26 abril 2012

1º Fórum de Jornalismo Ambiental estimula participantes a debater sobre meio ambiente

FIEMA Nesta quarta-feira (25), ocorreu o 1º Fórum de Jornalismo Ambiental, no Auditório Verde da Feira Internacional de Tecnologia para o Meio Ambiente – Fiema Brasil 2012. O evento contou com a participação de Ricardo Voltolini, Alan Dubner, Paulina Chamorro, Cláudia Piche, Vilmar Berna, Henrique Andrade Camargo e Reinaldo Canto, jornalistas experientes na área ambiental. Em um círculo feito para aproximar palestrantes e participantes, Alan Dubner, mediador do Fórum, fez com que todos os que estavam presentes no auditório pegassem o microfone para fazer uma breve apresentação, havendo assim, uma integração e um bate-papo descontraído. Foram discutidos temas voltados à sustentabilidade e meio ambiente, envolvendo o jornalismo ambiental virtual e ainda puxando para o debate a Rio + 20, conferência da Organização das Nações Unidas (ONU), que será realizada em junho, no Rio de Janeiro. Mostrando a importância das redes sociais, Paulina Chamorro, conectada no twitter, transmitiu informações em tempo real sobre o Código Florestal, que esteve em votação (leia mais nas notícias de hoje do Mercado Ético). Ela ressalta que além da informação instantânea, o twitter, ajuda na rede de fontes do jornalista, pois cada um pode escolher quem seguir, de acordo com o que as pessoas tuitam e direcionam suas informações. Ricardo Voltolini comentou que a quantidade de conteúdo que circula na mídia sobre meio ambiente aumentou nos últimos tempos, porém, a qualidade continua no mesmo patamar de antigamente. Mas o clima esquentou quando Sílvia Marcuzzo afirmou que paulistas e cariocas estão mais engajados na questão ambiental do que os gaúchos. O Rio Grande do Sul tem um dos grupos voltados ao jornalismo ambiental mais antigos do país, mas o questionamento é quanto a aproximação desse importante núcleo de um grupo maior de profissionais da área e da comunidade. Dubner encerrou o fórum dizendo que esse evento foi apenas o início dos encontros para debater questões ambientais. A partir de agora, esses jornalistas que estiveram presentes tem a missão de se reunirem todos os anos e sempre agregar mais, tanto para a comunidade em geral, quanto para os próprios profissionais. “Antes de você pensar em ser um jornalista ambiental, seja um bom jornalista”, concluiu Paulina Chamorro. (FIEMA)

13 abril 2012

Tratamento de esgotos é a cura para todos os males

Existem alguns chavões usados para falar de saneamento básico, alguns são até engraçados, não fossem realmente trágicos. “Obra enterrada não dá voto”, bradam políticos correligionários de Odorico Paraguaçu, prefeito da fictícia Sucupira. Na oposição ficam aqueles que esgrimam com números: “Um real aplicado em saneamento economiza 4 reais em gastos com a saúde”, uma argumentação que ganhou a simpatia dos militantes. Fato é que a falta de saneamento manda muita gente para os hospitais, ou pior. E a água contaminada já é, também, impeditivo para o desenvolvimento econômico, seja para empresas que precisam de água de qualidade para suas atividades, ou para os negócios ligados ao turismo, o que em véspera de Copa do Mundo deveria acender luzes de alerta em todos os ministérios, governos estaduais e prefeituras.

Um exemplo dos problemas está na falta de balneabilidade de praias e outros locais públicos. Em 2010, a Cetesb, empresa que monitora qualidade ambiental no Estado de São Paulo, liberou para banho, durante todo o ano, menos de 30% de 83 praias monitoradas no litoral norte, região de turismo nobre. O veto a banhistas se dá, na maior parte das vezes, pela contaminação da água e da areia por esgotos.

