22 maio 2012

NOVO CURSO - INSCREVA-SE

Política Nacional de Resíduos Sólidos: oportunidades e desafios



Como se adaptar a essa nova realidade e aos novos nichos de negócios

Local: São Paulo
Data:11 de junho de 2012 - 2ª feira - das 10h às 19h
Facilitador: Ivan de Oliveira Mello , Reinaldo Canto
Carga Horária: 8 horas
A nova Política Nacional de Resíduos Sólidos irá transformar e modificar radicalmente os atuais modelos de produção e descarte em todo o país.
Oportunidades profissionais irão surgir e novos nichos de negócios serão criados. Para fazer parte deste cenário, será preciso entender e ser capaz de se adaptar a essa nova realidade – independente de qual seja o setor de atuação: público, privado ou Terceiro Setor.
Neste treinamento serão apresentados conceitos sobre a Lei de Resíduos Sólidos, cases de sucesso e novos negócios promissores em áreas diversas.
Conteúdo programático:
  • Panorama do consumo de matérias-primas:
    • Esgotamento dos recursos naturais;
    • Análise da situação das reservas de matérias-primas;
    • Consumo exagerado de insumos básicos;

  • Desperdícios e armazenamento de lixo:
    • Sociedade do consumo e do descartável;
    • Materiais reutilizáveis e/ou recicláveis;
    • O colapso do armazenamento de lixo nas grandes cidades;

  • Conhecendo as origens de um produto:
    • Ciclo de vida e cadeia produtiva;
    • Consequências atuais dos descartes irresponsáveis;
    • Logística Reversa e seus benefícios;
    • Panorama geral da coleta seletiva;

  • A Lei dos Resíduos Sólidos:
    • Histórico da aprovação da PNRS;
    • Principais pontos e desafios (setores Público, Privado e Terceiro Setor);
    • O que e quando deverá ser implementado;
    • Responsabilidade Compartilhada;
    • As leis internacionais para a área de Resíduos Sólidos;

  • Novos Negócios/Novas oportunidades:
    • Empreendedorismo em alta;
    • Planos de Manejo;
    • Projetos em parceria com o Poder Público;
    • A industrialização dos resíduos;
    • O Futuro conectado aos projetos de desenvolvimento limpo.

..:: Horários do treinamento ::..
9h - Credenciamento e café de boas vindas
10h - Treinamento – Parte 1
12h30 - Pausa para almoço
13h30 - Treinamento – Parte 2
16h - Pausa para café
16h30 - Treinamento – Parte 3
19h - Fim de nossas atividades
Facilitadores:

Ivan de Oliveira Mello

Facilitador
Ivan de Oliveira Mello
Formado pela Universidade Anhembi Morumbi - UAM em Gestão de Comércio Eletrônico e MBA em Gestão de Marketing pela ESAMC. Psicologia pela USP e Administração de Empresas pela UAM e pós-graduação em Gestão de meio ambiente pela Escola de Contas do Tribunal de Contas do Município de São Paulo. Foi chefe de Gabinete do Vereador Aurélio Nomura na Câmara Municipal de São Paulo onde elaborou dezenas de projetos de lei, além de fazer a articulação junto às comissões pertinentes e trabalhou na liderança do PSDB na Câmara Municipal de São Paulo como assessor legislativo. Responsável por Parcerias e Projetos no Núcleo Avançado de Pesquisas da Universidade de São Paulo – Escola do Futuro, na estruturação de pesquisas para a implantação de tecnologias de informação e comunicação com foco na educação. É diretor comercial da Kapte Consultoria e Capacitação em Ecoeficiência, coordenador e professor na FUNDACE – USP do curso “Lei Nacional de Resíduos Sólidos – Impactos na Gestão Empresarial”.

