22 março 2015

Apesar das constantes negações todo dia é Dia da Água


por Reinaldo Canto*
Sistema de abastecimento de água da Região Metropolitana de Belo Horizonte, Minas Gerais. Foto: Manoel Marques/ Imprensa MG (29/01/2015)
Sistema de abastecimento de água da Região Metropolitana de Belo Horizonte, Minas Gerais. Foto: Manoel Marques/ Imprensa MG (29/01/2015)

Diferentemente de outros anos, neste 2015 pouco será necessário acrescentar sobre a importância da água e sobre as consequências da sua falta. Nós brasileiros, principalmente da região Sudeste e mais ainda nós paulistas, já temos levado sustos suficientes para entender o quão vital é esse insumo.
Mas, espere um pouco, será mesmo? Todos já estamos conscientes de verdade?
Pois eis que alguns fatos recentes colocam em dúvida essa tal conscientização que seria mais do que óbvia e ululante:
Desde o ano passado, a empresa de abastecimento de água de São Paulo, a Sabesp adotou redução nas contas para quem economizasse e, posteriormente foram adotadas multas para quem gastasse mais. Junto a isso, as alarmantes notícias sobre o rápido esvaziamento de nossas represas, fez com que muita gente reduzisse o consumo. Mas eis que em fevereiro último 19% dos consumidores aumentaram o consumo de água. Entre as possibilidades aventadas para tal, está a absurda constatação de que como choveu, o problema estaria resolvido e, então, gastar mais água seria normal.
Verdade que está chovendo, mas a situação permanece crítica e se os mananciais da região metropolitana de São Paulo estão com um pouquinho mais de água, ela ainda é totalmente insatisfatória para manter o abastecimento nos períodos de seca.
Muita gente, até mesmo coleguinhas, afirmam ser culpa da imprensa que não está informando corretamente. Discordo! Se por vezes lemos, vemos ou ouvimos alguma notícia incompleta ou com fatos mal apurados, em nenhum momento li, vi ou ouvi em qualquer veículo de comunicação que o nosso problema de abastecimento de água está caminhando para uma solução. Todos continuam alertando para o perigo do alto consumo.
Então como explicar esse aumento no consumo? Só posso concluir que seja uma questão puramente de negação. Como algo que antes não tinha importância nenhuma passa a ser fundamental? Como esse insumo que custa tão pouco e é tão ordinário pode agora ter toda essa relevância?* Negação, pura negação!
Empresas e pessoas na mesma toada
O que dizer então de uma pesquisa realizada no final do ano passado realizada pelo CPDEC (Centro de Pesquisa, Desenvolvimento e Educação Continuada), em parceira com o NEIT (Núcleo de Economia Industrial e Tecnologia) do Instituto de Economia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) com 137 representantes de empresas, indústrias, hospitais e hotéis no Estado de São Paulo que constatou que 94,9% delas não tem um plano de contingência para enfrentar a crise hídrica? Sendo que atividades econômicas já foram e ainda estão sendo paralisadas pelos problemas vinculados à falta de água? Mas das empresas entrevistadas apenas 12,4% possuiam sistema de reúso de água. É de causar perplexidade, não?
Essas empresas afirmaram ter tomado algumas medidas nos últimos meses, como a instalação de redutores de vazão nas torneiras, suspensão da lavagem de calçadas e de ambientes comuns, além da realização de campanhas internas entre os funcionários. Muito pouco diante da situação crítica. E por quê? Mais uma vez a negação. A busca por uma gestão da água com a máxima eficiência parece ter ficado longe de uma visão estratégica na maioria dessas empresas mesmo representando sérios riscos para as suas próprias atividades.
Situação no mundo
Aproveitando a efeméride, a ONU – Organização das Nações Unidas, lançou o Relatório Global sobre Desenvolvimento e Água 2014. O documento prevê que, em 2030, haverá necessidade de se aumentar em 35% a produção de alimentos, 40% a mais de água e 50% a mais de energia, todos interligados e interdependentes. Para isso, segundo o estudo, são necessárias a urgente adoção de políticas e marcos regulatórios capazes de reconhecer como prioridades absolutas as áreas de água e energia.
Outros dados bastantes críticos divulgados no relatório da ONU dão conta de que 768 milhões de pessoas não tem acesso à água tratada e 2,5 bilhões vivem em condições sanitárias inadequadas.
Apenas para refletir
Negar a importância da água para a nossa sobrevivência e dos cuidados e carinhos com que ela deve ser tratada é algo totalmente inaceitável. Diante de todos os fatos aqui expostos, talvez o mais representativo seja a nossa própria composição como seres. Somos, mais ou menos, compostos 75% de água! Uma proporção incrivelmente semelhante a do planeta também composto de ¾ de água. Seria uma mera coincidência? Que tal pensar nisso ao abrir a torneira?
*Afirmação válida para os paulistas e outros habitantes do sudeste que só recentemente passaram a ter problemas com o abastecimento de água. A situação é, obviamente, muito diferente em outras regiões do país, destaque para os estados do Nordeste e de dezenas de países do mundo que consideram a água uma preciosidade, acostumados que estão com a sua escassez. Vide referência ao relatório da ONU.
Reinaldo Canto é jornalista especializado em Sustentabilidade e Consumo Consciente e pós-graduado em Inteligência Empresarial e Gestão do Conhecimento. Passou pelas principais emissoras de televisão e rádio do País. Foi diretor de comunicação do Greenpeace Brasil, coordenador de comunicação do Instituto Akatu pelo Consumo Consciente e colaborador do Instituto Ethos. Atualmente é colaborador e parceiro da Envolverde, colunista de Carta Capital e assessor de imprensa e consultor da ONG Iniciativa Verde.

