Insumo fundamental para a sobrevivência humana, a água tem sido bastante maltratada por quem mais dela precisa. Apesar de tão importante é comum assistirmos cenas diárias de desperdício, contaminação e desrespeito.
Muita gente já sabe que esse bem tão precioso é escasso em várias partes do mundo e milhares de pessoas morrem no planeta em razão do consumo de água contaminada. Até mesmo aqui no Brasil, conhecido por deter 12% de toda a água potável disponível enfrenta sérios problemas para abastecer as nossas grandes cidades. A cada dia fica mais difícil levar, a seus milhões de habitantes, água tratada e de qualidade.
Diante desses fatos preocupantes, o cartunista Agê e o jornalista Reinaldo Canto uniram esforços para, por meio de um humor crítico, criar uma animação intitulada “Rebelião das Águas”.
http://envolverde.com.br/videos/videos-videos/a-rebeliao-das-aguas/
Nela, as gotinhas de água se revoltam contra as ações dos humanos e decidem fazer uma greve geral até que elas sejam tratadas com o devido carinho e respeito.
Como o objetivo do trabalho é chegar ao maior número de pessoas, a reprodução é livre. Divulgue!
Ahh, e antes que a rebelião das águas realmente se torne realidade, faça a sua parte e trate bem a água que você bebe e usa!!
Reinaldo Canto
Blog: cantodasustentabilidade.blogspot.com
site: www.ecocanto21.com.br
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26 março 2012
20 março 2012
CONSUMIR PRIMEIRO, BRINCAR E SE DESENVOLVER DEPOIS: É ISSO O QUE QUEREMOS PARA NOSSAS CRIANÇAS?
Por Reinaldo Canto*
Pesquisa revela o bombardeio de comerciais nos canais infantis nas semanas que antecederam o Natal
Cena comum e corriqueira em um supermercado de alguma cidade brasileira: uma menina de 4 anos de idade** adentra ao estabelecimento acompanhada de sua mãe. Na área destinada aos cosméticos e produtos de higiene, a criança se dirige a prateleira, pega um sabonete e pede a mãe para compra-lo. É que aquele produto é um velho conhecido, pois aparece com frequência na TV durante os intervalos de seus desenhos preferidos.
Outros bens de consumo, além de uma infinidade de brinquedos e jogos de todos os tipos e preços são exibidos em grandes quantidades diariamente nos canais com programação infantil. Se essa informação não representa novidade para os pais, principalmente na enorme pressão exercida pelos filhos nas proximidades de datas festivas (Páscoa, Dia das Crianças e Natal), a pesquisa divulgada às vésperas do dia do consumidor (15/3) revela a dimensão do problema.
O estudo conduzido pelo Observatório de Mídia da Universidade Federal do Espírito Santo em parceria com o Instituto Alana e sob coordenação do Professor Edgard Rebouças, concluiu que as nossas crianças estão sendo submetidas a uma verdadeira overdose de comerciais exibidos nos intervalos dos canais infantis. O objetivo do trabalho é acompanhar e monitorar a publicidade dirigida às crianças em 15 emissoras de televisão, abertas e fechadas, nos períodos de grande apelo de consumo.
Nas duas semanas anteriores as últimas festas natalinas, os pesquisadores registraram, durante os horários estudados (das 6 às 21hs), altos índices de comerciais em relação a programação infantil. O campeão foi o Cartoon Network com 19% do tempo dedicado aos anúncios. Em segundo ficou o Nickelodeon com 14% e empatados em terceiro lugar com 13% ficaram o Discovery Kids e o Nick Jr. O espaço dedicado aos comerciais de brinquedos foi de 48% no Cartoon e 46,6% no Discovery Kids.
A pesquisa ainda constatou o alcance de picos de 21’39” de propaganda infantil das 20hs às 21hs, no Discovery Kids e média de 18’55” no mesmo canal. Já o Cartoon, registrou picos de 19 minutos de publicidade, em uma hora de programação e média de 17’52” por hora, nas vésperas do Natal.
Esse estudo reforça ainda mais os argumentos a favor da proibição para a publicidade infantil, já adotada em muitos países desenvolvidos.
Os canais infantis são, em geral, bem vistos pelos pais. Desenhos e filmes exibidos possuem uma boa qualidade, divertem as crianças e, ao mesmo tempo, são capazes de transmitir conhecimentos e valores positivos.
Infelizmente, esse apelo ao consumo em tenra idade faz um contraponto ruim aos benefícios citados.
Não é muito agradável ou “fofinho” como se costuma dizer, assistir as nossas crianças em lojas e supermercados, preocupadas em escolher produtos para a casa, como um sabonete ou desodorante, e até mesmo fazendo escândalo para adquirir aquele brinquedo visto uma centena de vezes na tela da TV.
O que esperar do futuro de uma sociedade que enxerga as suas crianças como consumidoras?