Reinaldo Canto

Facilitador
Reinaldo Canto

Jornalista formado pela Cásper Líbero e pós-graduado em Inteligência Empresarial e Gestão do Conhecimento pela UFRJ. Com 31 anos de profissão passou pelas principais emissoras de televisão e rádio do país, entre elas, Record, Globo, SBT, Bandeirantes e Jovem Pan, trabalhou como assessor de imprensa de grandes empresas como Banespa e Cosesp, além de ter sido colaborador de revistas da Editora Abril como Arquitetura e Construção e Casa Claudia. Nos últimos anos especializou-se em sustentabilidade e consumo consciente. Nesse período foi Diretor de Comunicação do Greenpeace, coordenador de comunicação do Instituto Akatu pelo Consumo Consciente, colaborador em projetos do Instituto Ethos e correspondente da Carta Capital, da Envolverde e de outras mídias ambientais na COP-15 em Copenhague.

Auditório Engº João Francisco Zeppelini São Paulo-Estados

Rua Bela Cintra, 178
Consolação (Centro) - São Paulo/SP CEP 01415-000

Outras informações:

(11) 2281-9643

18 maio 2012

Programa Fiscais da Natureza


Foto tirada durante a gravação para o Programa "Fiscais da Natureza" de Priscila Kirsner

Hoje tive a honra de receber aqui no estúdio o jornalista ambiental Reinaldo Canto.

Ele é colunista da Revista CartaCapital , colaborador do site Envolverde Jornalismo E Sustentabilidade , foi diretor de comunicação do Greenpeace Brasil, finalista do premio Allianz Seguros de Jornalismo e hoje, nosso entrevistado especial !


A entrevista estará na próxima quinta no site
www.fiscaisdanatureza.com.br

17 maio 2012

3º Circuito Verde do TRC-RJ - Transporte Esta Idéia

A terceira edição do Circuito Verde do TRC-RJ, promovida pela Federação do Transporte de Cargas do Estado do Rio de Janeiro (FETRANSCARGA) com o apoio da Confederação Nacional do Transporte (CNT) e do Sindicato das Empresas do Transporte Rodoviário de Cargas do Estado do Rio de Janeiro (SINDICARGA), será realizada no dia 23 de maio de 2012, de 9h às 18 horas, na sede da entidade e do sindicato. Criado em 2009, como fórum permanente de análise e debate de questões voltadas à preservação do meio ambiente, sob o foco da gestão empresarial – a exemplo do Selo Verde (PROCON FUMAÇA PRETA) e do Programa DESPOLUIR, praticados regularmente pela FETRANSCARGA -, o Circuito Verde do TRC-RJ busca fomentar a conscientização e o engajamento de empresários, trabalhadores do Transporte e da própria sociedade em prol do desenvolvimento econômico sustentável. Este ano, o 3º Circuito Verde do TRC-RJ abordará temas como reuso de água, sistemas de tratamento de resíduos, renovação de frota e redução da emissão de gás carbônico e material particulado na atmosfera, entre outros. A organização espera um público de, aproximadamente, 200 pessoas, já estando confirmada a presença de líderes, empresários executivos e fornecedores do setor, além de autoridades de diferentes áreas – Meio Ambiente, Segurança Pública, Educação – e representantes de demais segmentos econômicos. PROGRAMAÇÃO 9h Credenciamento / Welcome Coffee 10h Abertura 10h30 Palestra – Desenvolvimento Sustentável: inserção da pessoa com deficiência física no mercado de trabalho Mônica Lyra, do Instituto Gente Integrada (IGI) 11h Palestra – Qualidade do Ar Carlos Alberto Fonteles e Mariana Palagano, do Instituto Estadual do Ambiente (INEA) 11h30 Coffee Break 11h45 Palestra – Reuso de Água UTK do Brasil – Engenharia e Treinamento de Água 12h15 Palestra – Rótulos e Paradigmas da Sustentabilidade Reinaldo Canto, da Envolverde – Jornalismo e Sustentabilidade 13h30 Almoço 15h Coquetel e Música ao vivo Atividade extra (paralela ao evento) 10h30 Mesa Redonda – Rio+20 – Carta do TRC-RJ – Transporte e Sustentabilidade Participação: UFRJ / UNISUAM / SEST SENAT / COMJOVEM-RJ