No mês da água, Mostra exibe filmes de diferentes épocas e nacionalidades sobre o tema


por Redação da Envolverde
Filmes de diversas épocas e nacionalidades sobre o tema água estão em cartaz durante a 4ª Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental. São produções que vão desde 1922, passando pelos anos 1960 e chegam aos nossos dias, em 2014, mostrando que a relação do homem com este recurso natural não é nova no cinema. A programação inclui 11 filmes que abordam o tema.
No sábado, dia 21 de março, será exibido em sessão aberta na Cinemateca Brasileira, a partir das 20h30, o filme “Um Dia, o Nilo”, sobre a construção da represa de Assuan, que mudou o curso do Rio Nilo. O filme do cineasta Youssef Chahine, é uma produção Egito/Rússia de 1968, nunca foi lançado em DVD, não possui cópia digital e a única em película existente fica na Cinemateca Francesa, onde foi restaurado. Chahine (1926 – 2008) é dos maiores cineastas da história do cinema egípcio, e um dos poucos que conseguiu ser premiado nos três maiores festivais de cinema do mundo: Cannes, Berlim e Veneza.
No domingo, 22 de março, dia mundial da água, a 4ª Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental exibe, em parceria com a Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo, o filme “A Crise Global da Água”. A sessão acontece às 14h15 na Tenda de Filmes do Parque Villa-Lobos.
Produção americana de 2011, o filme apresenta um argumento poderoso do porquê a crise mundial da água será a principal questão que nosso século precisará enfrentar neste século, entrevistando a ativista Erin Brockovich e especialistas no tema. Desde o dia 09/03, quando começou o Circuito Universitário da Mostra, este filme já foi visto e debatido por quase 2 mil estudantes universitários em instituições como Senac-SP, Faculdade Cásper Líbero, Universidade São Judas, USP Leste e FAAP.
Em cartaz até dia 29/09, a 4ª Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental traz para salas de cinema da cidade de São Paulo vários outros filmes sobre a água, recurso natural cada vez mais em pauta devido ao colapso hídrico enfrentado pelo sudeste brasileiro e outras partes do mundo
Dentre os destaques estão os filmes “Malditas Barragens” (EUA, 2014), “De Sul a Norte” (França, 2014, 109’), “Carioca era um Rio” (Brasil, 2013), H2Omx (México, 2013), “A Lei da Água” (Brasil, 2014), “A Crise Global da Água” (EUA, 2011), “Quem Controla a Água?” (França/Alemanha, 2010) e toda a sessão Panorama Histórico, que traz grandes rios vistos por grandes cineastas.
Serão promovidos dois debates durante a Mostra. O primeiro acontece no dia 21/03, sábado, a partir da exibição do filme “Malditas Barragens”. O filme explora a mudança de atitude dos cidadãos dos EUA: do orgulho de grandes barragens como maravilhas da engenharia à crescente consciência de que o nosso futuro está ligado à vida e à saúde de nossos rios. Com a remoção das barragens, rios voltam à vida, dando a peixes saudáveis o direito de regresso às zonas de desova primordial. Após a exibição do filme (19h no Reserva Cultural – Av. Paulista 900), será promovido um debate sobre matriz energética com a presença de Célio Bermann (Professor Associado no Instituto de Eletrotécnica e Energia da USP) e Ricardo Baitelo (coordenador da campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil), com a mediação do jornalista Reinaldo Canto. O debate começa às 20h30 no mesmo local.
"Malditas Barragens"
“Malditas Barragens”

