14 julho 2022

LANÇAMENTO DE GLOSSÁRIO SOBRE JUSTIÇA CLIMÁTICA TRADUZ TERMOS PARA COMUNIDADES

 

A Plataforma Latino-Americana e do Caribe para a Justiça Climática (PLACJC) apresentou em junho o Glossário sobre Justiça Climática.  O projeto @arvoreagua já está fazendo a ilustração de cada um dos termos do glossário, disseminando esse conhecimento para o público no Brasil em pílulas homeopáticas semanais. O Glossário é uma proposta coletiva que reúne o trabalho de várias organizações, coletivos e ativistas da região, como parte da resistência, por parte do povo, contra regulamentos extractivistas, patriarcais, consumistas, capitalistas e neoliberais. 

 



O lançamento virtual contou com a presença de expertos como Tom Goldtooth, Indigenous Environmental Network, EUA; Camila Moreno, Grupo Carta de Belém, Brasil; Larry Lohmann, The Corner House, Reino Unido e Vandria Borari, Organização Maparajuba, Coletivo de Advocacia Popular, Brasil, que chegaram à mesma conclusão: este Glossário é um instrumento importante para continuar a luta dos povos contra o sistema que, utilizando-se de uma linguagem confusa e hiper-especializada, excluiu e violou comunidades afetadas pela violência estrutural e em face à luta climática. 

Larry Lohmann indicou que as grandes empresas utilizam vocabulário muito complexo e “escondem a realidade”, razão pela qual considera importante compartilhar e tornar público o Glossário a fim de “lutar contra este vocabulário (utilizado por grandes poluidores e estados), que não é uma palavra mas sim todo um sistema”. 

De sua parte, Tom Goldtooth realçou que “informação é poder e podemos quebrar o véu das mentiras que foram criadas pelas elites para fingir que as soluções são reais”. 

Neste sentido, Vandria Borari apontou que o Glossário contribui para esta luta e “traz à realidade o que está a ser vivida pelos povos indígenas e áreas protegidas em todo o mundo”, fornecendo a sua voz e ajudando a “refutar falsas soluções” como os mercados de carbono, bem como sendo um instrumento para divulgar as soluções enganosas para as alterações climáticas e todas as mentiras sobre medidas de emergência. Ela conclui que “a colonização ainda não acabou”.

Para concluir, Camila Moreno indicou que “estamos num momento de desconexão com o mundo”, ou seja, que durante as negociações climáticas excluem os povos indígenas e inventam uma linguagem difícil de compreender, deixando as principais pessoas afetadas pelas alterações climáticas fora das soluções. Moreno considera importante “desconstruir esta matriz que as grandes corporações querem impor”.

A PLACJC convida a explorar o Glossário disponível em espanhol, inglês e português no seguinte link: https://bit.ly/3MUG0ud.



 

17 agosto 2021

Café na vanguarda da sustentabilidade

 

Por Reinaldo Canto, especial para a Envolverde –

Ações da Nespresso são exemplos para um dos setores mais importantes do agronegócio brasileiro

O ato de beber café no Brasil é quase sempre de prazer e até de um respiro e coragem para dar conta das tarefas do dia. Em cada xícara estão reservados momentos de relaxamento, reflexão e puro contentamento.

Há 15 anos no país, os cafés contidos nas cápsulas da Nespresso já fazem parte da rotina dos brasileiros e além de propiciar esses momentos especiais aos seus consumidores, a empresa tem se tornado cada vez mais uma referência em qualidade e sustentabilidade. São compromissos como o de atingir a neutralidade de carbono ainda no próximo ano, ampliar o crescente processo de
reciclagem das cápsulas e estar mais próxima dos milhares de produtores, os verdadeiros astros responsáveis por fornecer os melhores cafés.