03 maio 2012

Pecuária certificada: a quebra de um paradigma

Por Reinaldo Canto*

Uma pecuária certificada e sustentável?
Algo inimaginável há muito pouco tempo começou a tomar forma, pelo menos com um exemplo que poderá dar nova fisionomia a um dos setores mais conservadores e refratários a inovações sustentáveis.
Afinal, se existe uma atividade econômica rotulada como pouco afeita a adotar critérios de sustentabilidade em seu negócios, principalmente, aqui pelas terras de Pindorama, é sem dúvida a pecuária.
No caudaloso cipoal de acusações consta a de contribuir da categoria para: desmatamento da Amazônia, degradação do solo, poluição do ar e da água, a responsabilidade por ocasionar perdas consideráveis à biodiversidade e ao agravamento do aquecimento global e das mudanças climáticas.
A FAO, órgão das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação, já classificou a atividade como uma das maiores contribuintes para o acirramento dos problemas ambientais.
Para complicar ainda mais a má fama dos boizinhos e vaquinhas que compõem o enorme rebanho brasileiro, com mais de 200 milhões de cabeças (2º maior do mundo atrás apenas dos EUA e 2º maior exportador de carne do planeta depois da Austrália), estudos indicam que em um hectare utilizado pela pecuária são produzidos apenas 34 quilos de carne.
No mesmo espaço é possível produzir quase 4 toneladas de feijão e 6.500 quilos de milho, por exemplo.
O consumo de água também é cinco vezes maior na pecuária do que na produção de cereais, de acordo com a FAO.
São argumentos poderosos para os que defendem dietas vegetarianas, oua redução significativa do consumo de carne.

As justificativas utilizadas até agora pelos conservadores pecuaristas integrantes desse poderoso setor econômico sempre foram baseados nos dividendos obtidos pelas exportações.
Afinal, o dinheiro pode tudo, ou não?
Pois há quem discorde dessa afirmação e busque ensaiar uma positiva mudança na cadeia produtiva da carne brasileira.
A Fazenda São Marcelo, pertencente ao grupo JD e localizada no Mato Grosso, acaba de conquistar a primeira certificação da Rede de Agricultura Sustentável no mundo para a pecuária, concedida pelo Imaflora (certificadora oficial da Rain Forest Alliance no Brasil).
Para fazer jus ao selo, a São Marcelo atendeu a 136 critérios diferentes ligados a práticas socioambientais e sustentáveis de produção, entre elas, o rastreamento integral de todo o gado da fazenda; cuidados específicos em relação ao bem estar animal; recuperação de áreas degradadas e o apoio ao aperfeiçoamento e reciclagem para os funcionários.
A fazenda possui duas reservas particulares de patrimônio natural e por meio de um termo de cooperação técnica com o Ibama matogrossense, realiza um trabalho de recuperação e soltura de animais apreendidos.

Diferencial competitivo
Mas o que leva uma fazenda de gado a buscar uma certificação como essa, praticamente, indo na contramão das práticas de suas congêneres?
Proprietário da São Marcelo, o empresário e pecuarista Arnaldo Eijsink , fornecedor da Brasil Foods e do Frigorífico Marfrig, explica que existem inúmeras vantagens em receber um selo de qualidade como o do Imaflora, conferindo ao seu produto um diferencial competitivo.
 Para quem exporta essa é, sem dúvida, uma grande diferença.
De olho nas exigências cada vez maiores do mercado internacional, Arnaldo acredita no aumento de vendas para novos compradores que procuram adquirir uma carne de origem comprovada e certificada.
Outros ganhos estão agregados ao sistema de gestão socioambiental e que levam em conta o devido respeito aos ciclos naturais e a preservação da biodiversidade local. “Observamos uma infestação menor de pragas e doenças e a redução nos gastos com produtos químicos”, afirma Arnaldo.
Ele destaca ainda, que a rotatividade de mão-de-obra, muito comum no setor, é pequena na São Marcelo, em virtude da satisfação dos funcionários.