Já no dia 28/03, sábado seguinte, a Mostra Ecofalante promove a Sessão Especial Crise da Água no Centro Cultural São Paulo (Rua Vergueiro 1.000) com a exibição de dois filmes sobre o tema na sequência: “A Crise Global da Água” (17h) e “Quem Controla a Água” (19h). O debate acontece no mesmo local, às 20h30, após a exibição do segundo filme, com a presença de Renato A. Tagnin, doutorando em Ciências pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, professor e pesquisador nas áreas de planejamento ambiental, educação ambiental e gestão de recursos hídricos; e Pedro Jacobi, Coordenador do Laboratório de Governança Ambiental da USP (GovAmb USP) e editor da revista
Ambiente e Sociedade.
Cena do filme "A Crise Global da Água"
Cena do filme “A Crise Global da Água”

O filme “Quem Controla a Água” aborda como empresas como Veolia e Suez, do crescente marcado de abastecimento privado de água, estão perdendo terreno na França, sua base. No início de 2010, as duas empresas tiveram que entregar a gestão do abastecimento de água a Paris, o mesmo acontecendo em Rouen. Outras cidades francesas já sinalizaram que vão seguir este mesmo caminho e tomarão o abastecimento de água de volta às mãos públicas. Mas não só na França: na América Latina, EUA, África e Europa, em toda parte surgem movimentos de trazer o fornecimento de água de volta às mãos dos cidadãos.
Outros filmes sobre água integram a programação
Os filmes “Carioca era um Rio”, H2Omx e “A Lei da Água”, integram a Competição Latino Americana. O primeiro é um documentário brasileiro sobre o rio que deu nome aos habitantes da cidade do Rio de Janeiro, mostrando como a principal fonte de abastecimento desta capital por dois séculos se transformou em um grande canal de esgoto submerso que deságua na Baía de Guanabara.
“H2Omx” é um filme mexicano que parte da seguinte premissa: pode uma megacidade mobilizar seus 22 milhões de cidadãos para tornar seu consumo de água sustentável? O filme é um caso de estudo ambiental do Vale do México em sua luta para salvar a si mesmo enquanto sua população cresce.
“A Lei da Água” é um filme brasileiro que esclarece as mudanças promovidas pelo novo Código Florestal e como a ausência de vegetação afeta a produção de água e impacta diretamente o ar, a fertilidade do solo, a produção de alimentos e a vida de cada cidadão.
O Panorama Histórico traz filmes que abordam grandes rios vistos por grandes diretores como Elia Kazan, Glauber Rocha, Ozualdo Candeias, Silvino Santos e Agesilau de Araújo. São cinco filmes:
“A Margem” (Ozualdo Candeias, Brasil, 1967) mostra duas trágicas histórias de amor na favela às margens do Rio Tietê. Os personagens evoluem entre a vida da favela, com seus pequenos golpes pela sobrevivência, e a existência no submundo paulista.
“Amazonas, Amazonas” (Glauber Rocha, Brasil, 1966) traça um painel da situação histórica, econômica, social e humana da Região Amazônica, promovendo um mergulho na paisagem natural e nos sérios problemas decorrentes do subdesenvolvimento.
“No Paiz das Amazonas” (Silvino Santos e Agesilau de Araújo, Brasil, 1922), mostra pescadores de pirarucu e peixe-boi, castanhais, seringueiros, a vida rústica do sertanejo do extremo norte, as riquezas florestais, os rios, as feras fluviais e as aves, o rio Madeira, a Madeira-Mamoré. Na época de seu lançamento, o filme se tornou sucesso no mundo todo por retratar as belezas da região amazônica.
“Rio Violento” (EUA, Elia Kazan, 1960), parte da chegara de um agente do governo americano a uma pequena cidade do sul dos EUA com a missão de promover a remoção de habitantes de uma vasta área que será inundada por conta da construção de uma barragem.
"A Margem"
“A Margem”

