17 agosto 2021

Café na vanguarda da sustentabilidade

 

Por Reinaldo Canto, especial para a Envolverde –

Ações da Nespresso são exemplos para um dos setores mais importantes do agronegócio brasileiro

O ato de beber café no Brasil é quase sempre de prazer e até de um respiro e coragem para dar conta das tarefas do dia. Em cada xícara estão reservados momentos de relaxamento, reflexão e puro contentamento.

Há 15 anos no país, os cafés contidos nas cápsulas da Nespresso já fazem parte da rotina dos brasileiros e além de propiciar esses momentos especiais aos seus consumidores, a empresa tem se tornado cada vez mais uma referência em qualidade e sustentabilidade. São compromissos como o de atingir a neutralidade de carbono ainda no próximo ano, ampliar o crescente processo de
reciclagem das cápsulas e estar mais próxima dos milhares de produtores, os verdadeiros astros responsáveis por fornecer os melhores cafés.

Neutralidade agora e net zero até 2050

Recentemente, a Nespresso anunciou que todas as suas xícaras de café serão neutras em carbono até 2022. Isso quer dizer que da produção à comercialização das suas cápsulas todo o impacto em gases de efeito estufa emitidos serão compensados em ações internas de redução de suas emissões, com o uso crescente de energias limpas e renováveis e também por meio do plantio de árvores e a compra de créditos de carbono. Uma ação que beneficia o meio ambiente, mas também o próprio negócio da empresa. “Estudos mostram que se nada for feito até 2080 nós teremos apenas 15% das áreas de café arábica hoje disponíveis”, alerta Cecilia Seravalli, gerente de sustentabilidade da Nespresso no Brasil.

Por essa razão, as ações tendo em vista a neutralização não vão parar em 2020.

O objetivo da empresa é chegar ao chamado net zero até 2050, o que significa fazer com que todas as suas ações sejam carbono neutro sem a necessidade da compra de créditos de carbono.

Não será uma tarefa fácil, pois implica, por exemplo, em atuar além das Boutiques de rua nas quais a Nespresso poderá colocar em prática seus objetivos diretamente. Mas como fazê-lo, por exemplo, em lojas localizadas em shopping centers? E com os demais fornecedores? São respostas que a empresa está buscando para atingir seus objetivos.

“Temos que achar soluções e temos bastante oportunidades em transporte,””, explica Cecilia. “Já temos entregas verdes utilizando bicicletas, carros elétricos que abastecem seis boutiques em São Paulo, um caminhão movidos a GNV ou biometano é utilizado para o transporte e abastecimento dos centros de distribuição e de São Paulo e Rio de Janeiro.”

E o empenho dos parceiros também é fundamental para alcançar esse objetivo, “é um grande desafio, pois não dependerá apenas de nós. Precisamos de nossos para adotar medidas para neutralizar as emissões”.

Uma das melhores maneiras de absorver carbono é por meio do plantio de árvores o que tem sido feito nas mais de mil fazendas produtoras de café fornecedoras da Nespresso. E o plantio ainda possui outros benefícios, pois também contribuem para melhorar a qualidade do café fornecendo sombra e suas raízes ajudam a manter o solo saudável.

E por falar em cápsulas, como em sustentabilidade sabemos que tudo faz parte da mesma equação, a meta de aumentar a reciclagem e do uso constante de materiais reciclados em seus produtos são componentes fundamentais para reduzir significativamente o impacto ambiental e, consequentemente, a emissão dos gases de efeito estufa.

Reciclagem no DNA

É claro que a pandemia atrapalhou os projetos de ampliação da reciclagem que hoje representa 17% de suas cápsulas, bem superior ao do país em torno de irrisórios 2,1%, mas ainda longe dos objetivos da empresa. “Nosso primeiro desafio é retomar os números da pré-pandemia que era de 30% e chegarmos a 50% até 2025”, explica Cecilia Seravalli.

Um dos caminhos é a ampliação de parcerias com cooperativas. Hoje são 60 localizadas na capital paulista e na região metropolitana de São Paulo e outras 20 em cidades pelo país, no qual a empresa paga o preço do alumínio nas cápsulas cheias de café aumentando a remuneração dos trabalhadores. E é sempre bom lembrar que ao deixar de utilizar o alumínio virgem e optar pelo
reciclado, o consumo energético é 20 vezes menor.