Últimos artigos de Reinaldo Canto:
A rebelião das águas
Como educar ambientalmente as crianças?
Código Florestal, o vale-tudo inconsequente

Dados do Censo do IBGE sobre saneamento, divulgado no final de 2011, mostram que, em 2008, apenas 55% das pouco mais de 5.500 cidades brasileiras tinham algum tipo de coleta de esgotos. O índice melhora no Sudeste, chegando a 95%, e cai para menos de 15% na região Norte. Coleta adequada não existe para 55% das casas dos brasileiros; quase 2.500 municípios não têm nenhum tipo de coleta. Este quadro desanimador tende a mudar no médio prazo, na opinião do secretário de Recursos Hídricos do Estado de São Paulo, Edson Giriboni. “Há mais recursos sendo destinados ao saneamento desde 2007, quando foi aprovada a Lei Federal 11.445, que estabelece a universalização do saneamento básico como um compromisso da sociedade brasileira”, explica.

Na primeira fase do PAC 1 – o Programa de Aceleração do Crescimento, o saneamento recebeu cerca de R$ 40 bilhões entre os anos de 2007 e 2010, e no PAC 2 estão previstos mais R$ 41,1 bilhões para investimento em ações de saneamento no quadriênio 2011-2014. Esta dinheirama deveria beneficiar 1.116 cidades em todo o país, mas não é isto que está acontecendo. Dados do Ministério das Cidades mostram que foram efetivamente realizados apenas 16% das obras do PAC 1, aplicando menos de 10% dos recursos. Ou seja, de R$ 40 bilhões previstos, menos de R$ 4 bilhões foram gastos.

Planejamento e gestão deficientes travam a execução das obras: projetos de engenharia inadequados, insuficiência de quadros técnicos no setor público e falta de capacidade técnica e gerencial para fazer frente ao grande número de investimentos simultâneos. A ineficiência do governo federal atrasa a consulta pública do Plano Nacional de Saneamento, que deverá definir as metas a serem alcançadas até 2030. Na falta dessa peça de planejamento, o setor privado se acanha: não investe nem forma parcerias com o setor público para avançar em projetos e obras.

Planejamento é fator-chave para oferecer saneamento básico adequado a mais da metade dos lares brasileiros, segundo Ana Lucia Britto, professora do Departamento de Urbanismo e Meio Ambiente e vice-coordenadora do programa de Pós-Graduação em Urbanismo da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). A lei determina que cabe aos municípios prover o saneamento, mas muitas vezes o problema extrapola os limites das cidades. “É preciso realizar planejamentos integrados, como os de atuação coordenada em grandes áreas metropolitanas”, diz Ana Lúcia, destacando a experiência da região metropolitana de Belo Horizonte, que envolveu prefeituras e órgãos públicos para integrar os projetos ligados ao saneamento básico numa proposta de desenvolvimento regional que contempla gestão, proteção e recuperação dos recursos hídricos, universalização do saneamento básico, gestão dos resíduos sólidos, recuperação de áreas de interesse para a conservação, e a intensificação do uso do espaço urbano.

Na opinião de Ana Lucia, o exemplo deve ser observado por outras regiões metropolitanas e cidades de maior porte, aproveitando também que todos os municípios brasileiros devem apresentar planos de saneamento até o início de 2014, caso contrário vão perder o acesso a verbas federais. No caso de municípios menores, a pesquisadora sugere a formação de consórcios de cidades da mesma bacia hidrográfica – ou seja, banhadas pelo mesmo rio e seus afluentes –, uma vez que a maioria dos municípios brasileiros, com menos de 50 mil habitantes, não tem capacidade técnica para elaborar esses planos. De fato, até agora apenas 5% das cidades apresentaram os planos de gestão que são a condição, segundo a Lei 11.445, para a contratação das obras e a concessão dos serviços a empresas privadas. Parte da solução está no PAC 2, que destinou recursos para que as prefeituras possam contratar serviços técnicos ou capacitar servidores para elaborar os planos de saneamento.

Economia de primeiro mundo; saneamento

O Brasil ocupa a sexta posição no ranking das maiores economias do mundo. Mas, no que se refere a saneamento, despenca para a 67ª posição, segundo a Organização das Nações Unidas. O estudo Benefícios Econômicos da Expansão do Saneamento Brasileiro, elaborado pelo Instituto Trata Brasil (ITB) e Fundação Getulio Vargas (FGV), ilustra mais um contraste do país que cresce sem aparar desigualdades. Do melhor desempenho, de Jundiaí (SP), com 92% de esgoto tratado, ao último lugar, com apenas 2%, da capital de Rondônia, Porto Velho, parece haver uma fossa séptica que exala mau cheiro pelo ralo que descuida do interesse público humanitário.