Completa o Panorama Histórico o filme “Um Dia, o Nilo”, de Youssef Chahine.
Os dias e horários das sessões podem ser conferidos no site da mostra.

Debates da 4ª Mostra começam nesta quinta-feira


por Redação da Envolverde
Temas como energia, recursos naturais, biodiversidade, consumo, cidades e povos e lugares serão debatidos por especialistas
A partir desta quinta-feira (19), a 4ª Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental promove debates diários sobre diversos temas abordados pelos filmes exibidos. Como nos anos anteriores, foram selecionados seis filmes, um de cada temática da Mostra Contemporânea Internacional, a partir dos quais se desdobrarão os debates.
Na quinta-feira, dia 19/03, o tema do debate é consumo e trabalho escravo. A partir da 19h será exibido o filme“Cadeias Alimentares” (EUA, 2014, 86’), no Reserva Cultural – Av. Paulista 900. O debate acontece na sequência, no mesmo local, a partir das 20h30. Participam do debate o sociólogo Caio Magri, atual Diretor Executivo de Operações, Práticas Empresariais e Políticas Públicas do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social e Presidente do Instituto Pacto Nacional Pela Erradicação do Trabalho Escravo-InPACTO; o jornalista Dal Marcondes, diretor do Portal Envolverde, colunista da revista Carta Capital e aluno do Programa de Pós Graduação em Ciência Ambiental da USP e contará com a mediação do jornalista e colunista da Carta Capital, Reinaldo Canto.
“Cadeias Alimentares”
“Cadeias Alimentares”

Na sexta-feira, 20/03, o tema da vez é cidades. Será exibido o filme “Os Jogos de Putin” (Alemanha/Israel/Austrália, 2013, 90’ – ), no Reserva Cultural, a partir das 19h. Os impactos de megaeventos esportivos serão debatidos a partir do escandaloso caso das Olimpíadas de Sochi, na Rússia. O debate começa às 20h30 com a arquiteta e urbanista Raquel Rolnik; e Mauricio Broinizi Pereira, coordenador da secretaria executiva da Rede Nossa São Paulo e do Programa Cidades Sustentáveis. A mediação é do curador da 4ª Mostra Ecofalante, Francisco César Filho.
"Os Jogos de Putin"
“Os Jogos de Putin”