Será que essa primeira fazenda certificada irá efetivamente influenciar para que ocorram mudanças consistentes na pecuária brasileira?
“Em primeiro lugar é preciso entender que é um setor heterogêneo”, afirma Luis Fernando Guedes Pinto, gerente de certificação da Imaflora, “portanto é possível obter avanços”, conclui com otimismo. Isso não significa que o desafio não seja enorme.
O próprio Luis Fernando lembra que a pecuária, de modo geral, é um dos setores mais atrasados. Daqueles que faz baixo uso de tecnologia, possui visão de curto prazo e em geral termina por não agregar valor a seus produtos.
Exatamente para que a carne da São Marcelo alcance o almejado valor agregado e seja reconhecida pelo consumidor final por suas vantagens e méritos é que o objetivo agora é buscar frigoríficos, supermercados e até mesmo restaurantes que apoiem e garantam visibilidade a essa iniciativa.
Mesmo que esse grande avanço chegue a mais propriedades e até mesmo reduza significativamente o enorme impacto causado pela atividade boa parte dela ilegal, ainda teremos um longo caminho para alcançar algo que se possa chamar de sustentável.
A nós consumidores resta a tarefa de adquirir produtos certificados ou de origem legal, mas também a de fazer mudanças importantes em nossa dieta alimentar.
Um consumo menor ou mesmo livre de carne traria enormes benefícios ao nosso meio ambiente.
Enquanto as grandes transformações alimentares dos humanos não se tornam realidade, resta-nos aplaudir alguns avanços e esperar que passos importantes sejam dados rumo a uma economia e um mundo menos insustentável para o bem geral, das pessoas, mas também dos boizinhos, das vaquinhas e de outros seres que por aqui habitam.

*Reinaldo Canto é jornalista, consultor e palestrante. Foi diretor de Comunicação do Greenpeace e coordenador de Comunicação do Instituto Akatu. É colunista da revista Carta Capital, colaborador da Envolverde e professor de Gestão Ambiental na FAPPES.

Artigo publicado originalmente na coluna do autor no site da revista
Carta Capital: http://www.cartacapital.com.br/economia/pecuaria-certificada-a-quebra-de-um-paradigma/?autor=599
Blog: cantodasustentabilidade.blogspot.com s
ite: www.ecocanto21.com.br email: reicanto@uol.com.br
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Twitter: @ReinaldoCanto

27 abril 2012

26 abril 2012

1º Fórum de Jornalismo Ambiental estimula participantes a debater sobre meio ambiente

FIEMA Nesta quarta-feira (25), ocorreu o 1º Fórum de Jornalismo Ambiental, no Auditório Verde da Feira Internacional de Tecnologia para o Meio Ambiente – Fiema Brasil 2012. O evento contou com a participação de Ricardo Voltolini, Alan Dubner, Paulina Chamorro, Cláudia Piche, Vilmar Berna, Henrique Andrade Camargo e Reinaldo Canto, jornalistas experientes na área ambiental. Em um círculo feito para aproximar palestrantes e participantes, Alan Dubner, mediador do Fórum, fez com que todos os que estavam presentes no auditório pegassem o microfone para fazer uma breve apresentação, havendo assim, uma integração e um bate-papo descontraído. Foram discutidos temas voltados à sustentabilidade e meio ambiente, envolvendo o jornalismo ambiental virtual e ainda puxando para o debate a Rio + 20, conferência da Organização das Nações Unidas (ONU), que será realizada em junho, no Rio de Janeiro. Mostrando a importância das redes sociais, Paulina Chamorro, conectada no twitter, transmitiu informações em tempo real sobre o Código Florestal, que esteve em votação (leia mais nas notícias de hoje do Mercado Ético). Ela ressalta que além da informação instantânea, o twitter, ajuda na rede de fontes do jornalista, pois cada um pode escolher quem seguir, de acordo com o que as pessoas tuitam e direcionam suas informações. Ricardo Voltolini comentou que a quantidade de conteúdo que circula na mídia sobre meio ambiente aumentou nos últimos tempos, porém, a qualidade continua no mesmo patamar de antigamente. Mas o clima esquentou quando Sílvia Marcuzzo afirmou que paulistas e cariocas estão mais engajados na questão ambiental do que os gaúchos. O Rio Grande do Sul tem um dos grupos voltados ao jornalismo ambiental mais antigos do país, mas o questionamento é quanto a aproximação desse importante núcleo de um grupo maior de profissionais da área e da comunidade. Dubner encerrou o fórum dizendo que esse evento foi apenas o início dos encontros para debater questões ambientais. A partir de agora, esses jornalistas que estiveram presentes tem a missão de se reunirem todos os anos e sempre agregar mais, tanto para a comunidade em geral, quanto para os próprios profissionais. “Antes de você pensar em ser um jornalista ambiental, seja um bom jornalista”, concluiu Paulina Chamorro. (FIEMA)