O saneamento em Jundiaí começou nos anos 70 do século passado, quando áreas de mananciais e de proteção ambiental (Serra do Japi) se tornaram objeto de uma política pública rigorosa: definiu-se então que os rios não poderiam mais receber os esgotos. O cumprimento da regra por seguidas administrações garantiu a coleta e o tratamento de 100% do esgoto de toda a área urbana de Jundiaí antes mesmo da virada do milênio. Foi com aporte de recursos que se materializou a colaboração das indústrias com a prefeitura para garantir a eliminação das fossas e a implantação do emissário. “As empresas participantes receberam um crédito de dez anos que foi sendo amortizado do valor que pagariam pela coleta de esgoto”, lembra Wilson Roberto Engholm, presidente da DAE (Departamento de Águas e Esgotos), a companhia municipal de água e esgoto da cidade, que hoje tem 370 mil habitantes. “Hoje oferecemos condições que poucos municípios são capazes de oferecer”, gaba-se Engholm, ao argumentar que a estrutura de saneamento constitui um diferencial competitivo para atração de novos investimentos.

O exemplo de gestão compartilhada não chamou a atenção das autoridades que nessas quatro décadas administraram Guarulhos – uma potência econômica na Região Metropolitana de São Paulo, sede do maior complexo aeroportuário da América do Sul, também cortada pela Via Dutra, a mais importante ligação rodoviária do país. Até muito recentemente, como mostra o estudo do ITB, a cidade despejava todo o esgoto em rios – principalmente no tristemente famoso Tietê –, sem nenhum tratamento. “A cidade era identificada como responsável pela poluição do rio”, lamenta o superintendente do SAEE (Serviço Autônomo de Água e Esgoto) de Guarulhos, Afrânio de Paula Sobrinho, que garante haver agora “uma mudança de cultura, investimentos significativos e a compreensão de que não estamos numa região de abundância de água”. Com “obras a todo vapor”, ele anuncia o resultado: nos últimos dois anos entraram em operação 2 ETEs (Estação de Tratamento de Esgotos), e outra deve ser inaugurada este mês, elevando o índice de tratamento para 35%, na segunda mais populosa cidade paulista, com mais de 1,2 milhão de habitantes. Falta pouco para chegar à metade da média nacional, de 72% do esgoto coletados em 81 municípios com mais de 300 mil habitantes que o ITB estudou.

Em muitos casos, a capilarização do serviço de coleta é um gargalo que precisa de uma carga de bom senso para dar a comunidades de baixa renda o acesso a esse direito humano. Atender à demanda social é o princípio que orienta ações como o programa Se Liga na Rede, que vai custear, no Estado de São Paulo, as conexões à rede coletora de 192 mil imóveis de famílias com renda de até três salários mínimos. Essa ligação, de R$ 1.866, vai ser dividido entre a Sabesp (20%), a Companhia do Saneamento Básico do Estado de São Paulo, e o governo estadual (80%), que já havia investido R$ 8 mil por unidade para instalar a rede que dá destino correto ao esgoto. “Melhor investir cerca de R$ 10 mil com resultados que gastar R$ 8 mil sem alcançar nenhum objetivo”, comemora o secretário de Saneamento do Estado, Edson Giriboni.

O sinal negativo da despesa com subsídio pode ser contabilizado positivamente em razão do gasto menor com a recuperação da saúde. Caiu 90% o número de internações por diarreia e vômito registradas entre os 75 alunos da escola Rural Erminio Cardoso, em Tijucas do Sul (PR). São integrantes das 170 famílias beneficiadas pela reestruturação do sistema de tratamento e abastecimento de água na comunidade Campestre, resultado da parceria entre a Sanepar (Companhia de Saneamento do Paraná), a prefeitura e os moradores. O presidente da estatal, Fernando Ghignone, aplaude o modelo, que “garante qualidade de vida, saúde, cidadania às pessoas e ainda a preservação do meio ambiente”.