Neutralidade agora e net zero até 2050

Recentemente, a Nespresso anunciou que todas as suas xícaras de café serão neutras em carbono até 2022. Isso quer dizer que da produção à comercialização das suas cápsulas todo o impacto em gases de efeito estufa emitidos serão compensados em ações internas de redução de suas emissões, com o uso crescente de energias limpas e renováveis e também por meio do plantio de árvores e a compra de créditos de carbono. Uma ação que beneficia o meio ambiente, mas também o próprio negócio da empresa. “Estudos mostram que se nada for feito até 2080 nós teremos apenas 15% das áreas de café arábica hoje disponíveis”, alerta Cecilia Seravalli, gerente de sustentabilidade da Nespresso no Brasil.

Por essa razão, as ações tendo em vista a neutralização não vão parar em 2020.

O objetivo da empresa é chegar ao chamado net zero até 2050, o que significa fazer com que todas as suas ações sejam carbono neutro sem a necessidade da compra de créditos de carbono.

Não será uma tarefa fácil, pois implica, por exemplo, em atuar além das Boutiques de rua nas quais a Nespresso poderá colocar em prática seus objetivos diretamente. Mas como fazê-lo, por exemplo, em lojas localizadas em shopping centers? E com os demais fornecedores? São respostas que a empresa está buscando para atingir seus objetivos.

“Temos que achar soluções e temos bastante oportunidades em transporte,””, explica Cecilia. “Já temos entregas verdes utilizando bicicletas, carros elétricos que abastecem seis boutiques em São Paulo, um caminhão movidos a GNV ou biometano é utilizado para o transporte e abastecimento dos centros de distribuição e de São Paulo e Rio de Janeiro.”

E o empenho dos parceiros também é fundamental para alcançar esse objetivo, “é um grande desafio, pois não dependerá apenas de nós. Precisamos de nossos para adotar medidas para neutralizar as emissões”.

Uma das melhores maneiras de absorver carbono é por meio do plantio de árvores o que tem sido feito nas mais de mil fazendas produtoras de café fornecedoras da Nespresso. E o plantio ainda possui outros benefícios, pois também contribuem para melhorar a qualidade do café fornecendo sombra e suas raízes ajudam a manter o solo saudável.

E por falar em cápsulas, como em sustentabilidade sabemos que tudo faz parte da mesma equação, a meta de aumentar a reciclagem e do uso constante de materiais reciclados em seus produtos são componentes fundamentais para reduzir significativamente o impacto ambiental e, consequentemente, a emissão dos gases de efeito estufa.

Reciclagem no DNA

É claro que a pandemia atrapalhou os projetos de ampliação da reciclagem que hoje representa 17% de suas cápsulas, bem superior ao do país em torno de irrisórios 2,1%, mas ainda longe dos objetivos da empresa. “Nosso primeiro desafio é retomar os números da pré-pandemia que era de 30% e chegarmos a 50% até 2025”, explica Cecilia Seravalli.

Um dos caminhos é a ampliação de parcerias com cooperativas. Hoje são 60 localizadas na capital paulista e na região metropolitana de São Paulo e outras 20 em cidades pelo país, no qual a empresa paga o preço do alumínio nas cápsulas cheias de café aumentando a remuneração dos trabalhadores. E é sempre bom lembrar que ao deixar de utilizar o alumínio virgem e optar pelo
reciclado, o consumo energético é 20 vezes menor.

Para Cecilia, a reciclagem ainda possui um fator fundamental de engajamento dos consumidores. Por essa razão, o objetivo é sempre o de oferecer mais opções e conveniência como as que já estão disponíveis tanto nas Boutiques próprias, nas 49 lojas do Pão de Açúcar, nos mais de 150 pontos de coleta e até por meio de ciclistas que entregam cápsulas e retiram as usadas em alguns bairros nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Porto Alegre. Além disso, a Nespresso também oferece a opção do envio de cápsulas usadas pelos Correios, de qualquer lugar do país, sem custo para o consumidor.

O destino que se dá a borra do café das cápsulas é uma alternativa de adubo natural para a produção de alimentos orgânicos. Essa parceria com a Morada da Floresta tem beneficiado agricultores ligados a Cooperativa Agroecológica de Produtores Rurais e de Água Limpa da Região Sul de São Paulo (bairro de Parelheiros na capital paulista) e ainda oferece assistência técnica aos agricultores locais.