No sábado, 21/03, a matriz energética brasileira é a bola da vez. A partir da exibição do filme “Malditas Barragens” (EUA, 2014, 87’ ), que aborda uma mudança de mentalidade dos norte-americanos, que começam a perceber que o futuro está ligado à saúde dos rios. O filme será exibido a partir das 19h no Reserva Cultural e o debate tem início às 20h30 como as presenças de Célio Bermann, Professor Associado no Instituto de Eletrotécnica e Energia da USP. É autor de diversas publicações, entre as quais o livro “Energia no Brasil: Para quê? Para quem? – Crise e alternativas para um país sustentável”; e Ricardo Baitelo, doutor em planejamento energético pela Escola Politécnica da USP e coordenador da campanha de energias renováveis do Greenpeace Brasil. A mediação será feita pelo jornalista Reinaldo Canto, colunista da Carta Capital, do Observatório do 3º Setor (rádio e portal) e do Mercado Ético; consultor em emissoras de TV (Rede Vida, SBT e RedeTV); parceiro em projetos e conteúdo da Envolverde.
Cena do filme "DamNation"
Cena do filme “DamNation”

No domingo, 22/03, a conversa é sobre biodiversidade, transgênicos e sementes crioulas. A partir das 19h, também no Reserva Cultural, será exibido o filme “O Semeador” (Canadá, 2013, 77’ ). O debate começa às 20h30 com Luiz Carlos Beduschi Filho, professor da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH), do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da Universidade de São Paulo e coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental (PROCAM) da USP; Jossier Boleão, membro da direção nacional do Movimento Camponês Popular, especialistas em políticas sociais e em direitos sociais no campo; Roberto Smeraldi, jornalista, autor de ensaios e livros, gastrônomo, diretor da Oscip Amigos da Terra – Amazônia Brasileira, integrante de conselhos de empresas, instituições governamentais e não governamentais, brasileiras e internacionais, sobre temas da sustentabilidade e das cadeias do alimento. A mediação é da jornalista Paulina Chamorro, editora de meio ambiente e apresentadora de programas nas Rádios Eldorado e Estadão, emissoras do Grupo Estado, e diretora da empresa Andina Comunicação, onde desenvolve conteúdos em plataformas variadas.
Cena do filme “O Semeador”
Cena do filme “O Semeador”

Na segunda-feira, 23/03, o tema é mudanças climáticas. A partir da exibição do filme “Thule Tuvalu” (Suíça, 2014, 96’), que mostra dois extremos que sofrem as consequências das mudanças climáticas – Thule, na Groenlândia, que testemunha o degelo, e Tuvalu, no Pacífico, que sofre com o aumento do nível do mar – debatem o tema o diretor do filme, Mattias Von Guten; Délcio Rodrigues, Sócio Proprietário da Ibirapitanga Participações e Vice Presidente do Instituto Vitae Civilis; Bela Feldman Bianco, professora colaboradora do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social e diretora-associada do Centro de Estudos de Migrações Internacionais (CEMI) na Universidade Estadual de Campinas. A medicação é do jornalista Denis Russo Burgierman, diretor de redação da revista Superinteressante. Também no Reserva Cultural, com exibição do filme às 19h e debate a partir das 20h30.
Cena do filme “Thule Tuvalu”
Cena do filme “Thule Tuvalu”

Na terça, 24/03, será exibido o filme “Sobre a Violência” (Suécia/Dinamarca/Finlândia, 2014, 85’ ), que inspirará o debate sobre neocolonialismo hoje. O filme mistura uma arrojada narrativa visual da África baseada em materiais de arquivo de documentários suíços recém-descobertos que cobriram os momentos mais ousados da luta pela liberação do domínio colonial com trechos do livro de Frantz Fanon, “Os Condenados da Terra”. Debate o tema Silvio Caccia Bava, sociólogo, diretor e editor-chefe
do jornal Le Monde Diplomatique Brasil; Livio Sansone, Chefe do Departamento de Antropologia e Centro de Estudos Afro-Orientais (CEAO) da Universidade Federal da Bahia. O filme será exibido às 19h no Reserva Cultural, seguido de debate às 20h30.
Cena de "Sobre a Violência"
Cena de “Sobre a Violência”