13 abril 2012

Tratamento de esgotos é a cura para todos os males

Existem alguns chavões usados para falar de saneamento básico, alguns são até engraçados, não fossem realmente trágicos. “Obra enterrada não dá voto”, bradam políticos correligionários de Odorico Paraguaçu, prefeito da fictícia Sucupira. Na oposição ficam aqueles que esgrimam com números: “Um real aplicado em saneamento economiza 4 reais em gastos com a saúde”, uma argumentação que ganhou a simpatia dos militantes. Fato é que a falta de saneamento manda muita gente para os hospitais, ou pior. E a água contaminada já é, também, impeditivo para o desenvolvimento econômico, seja para empresas que precisam de água de qualidade para suas atividades, ou para os negócios ligados ao turismo, o que em véspera de Copa do Mundo deveria acender luzes de alerta em todos os ministérios, governos estaduais e prefeituras.

Um exemplo dos problemas está na falta de balneabilidade de praias e outros locais públicos. Em 2010, a Cetesb, empresa que monitora qualidade ambiental no Estado de São Paulo, liberou para banho, durante todo o ano, menos de 30% de 83 praias monitoradas no litoral norte, região de turismo nobre. O veto a banhistas se dá, na maior parte das vezes, pela contaminação da água e da areia por esgotos.

Últimos artigos de Reinaldo Canto:
A rebelião das águas
Como educar ambientalmente as crianças?
Código Florestal, o vale-tudo inconsequente

Dados do Censo do IBGE sobre saneamento, divulgado no final de 2011, mostram que, em 2008, apenas 55% das pouco mais de 5.500 cidades brasileiras tinham algum tipo de coleta de esgotos. O índice melhora no Sudeste, chegando a 95%, e cai para menos de 15% na região Norte. Coleta adequada não existe para 55% das casas dos brasileiros; quase 2.500 municípios não têm nenhum tipo de coleta. Este quadro desanimador tende a mudar no médio prazo, na opinião do secretário de Recursos Hídricos do Estado de São Paulo, Edson Giriboni. “Há mais recursos sendo destinados ao saneamento desde 2007, quando foi aprovada a Lei Federal 11.445, que estabelece a universalização do saneamento básico como um compromisso da sociedade brasileira”, explica.

Na primeira fase do PAC 1 – o Programa de Aceleração do Crescimento, o saneamento recebeu cerca de R$ 40 bilhões entre os anos de 2007 e 2010, e no PAC 2 estão previstos mais R$ 41,1 bilhões para investimento em ações de saneamento no quadriênio 2011-2014. Esta dinheirama deveria beneficiar 1.116 cidades em todo o país, mas não é isto que está acontecendo. Dados do Ministério das Cidades mostram que foram efetivamente realizados apenas 16% das obras do PAC 1, aplicando menos de 10% dos recursos. Ou seja, de R$ 40 bilhões previstos, menos de R$ 4 bilhões foram gastos.

Planejamento e gestão deficientes travam a execução das obras: projetos de engenharia inadequados, insuficiência de quadros técnicos no setor público e falta de capacidade técnica e gerencial para fazer frente ao grande número de investimentos simultâneos. A ineficiência do governo federal atrasa a consulta pública do Plano Nacional de Saneamento, que deverá definir as metas a serem alcançadas até 2030. Na falta dessa peça de planejamento, o setor privado se acanha: não investe nem forma parcerias com o setor público para avançar em projetos e obras.