Saneamento básico melhora o desempenho escolar. Estudo do Centro de Políticas Sociais da FGV, contratado em 2008 pelo ITB, constatou que crianças com acesso a saneamento básico têm aproveitamento escolar 30% maior do que as desprovidas desse direito humano. São nefastos os reflexos na vida desses jovens, praticamente condenados a menor qualificação e, portanto, menores salário e renda no futuro.

Alto custo para a economia

Empresas também pagam a conta do atraso em matéria de saneamento. O estudo do ITB verificou que, em 2009, as empresas gastaram R$ 547 milhões em remuneração por horas não trabalhadas de funcionários afastados com infecções gastrointestinais. Além de evitar esse custo sem retorno, o acesso a saneamento básico proporciona melhoria geral da qualidade de vida e aumento de 13% na produtividade do trabalhador. Com isso, nos cálculos da FGV, a massa salarial dos brasileiros poderia crescer 3,8%.

Falta de saneamento se destaca entre os problemas que impedem um crescimento maior da indústria do turismo. É uma das carências estruturais que o Ministério do Turismo identificou nos 65 principais endereços turísticos brasileiros (incluindo as capitais, Fernando de Noronha e Porto Seguro). Por isto, também está destinando recursos para os programas de saneamento do Ministério das Cidades. “Saneamento básico se traduz em saúde pública e também na qualidade do atendimento das pessoas e para as pessoas, por isso consideramos fundamental sanar esses problemas”, afirma Fabio Rios Mota, secretário nacional de Programas de Desenvolvimento do Turismo.

Superar o bisonho chavão de que “obra enterrada não dá voto” é uma conquista que pode render numerosos frutos no caminho do desenvolvimento sustentável. Com tantas implicações sociais, econômicas e ambientais, a universalização do saneamento básico é provavelmente a obra mais abrangente e segura para promover a sustentabilidade tendo a melhoria da qualidade de vida como marco de uma nova etapa da civilização.

Matéria publicada na Envolverde e na coluna do autor em Carta Capital

26 março 2012

LANÇAMENTO DA ANIMAÇÃO: “A REBELIÃO DAS ÁGUAS”

Insumo fundamental para a sobrevivência humana, a água tem sido bastante maltratada por quem mais dela precisa. Apesar de tão importante é comum assistirmos cenas diárias de desperdício, contaminação e desrespeito.

Muita gente já sabe que esse bem tão precioso é escasso em várias partes do mundo e milhares de pessoas morrem no planeta em razão do consumo de água contaminada. Até mesmo aqui no Brasil, conhecido por deter 12% de toda a água potável disponível enfrenta sérios problemas para abastecer as nossas grandes cidades. A cada dia fica mais difícil levar, a seus milhões de habitantes, água tratada e de qualidade.

Diante desses fatos preocupantes, o cartunista Agê e o jornalista Reinaldo Canto uniram esforços para, por meio de um humor crítico, criar uma animação intitulada “Rebelião das Águas”.

http://envolverde.com.br/videos/videos-videos/a-rebeliao-das-aguas/

Nela, as gotinhas de água se revoltam contra as ações dos humanos e decidem fazer uma greve geral até que elas sejam tratadas com o devido carinho e respeito.

Como o objetivo do trabalho é chegar ao maior número de pessoas, a reprodução é livre. Divulgue!

Ahh, e antes que a rebelião das águas realmente se torne realidade, faça a sua parte e trate bem a água que você bebe e usa!!

Reinaldo Canto
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20 março 2012

CONSUMIR PRIMEIRO, BRINCAR E SE DESENVOLVER DEPOIS: É ISSO O QUE QUEREMOS PARA NOSSAS CRIANÇAS?

Por Reinaldo Canto*


Pesquisa revela o bombardeio de comerciais nos canais infantis nas semanas que antecederam o Natal

Cena comum e corriqueira em um supermercado de alguma cidade brasileira: uma menina de 4 anos de idade** adentra ao estabelecimento acompanhada de sua mãe. Na área destinada aos cosméticos e produtos de higiene, a criança se dirige a prateleira, pega um sabonete e pede a mãe para compra-lo. É que aquele produto é um velho conhecido, pois aparece com frequência na TV durante os intervalos de seus desenhos preferidos.