No dia 28/03, sábado, acontece um debate sobre a crise da água, logo após a exibição de dois filmes, no Centro Cultural São Paulo (Rua Vergueiro, 1.000): “A Crise Global da Água” (EUA, 2011, 105’ – http://goo.gl/4HsN7L) e“Quem Controla a Água” (França/Alemanha, 2010, 82’). Os filmes serão exibidos às 17h e 19h, respectivamente, e o debate tem início às 20h30 com a presença de Renato A. Tagnin, doutorando em Ciências pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, professor e pesquisador nas áreas de planejamento ambiental, educação ambiental e gestão de recursos hídricos; e Pedro Jacobi, Coordenador do Laboratório de Governança Ambiental da USP (GovAmb USP) e editor da revista
Ambiente e Sociedade.
Cena do filme "A Crise Global da Água"
Cena do filme “A Crise Global da Água”

Os debates são gratuitos e não é preciso se inscrever. As entradas serão distribuídas por ordem de chegada.

11 março 2015

TEMPOS ESTRANHOS REQUEREM EQUILÍBRIO E BOM SENSO

Por Reinaldo Canto

Ânimos acirrados, ódios indisfarçáveis, vozes e letras alteradas e uma ausência temerária do diálogo e da ponderação.

Não é de hoje, mas vem se aprofundando de maneira assustadora a profusão de manifestações de intolerância que vicejam nas ruas, nas mídias e nas redes sociais.

1 - Motivos existem para a indignação!!

2- Motivos existem para tanta indignação??

Os grandes veículos vomitam diariamente casos de corrupção, roubalheiras absurdas. Milhões e milhões de dólares furtados e tratados como se fossem balas de padaria.

Denúncias, denúncias, denúncias! Parece que o apocalipse está próximo e caso não nos armemos de facas, metralhadoras, canhões contra os infiéis… seremos tragados pelo inferno.

Desde o período eleitoral do ano passado e as cada vez mais estarrecedoras revelações do caso Petrobrás, o ódio tomou conta de mentes e corações de uma parte da população brasileira.  

O que seria um bem-vindo debate ideológico deu lugar ao perturbador e apavorante: nós os bons, contra os maus que são eles. Eles, os verdadeiros demônios!! E contra demônios não existe conversa, a não ser a espada salvadora da justiça divina.

Aí aproveito para fazer algumas reflexões a serem divididas com os leitores, bem na linha do “perguntar não ofende”:

Será mesmo esse o caminho para a construção de um Brasil melhor?

A corrupção por estas bandas começou com o PT? Ou mesmo piorou nesse período?

A melhor maneira é o impeachment da presidenta? Se for, quem será colocado no lugar dela: Temer, Eduardo Cunha, Renan Calheiros ou…UM MILITAR?

Será que não estamos cansados de assistir esse vai e volta de soluções não democráticas?

Responda você leitor, mas a minha é bem simples: um sonoro NÃO para todas essas questões!

Por mais triste e assustador que seja essa enxurrada de más notícias econômicas e de desvios sem fim de nossa maior e mais importante empresa estatal, tudo está tramitando como deve. E, importante ressaltar, isso só é possível num regime democrático.

Pessoas poderosas estão presas, mas com amplo direito de defesa. Todas as nossas instituições estão funcionando. O país, pode não parecer para alguns, mas não está parado. Tudo funciona.

Eu posso escrever essas linhas e você poderá discordar com toda a tranquilidade. Ninguém irá preso ou sofrerá constrangimentos, salvo ocorram ofensas passíveis de condenações legais.

Isso tudo seria muito diferente em regime de exceção sem que signifique o fim da corrupção. Aliás, seria um elixir para os corruptos, pois não seriam contestados.

A democracia que temos é tão imperfeita quanto a sociedade e o povo que temos. Ou não?

Se ouvirem por aí algumas pessoas ou até mesmo jornalistas dizendo que o povo brasileiro não merece os políticos ladrões que tem, faça o simples exercício de filosoficamente mais uma vez perguntar: será mesmo que não merece? Quem foi que os elegeu? E os jeitinhos cotidianos? As pequenas infrações corriqueiras? O pensar em si próprio sem levar em conta os direitos coletivos?