Planejamento é fator-chave para oferecer saneamento básico adequado a mais da metade dos lares brasileiros, segundo Ana Lucia Britto, professora do Departamento de Urbanismo e Meio Ambiente e vice-coordenadora do programa de Pós-Graduação em Urbanismo da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). A lei determina que cabe aos municípios prover o saneamento, mas muitas vezes o problema extrapola os limites das cidades. “É preciso realizar planejamentos integrados, como os de atuação coordenada em grandes áreas metropolitanas”, diz Ana Lúcia, destacando a experiência da região metropolitana de Belo Horizonte, que envolveu prefeituras e órgãos públicos para integrar os projetos ligados ao saneamento básico numa proposta de desenvolvimento regional que contempla gestão, proteção e recuperação dos recursos hídricos, universalização do saneamento básico, gestão dos resíduos sólidos, recuperação de áreas de interesse para a conservação, e a intensificação do uso do espaço urbano.

Na opinião de Ana Lucia, o exemplo deve ser observado por outras regiões metropolitanas e cidades de maior porte, aproveitando também que todos os municípios brasileiros devem apresentar planos de saneamento até o início de 2014, caso contrário vão perder o acesso a verbas federais. No caso de municípios menores, a pesquisadora sugere a formação de consórcios de cidades da mesma bacia hidrográfica – ou seja, banhadas pelo mesmo rio e seus afluentes –, uma vez que a maioria dos municípios brasileiros, com menos de 50 mil habitantes, não tem capacidade técnica para elaborar esses planos. De fato, até agora apenas 5% das cidades apresentaram os planos de gestão que são a condição, segundo a Lei 11.445, para a contratação das obras e a concessão dos serviços a empresas privadas. Parte da solução está no PAC 2, que destinou recursos para que as prefeituras possam contratar serviços técnicos ou capacitar servidores para elaborar os planos de saneamento.

Economia de primeiro mundo; saneamento

O Brasil ocupa a sexta posição no ranking das maiores economias do mundo. Mas, no que se refere a saneamento, despenca para a 67ª posição, segundo a Organização das Nações Unidas. O estudo Benefícios Econômicos da Expansão do Saneamento Brasileiro, elaborado pelo Instituto Trata Brasil (ITB) e Fundação Getulio Vargas (FGV), ilustra mais um contraste do país que cresce sem aparar desigualdades. Do melhor desempenho, de Jundiaí (SP), com 92% de esgoto tratado, ao último lugar, com apenas 2%, da capital de Rondônia, Porto Velho, parece haver uma fossa séptica que exala mau cheiro pelo ralo que descuida do interesse público humanitário.

O saneamento em Jundiaí começou nos anos 70 do século passado, quando áreas de mananciais e de proteção ambiental (Serra do Japi) se tornaram objeto de uma política pública rigorosa: definiu-se então que os rios não poderiam mais receber os esgotos. O cumprimento da regra por seguidas administrações garantiu a coleta e o tratamento de 100% do esgoto de toda a área urbana de Jundiaí antes mesmo da virada do milênio. Foi com aporte de recursos que se materializou a colaboração das indústrias com a prefeitura para garantir a eliminação das fossas e a implantação do emissário. “As empresas participantes receberam um crédito de dez anos que foi sendo amortizado do valor que pagariam pela coleta de esgoto”, lembra Wilson Roberto Engholm, presidente da DAE (Departamento de Águas e Esgotos), a companhia municipal de água e esgoto da cidade, que hoje tem 370 mil habitantes. “Hoje oferecemos condições que poucos municípios são capazes de oferecer”, gaba-se Engholm, ao argumentar que a estrutura de saneamento constitui um diferencial competitivo para atração de novos investimentos.

O exemplo de gestão compartilhada não chamou a atenção das autoridades que nessas quatro décadas administraram Guarulhos – uma potência econômica na Região Metropolitana de São Paulo, sede do maior complexo aeroportuário da América do Sul, também cortada pela Via Dutra, a mais importante ligação rodoviária do país. Até muito recentemente, como mostra o estudo do ITB, a cidade despejava todo o esgoto em rios – principalmente no tristemente famoso Tietê –, sem nenhum tratamento. “A cidade era identificada como responsável pela poluição do rio”, lamenta o superintendente do SAEE (Serviço Autônomo de Água e Esgoto) de Guarulhos, Afrânio de Paula Sobrinho, que garante haver agora “uma mudança de cultura, investimentos significativos e a compreensão de que não estamos numa região de abundância de água”. Com “obras a todo vapor”, ele anuncia o resultado: nos últimos dois anos entraram em operação 2 ETEs (Estação de Tratamento de Esgotos), e outra deve ser inaugurada este mês, elevando o índice de tratamento para 35%, na segunda mais populosa cidade paulista, com mais de 1,2 milhão de habitantes. Falta pouco para chegar à metade da média nacional, de 72% do esgoto coletados em 81 municípios com mais de 300 mil habitantes que o ITB estudou.