Outros bens de consumo, além de uma infinidade de brinquedos e jogos de todos os tipos e preços são exibidos em grandes quantidades diariamente nos canais com programação infantil. Se essa informação não representa novidade para os pais, principalmente na enorme pressão exercida pelos filhos nas proximidades de datas festivas (Páscoa, Dia das Crianças e Natal), a pesquisa divulgada às vésperas do dia do consumidor (15/3) revela a dimensão do problema.

O estudo conduzido pelo Observatório de Mídia da Universidade Federal do Espírito Santo em parceria com o Instituto Alana e sob coordenação do Professor Edgard Rebouças, concluiu que as nossas crianças estão sendo submetidas a uma verdadeira overdose de comerciais exibidos nos intervalos dos canais infantis. O objetivo do trabalho é acompanhar e monitorar a publicidade dirigida às crianças em 15 emissoras de televisão, abertas e fechadas, nos períodos de grande apelo de consumo.

Nas duas semanas anteriores as últimas festas natalinas, os pesquisadores registraram, durante os horários estudados (das 6 às 21hs), altos índices de comerciais em relação a programação infantil. O campeão foi o Cartoon Network com 19% do tempo dedicado aos anúncios. Em segundo ficou o Nickelodeon com 14% e empatados em terceiro lugar com 13% ficaram o Discovery Kids e o Nick Jr. O espaço dedicado aos comerciais de brinquedos foi de 48% no Cartoon e 46,6% no Discovery Kids.

A pesquisa ainda constatou o alcance de picos de 21’39” de propaganda infantil das 20hs às 21hs, no Discovery Kids e média de 18’55” no mesmo canal. Já o Cartoon, registrou picos de 19 minutos de publicidade, em uma hora de programação e média de 17’52” por hora, nas vésperas do Natal.
Esse estudo reforça ainda mais os argumentos a favor da proibição para a publicidade infantil, já adotada em muitos países desenvolvidos.

Os canais infantis são, em geral, bem vistos pelos pais. Desenhos e filmes exibidos possuem uma boa qualidade, divertem as crianças e, ao mesmo tempo, são capazes de transmitir conhecimentos e valores positivos.
Infelizmente, esse apelo ao consumo em tenra idade faz um contraponto ruim aos benefícios citados.

Não é muito agradável ou “fofinho” como se costuma dizer, assistir as nossas crianças em lojas e supermercados, preocupadas em escolher produtos para a casa, como um sabonete ou desodorante, e até mesmo fazendo escândalo para adquirir aquele brinquedo visto uma centena de vezes na tela da TV.

O que esperar do futuro de uma sociedade que enxerga as suas crianças como consumidoras?

**Ana Luiza tem 4 anos e é minha filha.

*Reinaldo Canto é jornalista, consultor e palestrante. Foi diretor de Comunicação do Greenpeace e coordenador de Comunicação do Instituto Akatu. É colunista da revista Carta Capital, colaborador da Envolverde e professor de Gestão Ambiental na FAPPES.

Artigo publicado originalmente na coluna do autor no site da revista Carta Capital: http://www.cartacapital.com.br/carta-verde/como-educar-nossas-criancas/?autor=599

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19 março 2012

NOVO CÓDIGO FLORESTAL OU UM VALE-TUDO INCONSEQUENTE?

Por Reinaldo Canto*


Nossos deputados federais têm em seu horizonte a difícil, inglória, mas nem por isso indispensável missão de votar o tão falado Código Florestal. Não é de hoje que o tema explosivo vem causando discussões acaloradas, mesmo assim, o que menos podemos ter certeza é sobre qual texto irá realmente ser votado.

Neste momento, até mesmo a questão fundamental que é anistiar ou não os desmatadores e se eles serão obrigados a recompor os cerca de 18 milhões de hectares derrubados e degradados ilegalmente, conforme previsto no atual texto do Código Florestal (1966), está no ar e não se conhece a sua redação final.

