quase um ano e meio de governo Bolsonaro é uma tentativa nefasta de jogar por terra todo o arcabouço legal construído nos últimos 30 anos. Legislação que passou por governos com propostas as mais diversas, mas todos, uns mais outros menos, nunca negaram a importância do patrimônio natural brasileiro. E, claro, não é por acaso que oito ex-ministros do meio ambiente vêm se pronunciando contra o desmonte ambiental do país. Todos eles se colocando contrários à atuação nefasta de Ricardo Salles.
Difícil identificar Salles como ministro do meio ambiente, pois sua atuação, assim como já havia ocorrido quando secretário da mesma pasta em São Paulo, tem sempre sido conduzida de maneira autoritária, truculenta e quase sempre mesmo contra as leis vigentes. Demitiu e desautorizou servidores cumpridores de suas funções; desprezou a história e a posição dos povos tradicionais e desconsiderou a atuação de décadas de organizações ambientalistas, para ficarmos em apenas alguns exemplos. Após a divulgação do vídeo sua atuação antiética e profundamente desonesta ficou ainda mais nítida.
As novas informações sobre o modus operandi do “ministro” que surgiram da tal “reunião ministerial” só reforçam essa postura indigna ao cargo que ocupa. Aproveitar a atenção da mídia para a cobertura da pandemia e passar a boiada? Esse tipo de declaração deveria levar à demissão sumária, pois revela, em minha opinião, uma traição aos interesses do Brasil e dos Brasileiros!
Já passou da hora de darmos às mãos e lutarmos juntos!
E por falar em traição, o circo de horrores na reunião “ministerial”, se é que dá para se receber essa denominação, apresentou ainda outros momentos desprezíveis protagonizados por “ministros” como da “educação” e dos “direitos humanos”, além é claro do “presidente da república”.
Isso tudo nos leva a uma reflexão, por que todos os que lutam por um país mais justo, próspero e democrático ainda não estamos atuando como uma única voz? Por que nossas forças não estão trabalhando juntas para combater esse cenário de terror?
Neste momento, o que separa os defensores das Florestas Brasileiras, daqueles que trabalham por uma Educação Inclusiva para todos? Existem diferenças fundamentais entre a proteção dos Direitos das Minorias, da defesa intransigente da nossa Democracia? Diante da crise mais grave da história do país, não deveríamos estar focados em garantir a saúde de todos e o combate à pandemia?
Nestes 18 anos no jornalismo ambiental venho participando de diversos movimentos e fóruns com atuação destacada, muita seriedade em suas proposições e que alcançaram bons resultados, entre eles, a Rede de ONGs da Mata Atlântica, Observatório do Código Florestal, Observatório do Clima e Movimento Mais Florestas PRA São Paulo. Mas sinto que este é o momento para se ampliar e cerrar fileiras com outros movimentos representativos da Sociedade Civil, pois no fundo, os que lutam por melhores condições de vida e oportunidades nas mais diversas áreas também precisam de um Meio Ambiente equilibrado propiciando, entre outros, água de qualidade, ar puro, clima ameno e florestas saudáveis.
A união de todos nunca foi tão urgente e necessária pelo bem do Brasil!!
#Envolverde #midiasambientais #aboiadanaopassara
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