Em muitos casos, a capilarização do serviço de coleta é um gargalo que precisa de uma carga de bom senso para dar a comunidades de baixa renda o acesso a esse direito humano. Atender à demanda social é o princípio que orienta ações como o programa Se Liga na Rede, que vai custear, no Estado de São Paulo, as conexões à rede coletora de 192 mil imóveis de famílias com renda de até três salários mínimos. Essa ligação, de R$ 1.866, vai ser dividido entre a Sabesp (20%), a Companhia do Saneamento Básico do Estado de São Paulo, e o governo estadual (80%), que já havia investido R$ 8 mil por unidade para instalar a rede que dá destino correto ao esgoto. “Melhor investir cerca de R$ 10 mil com resultados que gastar R$ 8 mil sem alcançar nenhum objetivo”, comemora o secretário de Saneamento do Estado, Edson Giriboni.

O sinal negativo da despesa com subsídio pode ser contabilizado positivamente em razão do gasto menor com a recuperação da saúde. Caiu 90% o número de internações por diarreia e vômito registradas entre os 75 alunos da escola Rural Erminio Cardoso, em Tijucas do Sul (PR). São integrantes das 170 famílias beneficiadas pela reestruturação do sistema de tratamento e abastecimento de água na comunidade Campestre, resultado da parceria entre a Sanepar (Companhia de Saneamento do Paraná), a prefeitura e os moradores. O presidente da estatal, Fernando Ghignone, aplaude o modelo, que “garante qualidade de vida, saúde, cidadania às pessoas e ainda a preservação do meio ambiente”.

Saneamento básico melhora o desempenho escolar. Estudo do Centro de Políticas Sociais da FGV, contratado em 2008 pelo ITB, constatou que crianças com acesso a saneamento básico têm aproveitamento escolar 30% maior do que as desprovidas desse direito humano. São nefastos os reflexos na vida desses jovens, praticamente condenados a menor qualificação e, portanto, menores salário e renda no futuro.

Alto custo para a economia

Empresas também pagam a conta do atraso em matéria de saneamento. O estudo do ITB verificou que, em 2009, as empresas gastaram R$ 547 milhões em remuneração por horas não trabalhadas de funcionários afastados com infecções gastrointestinais. Além de evitar esse custo sem retorno, o acesso a saneamento básico proporciona melhoria geral da qualidade de vida e aumento de 13% na produtividade do trabalhador. Com isso, nos cálculos da FGV, a massa salarial dos brasileiros poderia crescer 3,8%.

Falta de saneamento se destaca entre os problemas que impedem um crescimento maior da indústria do turismo. É uma das carências estruturais que o Ministério do Turismo identificou nos 65 principais endereços turísticos brasileiros (incluindo as capitais, Fernando de Noronha e Porto Seguro). Por isto, também está destinando recursos para os programas de saneamento do Ministério das Cidades. “Saneamento básico se traduz em saúde pública e também na qualidade do atendimento das pessoas e para as pessoas, por isso consideramos fundamental sanar esses problemas”, afirma Fabio Rios Mota, secretário nacional de Programas de Desenvolvimento do Turismo.

Superar o bisonho chavão de que “obra enterrada não dá voto” é uma conquista que pode render numerosos frutos no caminho do desenvolvimento sustentável. Com tantas implicações sociais, econômicas e ambientais, a universalização do saneamento básico é provavelmente a obra mais abrangente e segura para promover a sustentabilidade tendo a melhoria da qualidade de vida como marco de uma nova etapa da civilização.

Matéria publicada na Envolverde e na coluna do autor em Carta Capital