O relator do projeto, o deputado da bancada ruralista Paulo Piau (PMDB-MG), quer mudar o texto aprovado no Senado, para reduzir a recuperação de vegetação nativa em Áreas de Preservação Permanente (APPs). O projeto enviado pelos senadores para a Câmara dos Deputados prevê a recuperação de 300 mil quilômetros de vegetação nativa, incluindo-se nessa conta, as áreas de Reserva Legal das médias e pequenas propriedades. Outro ponto acordado no Senado é a que exige a recuperação de margens de rios de 15 metros nos mais estreitos e de 30 a 100 metros de vegetação nativa naqueles rios mais largos.

O pequeno e discutível avanço levado a cabo no relatório do Código Florestal produzido no Senado Federal está agora na berlinda, pois como bem frisou o colunista de Carta Capital, Dal Marcondes em seu artigo: http://www.cartacapital.com.br/carta-verde/a-disputa-entre-a-competitividade-e-a-ganancia/ , o agronegócio “se apequena em defesa de ilegalidades e ganância”. Marcondes aponta o robusto crescimento do setor nos últimos dez anos, mesmo levando-se em conta o atual código. Portanto, as alegações de perda da competitividade de nossos produtores diante da legislação vigente não devem ser levadas a sério.

Ninguém discute a importância do setor agrícola na balança comercial brasileira e o valor estratégico de manter uma grande produção de alimentos. Nem por isso deveremos passar como um trator, sem trocadilhos, por cima de outros extraordinários patrimônios estratégicos que são a nossa biodiversidade e nossos recursos naturais. As entidades científicas compostas de nossos melhores cérebros já se manifestaram sobre o tema e pediram mais ponderação e discussões de alto nível levando em conta as muitas informações disponibilizadas pela ciência.

A sociedade brasileira tem o dever de cobrar dos seus representantes o exercício do bom senso e de uma visão equilibrada nessa e em qualquer outra matéria que seja levada ao parlamento nacional. O novo Código Florestal precisa atender aos interesses, em primeiro lugar, de todos os cidadãos deste país e não apenas dos produtores rurais.

O que espanta nesse vai e vem é a dificuldade e mesmo a incapacidade que o nosso Congresso tem demonstrado de chegar a bom termo essa discussão. Ao invés de encarar como um jogo em que só vale ganhar de goleada, um empate bem disputado valeria como um título para ambos os lados.

*Reinaldo Canto é jornalista, consultor e palestrante. Foi diretor de Comunicação do Greenpeace e coordenador de Comunicação do Instituto Akatu. É colunista da revista Carta Capital, colaborador da Envolverde e professor de Gestão Ambiental na FAPPES.

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08 março 2012

AS MICRO SOLUÇÕES PARA OS MACRO PROBLEMAS

Por Reinaldo Canto*


Obras pontuais ou ações paliativas para o transporte nas grandes cidades apenas serão capazes de adiar o surgimento de problemas ainda piores


O enfrentamento dos problemas relacionados ao transporte nas grandes cidades não passa por ações pontuais ou por obras caras realizadas sem planejamento e visão de futuro.

São Paulo é um exemplo emblemático dessa dificuldade para entender que a mobilidade urbana em áreas densamente povoadas necessita de medidas inteligentes que sejam capazes de enxergar o problema em toda a sua dimensão. Isso significa que, em primeiro lugar, é preciso buscar os caminhos para tornar seus cidadãos capazes de se deslocar de maneira confortável, rápida e segura. Fácil? É óbvio que não, mas se ao menos nossos planejadores tivessem isso em mente, não tomariam atitudes paliativas, pouco eficazes e o pior, medidas que teriam o poder de agravar ainda mais a situação no médio e longo prazo.

E os sinais da deterioração das condições de transporte na maior metrópole brasileira não param de surgir. Recentemente a capital paulista registrou mais um pico de congestionamento atingindo a estonteante marca de 217 quilômetros de vias repletas de carros imobilizados e inertes. A cidade já chegou a pouco administrável marca de 7,1 milhões de veículos. Desse total são 5,2 milhões de automóveis, 965 mil ônibus, caminhões e caminhonetes e 930 mil motos. Todos os dias mil novos veículos são lacrados em São Paulo para preencher ruas e avenidas já totalmente saturadas.