Pois bem, para encerrar, no próximo domingo foi convocada uma manifestação de protesto. Legítima sem dúvida, principalmente para que continue sem tréguas a se apurar e se punir a quem de direito.  Agora um movimento que queira uma quebra institucional como um golpe ou a retirada de uma presidenta sem as devidas comprovações de culpa, poderão trazer consequências muito ruins para todos.

Vivemos um momento muito especial da nossa história e que pode ser de consolidação democrática e uma quebra também histórica de uma corrupção endêmica que infelizmente, sempre esteve presente na vida de nós brasileiros.

Cobranças sim, participação popular também, mas com muito diálogo, ponderação e equilíbrio!  Fora disso teremos muito a lamentar!

   


A nova guerra mundial acaba de começar na China

A batalha chinesa é contra a poluição a que todos os países deveriam aderir
Flickr/ José Moutinho
Poluição
Aquecimento global: 80% da energia gerada na China é baseada em carvão mineral, um combustível fóssil altamente poluente e um dos maiores contribuintes do aquecimento global
Pois é, quem poderia imaginar alguns anos atrás que o maior poluidor do mundo tomaria uma decisão como a da semana passada, ao fechar usinas siderúrgicas que não cumpriram metas para reduzir a poluição causada por suas atividades.
As usinas fechadas estão localizadas na província de Shangdong e a região é responsável por cerca de 8 milhões de toneladas de aço produzidas anualmente, de um total de 1,2 bilhão produzidos pela China. Parece pouco, mas representa um severo compromisso do país com a redução dos estratosféricos impactos ambientais causados ao longo dos últimos anos de acelerado crescimento.
Desde o ano passado a China já havia emitido sinais de que a poluição representava um perigo bem maior do que um crescimento mais moderado e que seria preciso fazer todos os esforços para reduzi-la. O primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, reforçou esse compromisso na abertura do Congresso Nacional do Povo na semana passada e deixou claro que outras indústrias poderão ser fechadas caso não alcancem os resultados esperados.
Razões não faltam para essa “declaração de guerra”, a matriz energética chinesa está baseada no combustível fóssil não renovável carvão mineral. Para ficar mais claro 80% da energia gerada no país é baseada nele que além de ser altamente poluente é também um dos maiores contribuintes do aquecimento global. Se somarmos aos altos índices de contaminação e degradação de rios, desmatamento, consumo e urbanização acelerados dos últimos anos, temos aí uma equação capaz de colocar o futuro do país em risco.
A poluição atmosférica tem sido responsável pelo agravamento de doenças e provocado um descontentamento generalizado das populações chinesas, principalmente as que residem em grandes cidades. Nos últimos tempos ficaram famosas as cenas de cidades encobertas por grossas nuvens de fumaça, pessoas com máscaras e atividades sendo canceladas como aulas, por exemplo, para reduzir a exposição das crianças aos malefícios dessa poluição.
Por mais autoritário e fechado que seja o regime chinês, é inegável que as reclamações do povo, bem como, as visíveis consequências advindas da deterioração ambiental foram razões suficientes a sensibilizar as autoridades para essa “declaração de guerra”.
Apesar do caráter dramático que os fatos relatados atingiram na China é difícil não constatar que o problema é generalizado. Rios e mares com suas águas contaminadas, poluição atmosférica, destruição de florestas e espécies, além das mudanças climáticas cada vez mais nítidas e cristalinas são problemas que afetam a todos, indistintamente.
Se o país que mais cresce no mundo e, para muitos, já considerado a maior economia do mundo adota essa postura, o que as outras nações estão esperando para fazer o mesmo?
Essa que poderíamos chamar de uma terceira guerra mundial seria muito bem vinda, desta vez não com o intuito de destruir pessoas, sociedades, países e culturas, mas para enfrentar e dizimar um inimigo comum capaz de colocar em risco a própria sobrevivência da espécie humana e de tantas outras que a milhares de anos habitam este planeta.