Para Cecilia, a reciclagem ainda possui um fator fundamental de engajamento dos consumidores. Por essa razão, o objetivo é sempre o de oferecer mais opções e conveniência como as que já estão disponíveis tanto nas Boutiques próprias, nas 49 lojas do Pão de Açúcar, nos mais de 150 pontos de coleta e até por meio de ciclistas que entregam cápsulas e retiram as usadas em alguns bairros nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Porto Alegre. Além disso, a Nespresso também oferece a opção do envio de cápsulas usadas pelos Correios, de qualquer lugar do país, sem custo para o consumidor.

O destino que se dá a borra do café das cápsulas é uma alternativa de adubo natural para a produção de alimentos orgânicos. Essa parceria com a Morada da Floresta tem beneficiado agricultores ligados a Cooperativa Agroecológica de Produtores Rurais e de Água Limpa da Região Sul de São Paulo (bairro de Parelheiros na capital paulista) e ainda oferece assistência técnica aos agricultores locais.

A expansão das possibilidades de logística reversa ainda conta com projetos-piloto em agências do Correios de quatro cidades três no estado de São Paulo (capital, Santos e Piracicaba) e no Ceará, na capital Fortaleza. A estratégica parceria com os Correios e suas agências deve crescer tendo em vista a enorme capilaridade da empresa em todo o território nacional.

Qualidade, sustentabilidade e igualdade no campo

Agora, para que todos os pilares ESG (ambiental, social e de governança, traduzido da sigla em inglês) estejam contemplados é preciso que o café oferecido pela Nespresso seja sustentável como também de ótima qualidade.

Segundo Guilherme Amado, líder do Programa Nespresso AAA de Qualidade Sustentável™, o trabalho da Nespresso com as 1200 fazendas parceiras é baseado em confiança e troca constante de experiências. “Eu coordeno um programa de relacionamento com as fazendas de café. É um programa com três pilares: qualidade, sustentabilidade e produtividade, uma iniciativa que já completa 16 anos no Brasil. Temos linhas de investimentos na produção de cafés, mas hoje há um grande desafio também importante que é o das mudanças climáticas.

Em função desses inúmeros desafios que o investimento da multinacional se baseia no desenvolvimento local sustentável. “Nosso papel é de liderar essa agenda” explica Guilherme. Projetos da empresa no Vale da Grama (no estado de São Paulo) e Carmo de Minas (região sul de Minas Gerais), por exemplo, com plantio de árvores, capacitação de lideranças, premiação e reconhecimento para os esforços e os resultados obtidos.

Nespresso tem buscado valorizar e premiar os produtores que se destacam tanto no que se refere a qualidade quanto a sustentabilidade. E tudo isso somado cria um diferencial de qualidade e, consequentemente, alcança um valor maior. “Quanto mais ele atender esses requisitos mais irá ganhar. O preço da saca vai ter essas diferenças para aumento na renda e o reconhecimento por meio de certificações e premiações”, complementa Guilherme Amado.

Brazil

Esse trabalho de assistência técnica aos agricultores além de contribuir para a qualidade do café plantado e colhido ainda contempla a estratégia visando o combate às mudanças climáticas por meio da agricultura regenerativa, principalmente no que se refere ao trabalho de recuperação do solo por meio do aumento no uso de matéria orgânica e microrganismos ao invés de agrotóxicos.

A inclusão é outro fator primordial dado o histórico baixo nível de capital social no campo. “Garantir renda e bem estar ao agricultor e a igualdade de gênero é um trabalho muito importante realizado pela Nespresso”, afirma Guilherme.

E como inclusão e sustentabilidade caminham sempre juntos, a Nespresso tem o objetivo de contratar mais agrônomas. Hoje a relação já é de 40% mulheres e 60% homens. Um estudo realizado pela DDI, organização de análise e pesquisa e pela consultoria Ernst & Young, concluiu que uma equipe diversa dá mais lucro para empresas fato também já constatado e apoiado pelo ONU Mulheres, órgão das Nações Unidas que apoia a igualdade de gênero.

Quem diria que um café poderia ser assim…tão saboroso?

#Envolverde

19 março 2021

 CRISE MUNDIAL DE ALIMENTOS:

A INVERSÃO DE PRIORIDADES COLOCA EM RISCO UM NÚMERO RECORDE DE SERES HUMANOS

Por Reinaldo Canto, especial para a Quality Magazine

Pode ser que alguns se surpreendam, mas nós humanos somos como, quaisquer das espécies que habitam o planeta, notadamente nas funções mais básicas e ordinárias de nossas existências, exatamente iguais. Afinal, assim como outros seres, a principal tarefa que nos cabe cotidianamente é a de obter alimento suficiente à nossa própria sobrevivência.  Assim mesmo, sejamos mais ou menos inteligentes, teremos que comer, hoje, amanhã e nos dias vindouros de nossa limitada existência. Nada muito diferente do que faz uma minhoca, um gambá ou um sabiá.