Na contramão dos números e do bom senso a prefeitura paulistana anunciou um mega investimento, da ordem de R$ 1,8 bilhão com extensão de avenidas, criação de novas pistas, construção de pontes com o consequente e nefasto incentivo ao transporte individual. A principal obra atinge a margem direita da Marginal do Rio Pinheiros, zona sul da cidade que vai ganhar 8 quilômetros de pista.

A prefeitura alega que a medida irá desafogar o trânsito local, mas o que estamos acostumados a ver é o rápido esgotamento da medida e a volta dos congestionamentos em prazos relativamente curtos. Sobram os impactos ambientais decorrentes das obras e o gasto de muito dinheiro com resultados pouco eficientes.

Nos últimos dias também surgiu uma nova proposta, a do reescalonamento no horário do comércio proposto, sem dúvida com toda a boa intenção, pelo ex-presidente do Metrô paulistano, Plinio Assman. Segundo ele, o comércio em geral abriria mais tarde, às 10h, e fecharia às 22h. Se o rodízio de veículos, que tira todos os dias cerca de 20% da frota da cidade, já não consegue fazer efeito, acredito que decisões como mudanças de horário comercial, provavelmente, também não o farão.

O fato inquestionável de aumento constante de veículos em circulação na cidade faz com que ações pontuais sejam simples “enxuga gelo”, sem o real enfrentamento do problema da mobilidade urbana.
Não é a primeira vez que falo sobre isso e, muito provavelmente, não será a última, mas não é possível e minimamente racional imaginar que a melhora no transporte das grandes cidades passe pelo transporte individual. É preciso ampliar, incentivar e criar as melhores condições para que as pessoas possam se deslocar sem o uso do automóvel. Transporte público eficiente, ciclovias seguras e calçadas transitáveis deveriam fazer parte de qualquer estratégia séria de enfrentamento ligada ao transporte urbano.

É difícil prever quanto tempo mais iremos fazer as piores escolhas sem que se estabeleça uma situação de impasse definitiva no nosso trânsito urbano. Enquanto isso, novas e reluzentes montadoras de automóveis vão continuar a se instalar no Brasil e aplaudidas por todos como se representassem a pujança do nosso país.

Na mesma batida as propagandas de automóveis exibem seus produtos como a solução para todos os nossos problemas. Seremos lindos, modernos e livres ao possuir uma dessas máquinas redentoras.

Quando estivermos parados, imóveis no engarrafamento do dia, bastará imaginar o anúncio sedutor de nosso carro para descobrir que essas buzinas e o estresse cotidiano, são apenas ilusões criadas pela Matrix de nossa consciência.

*Reinaldo Canto é jornalista, consultor e palestrante. Foi diretor de Comunicação do Greenpeace e coordenador de Comunicação do Instituto Akatu. É colunista da revista Carta Capital, colaborador da Envolverde e professor de Gestão Ambiental na FAPPES.

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18 fevereiro 2012

AS BOAS PERSPECTIVAS DE UMA ECONOMIA CRIATIVA E SUSTENTÁVEL

Sites de venda, troca e aluguel de usados oferecem uma bela alternativa ao consumismo compulsivo

Por Reinaldo Canto*


Uma sociedade consumista baseada na compra irracional e por impulso ainda permanece firme e forte sem apresentar mudanças relevantes num horizonte de curto prazo. A publicidade segue firme vendendo produtos e serviços baseados naquilo que, efetivamente, eles não oferecem: alegria, amor e emoções, ou seja, o alcance da felicidade puramente pela via da aquisição de bens materiais.

Quantas vezes não compramos algo baseado nessas qualificações maravilhosas e realizadoras, mas passado um tempo, em geral bastante curto, descobrimos estupefatos que eles nada mais eram do que objetos inanimados e desprovidos dessa capacidade de realizar sonhos e desejos. Quando úteis, as premissas iniciais apesar de não se concretizarem, serão capazes de justificar a aquisição desses produtos para situações mais corriqueiras e menos fantasiosas. Em caso contrário, quando as emoções “vendidas” pelo anúncio não se comprovarem, restará aquele vazio depressivo e, muitas vezes, um triste e desnecessário desfalque na conta do mês.