A expansão das possibilidades de logística reversa ainda conta com projetos-piloto em agências do Correios de quatro cidades três no estado de São Paulo (capital, Santos e Piracicaba) e no Ceará, na capital Fortaleza. A estratégica parceria com os Correios e suas agências deve crescer tendo em vista a enorme capilaridade da empresa em todo o território nacional.

Qualidade, sustentabilidade e igualdade no campo

Agora, para que todos os pilares ESG (ambiental, social e de governança, traduzido da sigla em inglês) estejam contemplados é preciso que o café oferecido pela Nespresso seja sustentável como também de ótima qualidade.

Segundo Guilherme Amado, líder do Programa Nespresso AAA de Qualidade Sustentável™, o trabalho da Nespresso com as 1200 fazendas parceiras é baseado em confiança e troca constante de experiências. “Eu coordeno um programa de relacionamento com as fazendas de café. É um programa com três pilares: qualidade, sustentabilidade e produtividade, uma iniciativa que já completa 16 anos no Brasil. Temos linhas de investimentos na produção de cafés, mas hoje há um grande desafio também importante que é o das mudanças climáticas.

Em função desses inúmeros desafios que o investimento da multinacional se baseia no desenvolvimento local sustentável. “Nosso papel é de liderar essa agenda” explica Guilherme. Projetos da empresa no Vale da Grama (no estado de São Paulo) e Carmo de Minas (região sul de Minas Gerais), por exemplo, com plantio de árvores, capacitação de lideranças, premiação e reconhecimento para os esforços e os resultados obtidos.

Nespresso tem buscado valorizar e premiar os produtores que se destacam tanto no que se refere a qualidade quanto a sustentabilidade. E tudo isso somado cria um diferencial de qualidade e, consequentemente, alcança um valor maior. “Quanto mais ele atender esses requisitos mais irá ganhar. O preço da saca vai ter essas diferenças para aumento na renda e o reconhecimento por meio de certificações e premiações”, complementa Guilherme Amado.

Brazil

Esse trabalho de assistência técnica aos agricultores além de contribuir para a qualidade do café plantado e colhido ainda contempla a estratégia visando o combate às mudanças climáticas por meio da agricultura regenerativa, principalmente no que se refere ao trabalho de recuperação do solo por meio do aumento no uso de matéria orgânica e microrganismos ao invés de agrotóxicos.

A inclusão é outro fator primordial dado o histórico baixo nível de capital social no campo. “Garantir renda e bem estar ao agricultor e a igualdade de gênero é um trabalho muito importante realizado pela Nespresso”, afirma Guilherme.

E como inclusão e sustentabilidade caminham sempre juntos, a Nespresso tem o objetivo de contratar mais agrônomas. Hoje a relação já é de 40% mulheres e 60% homens. Um estudo realizado pela DDI, organização de análise e pesquisa e pela consultoria Ernst & Young, concluiu que uma equipe diversa dá mais lucro para empresas fato também já constatado e apoiado pelo ONU Mulheres, órgão das Nações Unidas que apoia a igualdade de gênero.

Quem diria que um café poderia ser assim…tão saboroso?

#Envolverde

19 março 2021

 CRISE MUNDIAL DE ALIMENTOS:

A INVERSÃO DE PRIORIDADES COLOCA EM RISCO UM NÚMERO RECORDE DE SERES HUMANOS

Por Reinaldo Canto, especial para a Quality Magazine

Pode ser que alguns se surpreendam, mas nós humanos somos como, quaisquer das espécies que habitam o planeta, notadamente nas funções mais básicas e ordinárias de nossas existências, exatamente iguais. Afinal, assim como outros seres, a principal tarefa que nos cabe cotidianamente é a de obter alimento suficiente à nossa própria sobrevivência.  Assim mesmo, sejamos mais ou menos inteligentes, teremos que comer, hoje, amanhã e nos dias vindouros de nossa limitada existência. Nada muito diferente do que faz uma minhoca, um gambá ou um sabiá.

