Apesar dos pesares a Copa do Mundo apresenta um saldo positivo na
imagem do país
Por Reinaldo Canto
Assim como boa parte dos brasileiros, ainda estou tentando
digerir a acachapante derrota da Seleção Brasileira para a Alemanha. Por essa razão e até mesmo para exorcizar
esse mal estar coletivo decidi fazer uma breve reflexão sobre o que vivemos
nesses dias e os chamados legados da Copa realizada em nossa terra.
É fato que ficamos devendo no quesito obras que efetivamente
vão fazer a diferença no pós- evento. Poucas delas foram entregues,
principalmente relacionadas à mobilidade urbana. Isso para não falar da quase
não entrega de estádios, aeroportos em reforma durante os jogos e as absurdas
remoções de famílias de maneira truculenta e nada democráticas.
Por outro lado também é fato que o caos anunciado pelos
arautos do pessimismo esteve muito longe de se tornar realidade. Basta ver a alegria nos estádios e nas festas
de torcedores realizadas nas
cidades-sede. Turistas estrangeiros consultados por diversas pesquisas
responderam estar satisfeitos com sua estadia em nosso país e demonstraram
intenção de voltar a visitar o país. Levantamento da Empresa Estadual de
Turismo do Amazonas registrou um grau de 80% de aprovação dos estrangeiros com
a Copa do Mundo. Já uma pesquisa feita Secretaria de Desenvolvimento, Turismo e
Cultura da Bahia constatou que 94% dos estrangeiros entrevistados pretendem
voltar a Salvador. Isso para ficarmos em dois exemplos.
Segundo levantamento prévio do Ministério do Turismo, o
total de visitantes de outros países já superou o número de 600 mil pessoas
(bom lembrar que na última Copa na África do Sul, foram registrados 310 mil
visitantes estrangeiros). Pela pequena
proporcionalidade de casos policiais registrados até agora, tem prevalecido
mais a boa acolhida do povo brasileiro, do que a criminalidade crescente que
nós nativos estamos mais expostos em nosso cotidiano.
Legados intangíveis e
a geração de lixo
E por falar em cordialidade e simpatia, são esses legados de
troca de experiências e conhecimento que contribuem decisivamente para reduzir
a intolerância, o preconceito e o xenofobismo. Nada melhor do que conhecer o
outro, antes distante e ameaçador, para perceber que somos todos da mesma
espécie humana e que um belo sorriso aproxima e nos torna iguais, mesmo na
diversidade.
Agora toda essa festa também tem seu lado pouco edificante. O
quesito geração de lixo está nessa categoria. A sujeira resultante nos locais
das chamadas fan fests e em outros
pontos com concentração de torcedores,
resultaram em lixos espalhados pelas ruas. Um triste espetáculo a unir
patrícios e estrangeiros.
O pior é que o volume de lixo durante a Copa do Mundo
aumentou em mais 14 mil e quinhentas toneladas por dia nas 12 cidades-sede,
segundo dados levantados pela Abrelpe - Associação Brasileira de Empresas de Limpeza
Pública e Resíduos Especiais.
Um volume especialmente impactante em cidades menores que
não estão preparadas para esse excedente de lixo sendo descartado. Os piores
exemplos estão com as capitais Cuiabá, no Mato Grosso e Natal no Rio Grande do Norte.
Em dias normais Cuiabá produz em torno de 500 toneladas de resíduos, só a Copa
aumentou em mais 1.150 toneladas, ou seja, mais de duas vezes o que o cuiabano
está acostumado a descartar. Em Natal,
em média, são geradas por dia mais de
770 toneladas de resíduos. Apenas o total da Copa é responsável por mais 915
toneladas diárias, na capital Potiguar.
Bem, Argentina e Alemanha decidem no domingo quem vai levar
o título da competição, mas também podemos afirmar que tivemos outros tipos de campeões
e vencedores nesse que é considerado o maior evento esportivo do planeta.
Apesar de sua equipe não ter passado da fase de grupos, quem
deu aula de civilidade e uma goleada fenomenal na falta de educação foi à
torcida japonesa ao recolher os resíduos gerados nos estádios após as partidas.
Uma bela imagem que ficará registrada para uma importante reflexão pós-Copa.
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