Mas como dizia a minha e as avós de muita gente: “tudo na vida tem solução, menos a morte!”. Pois eis que se consolida no Brasil, uma maneira de, ao menos, remediar aquela compra mal feita. A popularização de sites que vendem usados, como o Mercado Livre, já é uma realidade. Agora o que começa a fazer parte da realidade brasileira é a troca e em menor medida, até mesmo o aluguel de produtos e serviços.

Recentemente, entraram em operação, entre outros, os sites DescolaAí e BuscaLá. Assim como o Mercado Livre, eles também anunciam a venda de usados, mas têm como foco principal o modelo de negócios conhecido como compartilhamento de bens. Exatamente aquele baseado na troca e aluguel.

No caso da locação de produtos, é claro que não estamos fazendo referência ao aluguel de veículos ou de uma casa na praia, e sim de situações bem menos usuais como, por exemplo, o de uma furadeira. Excelente para o uso durante alguns minutos, depois largada num canto para tomar pó e se degradar muitas vezes por anos.

Nesse sentido, o compartilhamento de bens pode se tornar um grande aliado para o desenvolvimento sustentável em nosso país. Afinal, a ideia de utilizar durante um período, ao invés de adquirir determinados produtos, reduz o impacto ambiental da produção ao mesmo tempo em que mantêm a economia aquecida.

Sem dúvida que será preciso vencer enormes barreiras culturais baseadas na posse, mas ao menos, as perspectivas são bastante positivas. Nos Estados Unidos e na Europa essa prática possui exemplos de segmentos específicos como o de roupas e brinquedos infantis. São casos de sucesso já comprovado e que rendem a esses sites receitas contadas aos milhões de dólares e euros.

Marcello Simonsen, idealizador do Buscalá, ficava assustado com a enorme geração de lixo das famílias e da sua própria. Além de fazer mudanças no seu próprio cotidiano como a redução no uso de embalagens, reciclagem e doação de bens com pouco ou nenhum uso, pensou que ali poderia estar a possibilidade de um novo negócio. Primeiro Marcello pensou em abrir uma usina de lixo para reciclagem. Desistiu da ideia, mas manteve o foco e criou o BuscaLá ao conhecer algumas experiências internacionais exitosas.

Em funcionamento há menos de um ano (junho de 2011), o BuscaLá, segundo seu criador, espera consolidar o site e a marca. Para conseguir isso, nos parece que o caminho não será fácil, ainda mais se como diz Marcelo o objetivo é conseguir que o aluguel de produtos e serviços assuma um lugar de grande destaque no faturamento do site.

A busca por parcerias com negócios tradicionais e consolidados parece oferecer boas chances para chegar aos resultados almejados pelos sócios do BuscaLá. “Estamos começando agora a trabalhar com loja de usados e o site irá funcionar como um e-commerce externo dando maior visibilidade e apoio a esses negócios”, explica Marcello.

Ainda temos um longo caminho para incutir na mentalidade do brasileiro que mais do que POSSUIR melhor e ideal para todos é USUFRUIR efetivamente dos benefícios oferecidos pelo produto. Sem dúvida, será melhor para o bolso da gente e para o futuro do planeta.

Muita coisa precisa mudar, mas felizmente, já há quem enxergue nesse mundo boas possibilidades de transformação rumo ao desenvolvimento sustentável.
Que venham mais negócios assim!

Endereços dos sites citados:
http://www.buscala.com.br/
http://www.descolaai.com/
http://www.mercadolivre.com.br/

*Reinaldo Canto é jornalista, consultor e palestrante. Foi diretor de Comunicação do Greenpeace e coordenador de Comunicação do Instituto Akatu. É colunista da revista Carta Capital, colaborador da Envolverde e professor de Gestão Ambiental na FAPPES.

Artigo publicado originalmente na coluna do autor no site da revista Carta Capital: http://www.cartacapital.com.br/carta-verde/as-boas-perspectivas-de-uma-economia-criativa-e-sustentavel/?autor=599
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