ABRAPS
APRESENTA SONDAGEM SOBRE O PERFIL DO PROFISSIONAL DE SUSTENTABILIDADE NO BRASIL
Criada em 2010, a Abraps - Associação
Brasileira dos Profissionais pelo Desenvolvimento Sustentável, acaba de concluir
sua mais recente sondagem sobre o perfil dos profissionais que atuam na área,
abrangendo quatro setores: Empresas, Governo, Academia e 3o Setor. Realizado a
cada dois anos, em 2013 o estudo mapeou cargos e remuneração; em 2015 incluiu
as estruturas organizacionais, papeis e responsabilidades dos profissionais;
agora em 2017 ampliou a pesquisa para órgãos públicos e meio acadêmico.
A sondagem, que teve 244 respondentes
vinculados à Abraps e sua ampla rede de relacionamento, trouxe algumas visões
interessantes sobre o grau de maturidade do tema dentro das organizações, os
desafios para avançar a agenda de sustentabilidade - especialmente diante de um
cenário de crise econômica e mudanças regulatórias -, e a dificuldade de traçar
limites claros sobre o que seria um "profissional de sustentabilidade".
Perfil
dos Respondentes:
Idade média = 40 anos
61% mulheres
67,2% com alto grau
especialização (Mestrado/PhD/Pós-graduação)
49,6% do setor privado,
sendo 53% de empresas de pequeno porte com até 50 funcionários e 31% acima de
3.000 funcionários.
Formação
e motivações dos profissionais
Confirmando a multidisciplinaridade da
sustentabilidade, percebe-se um alto grau de diversidade na formação dos
profissionais, com predominância das áreas mais técnicas (38%). Há uma
concentração em Gestão Ambiental (14%), Engenharia (13%), Administração (12%) e
Ciências Biológicas (11%).
Trata-se também de uma profissão
"jovem", pois a maioria das pessoas atua nesse campo há menos de 15
anos (67%), embora haja profissionais maduros, com mais de 15 anos de vivência
(17%). É interessante notar que a motivação de carreira é mais filosófica e
idealista, como o senso de realização pessoal (38%) e a admiração pelo tema
(30%), e menos financeira.
A faixa salarial predominante (47%) entre todos
os setores pesquisados é de nível médio - de R$ 3 mil a 9 mil/mês.
Curiosamente, as mulheres têm remuneração superior aos homens, dado que merece
melhor investigação.
Dentre as atribuições-chave desse
profissional estariam educar e conscientizar o público interno, reduzir os impactos
negativos da operação, prestar contas ao público externo por meio de relatórios
(principalmente acionistas), estimular à participação institucional em fóruns
dedicados a avançar a agenda da sustentabilidade no mercado e na sociedade e,
com o maior número de respostas (43%), estabelecer metas e criar indicadores de
desempenho específicos.
A
sustentabilidade nas organizações
A primeira descoberta é alentadora: há um
aumento de profissionais voltados ao tema nas pequenas e médias empresas, demonstrando
a viabilidade de implantar ações sustentáveis em qualquer porte de negócio.
O grau de maturidade da sustentabilidade nas
organizações, vistos todos os setores conjuntamente, está em desenvolvimento (44%), ou seja, estruturado e integrado às
demais áreas; se somarmos as empresas maduras
(27%), que tem a sustentabilidade como ação sistêmica e vetor estratégico, com
as líderes (11%), que são benchmarks no mercado, o retrato é positivo,
considerando-se que a profissão é relativamente jovem. Entretanto, a adesão tem
ocorrido mais por força de leis e demandas de mercado, como a exigência de
certificações e relatórios.
Naquelas que possuem uma área dedicada à
sustentabilidade, o setor privado costuma alocá-la principalmente sob o RH
(15%), Marketing (13%), Relações Institucionais (11%) e Comunicação (9%), que assim
concentram 48% da sua gestão. Nas que não têm uma área específica, o RH e o
Institucional costumam gerir o tema.
As estruturas em números:
27% - possuem
um Conselho de Administração, responsável pela estratégia geral de
sustentabilidade.
31% - existe
uma área de sustentabilidade subordinada ao presidente.
20% - não existe um Comitê de sustentabilidade
ligado ao Conselho
.
16%- não existe uma Comissão Interna de
sustentabilidade ligada à diretoria executiva.
O meio acadêmico é o que mais possui um
setor específico (70%), e o Governo o que menos o tem (31%), entretanto isso
pode ser fruto do tema estar "dissolvido" em diferentes áreas e
transversal na organização.
O
avanço da agenda diante do cenário econômico
Existe uma percepção difusa sobre se houve
aumento ou diminuição dos investimentos na área, mas a maioria dos pesquisados
(70%) concorda que o tema é de alta relevância para sua organização, índice que
cresceu desde a sondagem anterior. A quantidade de entrevistados que sente uma
diminuição nos investimentos em relação ao estudo de 2015 cresceu, e 47% dos respondentes
consideram esse o principal entrave para a execução dos projetos na área. A
falta de comprometimento da alta administração (17%), falta de liderança (11%)
e carência de conhecimentos técnicos (11%) indicam a necessidade de inserir
mais treinamentos e conscientização dos gestores na agenda das organizações,
abrindo uma nova frente de atuação para o RH.
Para concluir, a percepção sobre quais são
as atribuições do profissional de sustentabilidade é bastante variada, o que pode
ser explicado pela grande multidisciplinaridade e transversalidade da área, que
vai das atuações mais técnicas às mais estratégicas, do setor privado ao meio
acadêmico, passando por ONGs e poder público. Uma das discussões mais atuais é
justamente sobre a posição do tema dentro das organizações: se deveria haver
uma área estruturada que funcione como executora ou facilitadora das demais,
monitorando suas atividades; se a sustentabilidade permearia a cultura interna,
estando inserida nas responsabilidades dos gestores de todas as áreas, de forma
mais distribuída; ou finalmente, se seria um posicionamento estratégico e
sistêmico, que orienta todas as decisões da organização.
A Abraps espera ter contribuído para
avançar a agenda da sustentabilidade, ao demonstrar a riqueza do setor e a
necessidade de discutir melhor seu escopo, já que é muito comum que pessoas atuantes
na área ainda não se reconheçam como tal. Uma comunidade unida e que
compartilhe experiências será fundamental para o avanço do tema.