Esta é apenas uma, entre as muitas leis naturais há que estamos subordinados. Mesmo assim, tem sido comum nesses tempos modernos, que a ganância ilógica dos poderosos busque colocar o homo sapiens  aquém e além do óbvio. Só assim poderemos entender a inversão de prioridades ao colocar em risco a produção dos alimentos, tal como temos visto com certa frequência e cada vez com situações mais graves e alarmantes.

MUDANÇAS CLIMÁTICAS E PANDEMIA

Se já não bastasse o cenário de fome crescente no mundo em função das mudanças climáticas, a pandemia do coronavírus ampliou os desafios.  Segundo informações divulgadas pela  FAO, o órgão das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura, este ano cerca de 49 milhões de pessoas podem cair na pobreza extrema devido à crise da COVID-19. “O número de pessoas expostas a uma grave insegurança alimentar e nutricional vai crescer rapidamente. A queda de um ponto percentual no Produto Interno Bruto global significa mais 700 mil crianças raquíticas”, afirmou Antonio Guterres, Secretário Geral da ONU. 

A FAO também alerta que mesmo em países com abundância de alimentos, há riscos de interrupções na cadeia de abastecimento alimentar, ou seja, problemas na produção e na distribuição que ainda agravam esse cenário.

NOVOS E VELHOS PROBLEMAS

Mas sempre é bom lembrar que não foi a crise sanitária que criou determinados problemas, eles de certa maneira foram potencializados, já que o contexto da fome no mundo já era suficientemente crítico.

A ONU lembra que centenas de milhões de pessoas já viviam esse quadro de crise alimentar muito antes dessa pandemia, lutando diariamente contra a fome e a desnutrição. 

“Há alimentos mais do que suficientes no mundo para alimentar a nossa população de 7,8 bilhões de pessoas. No entanto, hoje, mais de 820 milhões de pessoas passam fome. E cerca de 144 milhões de crianças com menos de 5 anos são raquíticas, mais do que uma em cada 5 crianças em todo o mundo”, complementou Guterres. 

Outro problema apontado por economistas da FAO é a especulação orquestrada pelos mercados futuros. “A financeirização por meio de manobras especulativas contribue para elevar os preços dos alimentos”, afirma a entidade.

Especulação, fenômenos climáticos extremos e desvio da função primordial de dar de comer as pessoas, já seriam razões suficientes para desequilibrar toda a oferta de alimentos mundial. Mas ainda tem mais: a má distribuição!

Estudos feitos pelas Nações Unidas já concluíram que existem alimentos suficientes para alimentar toda a população do planeta, o problema é que ela não chega onde mais se precisa. E, claro não poderia ser diferente, 98% dos que passam fome, vivem em países subdesenvolvidos.

 

 

AQUI, O PROBLEMA É O DESPERDÍCIO

Segundo maior produtor mundial de alimentos, o Brasil produz comida suficiente para alimentar toda a sua população e ainda exportar excedentes. Mas além da má distribuição, um dos maiores problemas do país é o desperdício. Dados da Embrapa estimam em uma perda diária de alimentos na casa das 40 mil toneladas. Uma quantidade suficiente para alimentar em torno de 19 milhões de pessoas com três refeições por dia.

 

Estudo do Instituto Akatu divulgado no caderno temático “A nutrição e o consumo consciente” nas diversas etapas pelas quais o alimento passa antes de ser adquirido pelo consumidor ocorrem perdas que perfazem essas milhares de toneladas de comida boa que vai parar no lixo, sendo 20% na colheita; 8% no transporte e armazenamento; 15% na indústria de processamento e 1% no varejo. Além disso, devem-se levar em conta todos os recursos naturais que foram utilizados para a produção desperdiçada desses alimentos.

 

É POSSÍVEL MUDAR, MAS É PRECISO RAPIDEZ      

Basear os investimentos em uma agricultura sustentável com o incentivo aos pequenos produtores, consumir mais produtos locais, melhorar a infraestrutura do transporte e armazenamento para reduzir o desperdício e garantir o acesso da população aos alimentos são ações que deveriam estar presentes em qualquer plano estratégico de um país. Neste momento pelo qual ainda estamos passando de enfrentamento da pandemia, um planejamento eficiente é mais do que necessário ainda mais se esse país for pobre ou em desenvolvimento.  Colocar todos os esforços e todos os setores na busca desse equilíbrio é, antes de mais nada, questão de governabilidade e respeito às pessoas.  