Esta é apenas uma, entre as muitas leis naturais há que estamos subordinados. Mesmo assim, tem sido comum nesses tempos modernos, que a ganância ilógica dos poderosos busque colocar o homo sapiens  aquém e além do óbvio. Só assim poderemos entender a inversão de prioridades ao colocar em risco a produção dos alimentos, tal como temos visto com certa frequência e cada vez com situações mais graves e alarmantes.

MUDANÇAS CLIMÁTICAS E PANDEMIA

Se já não bastasse o cenário de fome crescente no mundo em função das mudanças climáticas, a pandemia do coronavírus ampliou os desafios.  Segundo informações divulgadas pela  FAO, o órgão das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura, este ano cerca de 49 milhões de pessoas podem cair na pobreza extrema devido à crise da COVID-19. “O número de pessoas expostas a uma grave insegurança alimentar e nutricional vai crescer rapidamente. A queda de um ponto percentual no Produto Interno Bruto global significa mais 700 mil crianças raquíticas”, afirmou Antonio Guterres, Secretário Geral da ONU. 

A FAO também alerta que mesmo em países com abundância de alimentos, há riscos de interrupções na cadeia de abastecimento alimentar, ou seja, problemas na produção e na distribuição que ainda agravam esse cenário.

NOVOS E VELHOS PROBLEMAS

Mas sempre é bom lembrar que não foi a crise sanitária que criou determinados problemas, eles de certa maneira foram potencializados, já que o contexto da fome no mundo já era suficientemente crítico.

A ONU lembra que centenas de milhões de pessoas já viviam esse quadro de crise alimentar muito antes dessa pandemia, lutando diariamente contra a fome e a desnutrição. 

“Há alimentos mais do que suficientes no mundo para alimentar a nossa população de 7,8 bilhões de pessoas. No entanto, hoje, mais de 820 milhões de pessoas passam fome. E cerca de 144 milhões de crianças com menos de 5 anos são raquíticas, mais do que uma em cada 5 crianças em todo o mundo”, complementou Guterres. 

Outro problema apontado por economistas da FAO é a especulação orquestrada pelos mercados futuros. “A financeirização por meio de manobras especulativas contribue para elevar os preços dos alimentos”, afirma a entidade.

Especulação, fenômenos climáticos extremos e desvio da função primordial de dar de comer as pessoas, já seriam razões suficientes para desequilibrar toda a oferta de alimentos mundial. Mas ainda tem mais: a má distribuição!

Estudos feitos pelas Nações Unidas já concluíram que existem alimentos suficientes para alimentar toda a população do planeta, o problema é que ela não chega onde mais se precisa. E, claro não poderia ser diferente, 98% dos que passam fome, vivem em países subdesenvolvidos.

 

 

AQUI, O PROBLEMA É O DESPERDÍCIO

Segundo maior produtor mundial de alimentos, o Brasil produz comida suficiente para alimentar toda a sua população e ainda exportar excedentes. Mas além da má distribuição, um dos maiores problemas do país é o desperdício. Dados da Embrapa estimam em uma perda diária de alimentos na casa das 40 mil toneladas. Uma quantidade suficiente para alimentar em torno de 19 milhões de pessoas com três refeições por dia.

 

Estudo do Instituto Akatu divulgado no caderno temático “A nutrição e o consumo consciente” nas diversas etapas pelas quais o alimento passa antes de ser adquirido pelo consumidor ocorrem perdas que perfazem essas milhares de toneladas de comida boa que vai parar no lixo, sendo 20% na colheita; 8% no transporte e armazenamento; 15% na indústria de processamento e 1% no varejo. Além disso, devem-se levar em conta todos os recursos naturais que foram utilizados para a produção desperdiçada desses alimentos.

 

É POSSÍVEL MUDAR, MAS É PRECISO RAPIDEZ      

Basear os investimentos em uma agricultura sustentável com o incentivo aos pequenos produtores, consumir mais produtos locais, melhorar a infraestrutura do transporte e armazenamento para reduzir o desperdício e garantir o acesso da população aos alimentos são ações que deveriam estar presentes em qualquer plano estratégico de um país. Neste momento pelo qual ainda estamos passando de enfrentamento da pandemia, um planejamento eficiente é mais do que necessário ainda mais se esse país for pobre ou em desenvolvimento.  Colocar todos os esforços e todos os setores na busca desse equilíbrio é, antes de mais nada, questão de governabilidade e respeito às pessoas.