06 novembro 2020

OS FALSOS BENEFÍCIOS DOS PLÁSTICOS OXI "BIO" DEGRADÁVEIS

 Instituto entra com Ação Civil Pública contra propaganda enganosa e poluição ao meio ambiente causado por esses materiais

O IDESC – Instituto de Desenvolvimento Sustentável de Comunidades Humanizar – organização da Sociedade Civil de interesse público e sem fins lucrativos, entrou com uma Ação Civil Pública no Tribunal Regional Federal da 4ª Região – SJ-PR, contra uma série de empresas que produzem, vendem ou distribuem produtos plásticos oxidegradáveis falsamente identificados como “biodegradáveis”, são elas: Altacoppo; Lojas Americanas; Arcos Dourados (McDonalds); Casas Bahia (Via Varejo); Copobras; Eco Ventures (Go Green PLife); Plaslix; Res Brasil (D2W); Strawplast; Supricorp (Gimba) e World Post.

Também participam da Ação o Ministério Público, a Advocacia Geral da União (AGU) e a ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas.

A Ação tem como objetivo responsabilizar essas empresas pelos danos ambientais e por propaganda enganosa induzindo o consumidor a acreditar que estes produtos são “biodegradáveis”, “sustentáveis” e ou “amigo do meio ambiente”, quando na verdade este aditivo oxidegradável e produtos com ele fabricados, de acordo com estudos e pesquisas científicas, acabam resultando em microplásticos que poluem e contaminam o ecossistema e, por consequência, também podem causar malefícios à saúde humana. (https://www.change.org/NãocontraPropagandaEnganosaeAtentadoNossasVidas).

Não foi por outra razão que, com base nesses fatos, a União Europeia proibiu o uso do aditivo oxidegradável já a partir de 2021. Mais de 150 organizações de diversos setores endossam a recomendação da Fundação Ellen MacArthur, com sede no Reino Unido, para o banimento dos plásticos oxidegradáveis, em razão de seu grande potencial poluidor, por não atender aos princípios da economia circular e por prejudicar a reciclagem, dentre outros motivos.

No Brasil, estudos e pesquisas científicas também apontam para iguais conclusões e a própria Associação Brasileira da Indústria do Plástico – ABIPLAST é contrária ao uso do aditivo oxidegradável. (https://www.abiplast.org.br/sala-de-imprensa/biodegradavel-so-na-propaganda/).

A Ação também demanda a devida reparação pelos danos causados ao meio ambiente e a população em geral, bem como a imediata suspensão do uso de aditivo oxidegradável, na fabricação, comercialização e distribuição de produtos plásticos, tais como: sacolas, sacos, canudinhos, pratos, talheres, copos, bandejas, garrafas, tampas, embalagens em geral, dentre outros materiais e utensílios, bem como o imediato recolhimento desses produtos já colocados a disposição do mercado consumidor.

Uma das finalidades estatutárias do IDESC inclui prover à sociedade em geral de informações técnicas, legítimas e educativas. Por essa razão, nos cabe informar que especialistas consideram o plástico uma inovação tecnológica capaz de atender diversas necessidades da sociedade contemporânea, como nas áreas da medicina, construção, alimentação, higiene, etc., observando ainda que sua substituição por outras matérias-primas, que representem reais ganhos ambientais, é uma tarefa tecnicamente complexa. Entretanto, sua utilização deve priorizar os princípios do consumo consciente, descarte adequado, reciclagem e processos de biodegradação cientificamente comprovados”, explica o presidente do IDESC (Instituto Humanizar), Plínio da Franca.

As empresas, que de alguma forma usam materiais plásticos em seus produtos, devem investir recursos financeiros e tecnológicos, para desenvolver e ou empregar soluções técnicas que sejam capazes de mitigar os impactos negativos ambientais, incluindo destinar investimentos em informação e projetos de educação ambiental. Diante de tais fatos, não podemos deixar de denunciar a parcela da cadeia produtiva do plástico que fabrica, distribui e ou comercializa falsas soluções como o aditivo oxidegradável, criando entendimentos distorcidos e desinformação na população a respeito dos materiais plásticos e do processo de biodegradação”, complementa Plínio da Franca.

Neste momento de eleições em todos os municípios do País, é essencial que cada cidadão e eleitor busquem o compromisso de seus Prefeitos e Vereadores com as causas ambientais. Principalmente quando tramitam no Congresso Nacional, Câmaras Municipais e Assembleias Estaduais de todo o país, projetos de lei que, contrariando evidências técnicas e científicas, visam permitir e até obrigar o uso deste aditivo oxidegradável na produção de plásticos, sob a alegação equivocada de serem “biodegradáveis”. Por isso, o IDESC convida a sociedade em geral para se mobilizar no sentido de apoiar e colaborar com essa causa e Ação Civil Pública acompanhando o processo, assinando e divulgando o abaixo-assinado pela proibição desses materiais oxidegradáveis no Brasil, acessando o site www.institutohumanizar.org.br.

Somente com o desenvolvimento da nossa capacidade de discernir o que realmente é bom e justo a nós seres humanos e ao nosso ecossistema, seremos capazes de contribuir efetivamente com a sustentabilidade da vida”, conclui Plínio da Franca.

#Envolverde

26 outubro 2020

Um novo crime contra o meio ambiente do país

 

por Reinaldo Canto, especial para a Envolverde – 

Retirar os brigadistas do Ibama da linha de frente ao combate de incêndios é indefensável

Os biomas brasileiros vêm sofrendo há meses perdas irreparáveis em razão de terríveis incêndios. As razões são múltiplas, entre elas, secas rigorosas causadas pelas mudanças climáticas cujos efeitos são cada vez mais perversos. Mas aqui destaco outro fator tão ou mais nefasto que os fenômenos climáticos: a omissão e a cumplicidade do governo central do país.

A ordem do diretor de proteção ambiental do Ibama, Olímpio Ferreira Magalhães,  determinando o retorno das brigadas denominadas Prevfogo para voltarem as suas bases alegando falta de recursos financeiros parece fazer parte de alguma alucinação, talvez de uma realidade paralela na qual problemas como o histórico aumento das queimadas nos biomas brasileiros e só para ficar num exemplo, a destruição de 4 milhões de hectares no Pantanal ou cerca de 20% de sua área, simplesmente não estivessem ocorrendo.

A decisão tomada ontem, quarta-feira (21) determinou o retorno imediato dos brigadistas que atuam no Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo). Mesmo que as chuvas tenham contribuído para reduzir os focos de incêndio, o problema ainda persiste continua grave e está longe de ser debelado. Por isso mesmo interromper os trabalhos neste momento não faz nenhum sentido.

Segundo o secretário-executivo do Observatório do Clima, Márcio Astrini, alegar falta de recursos é absurda. “Neste momento, o governo tem mais de R$1,5 bilhão parados no Fundo Amazônia e está sendo processado no Supremo por omissão, pela não utilização deste dinheiro, e diz estar retirando os fiscais por falta de recursos”.

Dados do INPE – o Instituto de Pesquisas Espaciais – mostram que neste ano já foram computados mais de 89 mil focos de incêndio na Amazônia. Aumento de 25% em relação ao ano passado. Já em relação ao Pantanal a situação consegue ser ainda mais dramática ao registrar um crescimento nos incêndios na ordem de 217% este ano quando se compara a 2019. Um quarto do Pantanal já foi destruído pelo fogo e as perdas em sua fauna e flora possivelmente jamais seja recuperado.

Para um governo que se intitula “patriótico” ações ou omissões como as que temos visto que contribuem para a destruição de nosso capital natural pode ser considerado um crime contra a nação e contra todos os brasileiros. (#Envolverde)

Reinaldo Canto é jornalista, foi diretor de comunicação do Greenpeace no Brasil, gerente de comunicação do Instituto Akatu, é professor universitário e atualmente está na vice-presidência do Instituto Envolverde.

 

 

11 agosto 2020