**Ana Luiza tem 4 anos e é minha filha.
*Reinaldo Canto é jornalista, consultor e palestrante. Foi diretor de Comunicação do Greenpeace e coordenador de Comunicação do Instituto Akatu. É colunista da revista Carta Capital, colaborador da Envolverde e professor de Gestão Ambiental na FAPPES.
Artigo publicado originalmente na coluna do autor no site da revista Carta Capital: http://www.cartacapital.com.br/carta-verde/como-educar-nossas-criancas/?autor=599
Blog: cantodasustentabilidade.blogspot.com
site: www.ecocanto21.com.br
email: reicanto@uol.com.br
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MSN: rreicanto@hotmail.com
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Pesquisa revela o bombardeio de comerciais nos canais infantis nas semanas que antecederam o Natal
Cena comum e corriqueira em um supermercado de alguma cidade brasileira: uma menina de 4 anos de idade** adentra ao estabelecimento acompanhada de sua mãe. Na área destinada aos cosméticos e produtos de higiene, a criança se dirige a prateleira, pega um sabonete e pede a mãe para compra-lo. É que aquele produto é um velho conhecido, pois aparece com frequência na TV durante os intervalos de seus desenhos preferidos.
Outros bens de consumo, além de uma infinidade de brinquedos e jogos de todos os tipos e preços são exibidos em grandes quantidades diariamente nos canais com programação infantil. Se essa informação não representa novidade para os pais, principalmente na enorme pressão exercida pelos filhos nas proximidades de datas festivas (Páscoa, Dia das Crianças e Natal), a pesquisa divulgada às vésperas do dia do consumidor (15/3) revela a dimensão do problema.
O estudo conduzido pelo Observatório de Mídia da Universidade Federal do Espírito Santo em parceria com o Instituto Alana e sob coordenação do Professor Edgard Rebouças, concluiu que as nossas crianças estão sendo submetidas a uma verdadeira overdose de comerciais exibidos nos intervalos dos canais infantis. O objetivo do trabalho é acompanhar e monitorar a publicidade dirigida às crianças em 15 emissoras de televisão, abertas e fechadas, nos períodos de grande apelo de consumo.
Nas duas semanas anteriores as últimas festas natalinas, os pesquisadores registraram, durante os horários estudados (das 6 às 21hs), altos índices de comerciais em relação a programação infantil. O campeão foi o Cartoon Network com 19% do tempo dedicado aos anúncios. Em segundo ficou o Nickelodeon com 14% e empatados em terceiro lugar com 13% ficaram o Discovery Kids e o Nick Jr. O espaço dedicado aos comerciais de brinquedos foi de 48% no Cartoon e 46,6% no Discovery Kids.
A pesquisa ainda constatou o alcance de picos de 21’39” de propaganda infantil das 20hs às 21hs, no Discovery Kids e média de 18’55” no mesmo canal. Já o Cartoon, registrou picos de 19 minutos de publicidade, em uma hora de programação e média de 17’52” por hora, nas vésperas do Natal.
Esse estudo reforça ainda mais os argumentos a favor da proibição para a publicidade infantil, já adotada em muitos países desenvolvidos.
Os canais infantis são, em geral, bem vistos pelos pais. Desenhos e filmes exibidos possuem uma boa qualidade, divertem as crianças e, ao mesmo tempo, são capazes de transmitir conhecimentos e valores positivos.
Infelizmente, esse apelo ao consumo em tenra idade faz um contraponto ruim aos benefícios citados.
Não é muito agradável ou “fofinho” como se costuma dizer, assistir as nossas crianças em lojas e supermercados, preocupadas em escolher produtos para a casa, como um sabonete ou desodorante, e até mesmo fazendo escândalo para adquirir aquele brinquedo visto uma centena de vezes na tela da TV.
O que esperar do futuro de uma sociedade que enxerga as suas crianças como consumidoras?
**Ana Luiza tem 4 anos e é minha filha.
*Reinaldo Canto é jornalista, consultor e palestrante. Foi diretor de Comunicação do Greenpeace e coordenador de Comunicação do Instituto Akatu. É colunista da revista Carta Capital, colaborador da Envolverde e professor de Gestão Ambiental na FAPPES.
Artigo publicado originalmente na coluna do autor no site da revista Carta Capital: http://www.cartacapital.com.br/carta-verde/como-educar-nossas-criancas/?autor=599
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19 março 2012
NOVO CÓDIGO FLORESTAL OU UM VALE-TUDO INCONSEQUENTE?
Por Reinaldo Canto*
Nossos deputados federais têm em seu horizonte a difícil, inglória, mas nem por isso indispensável missão de votar o tão falado Código Florestal. Não é de hoje que o tema explosivo vem causando discussões acaloradas, mesmo assim, o que menos podemos ter certeza é sobre qual texto irá realmente ser votado.
Neste momento, até mesmo a questão fundamental que é anistiar ou não os desmatadores e se eles serão obrigados a recompor os cerca de 18 milhões de hectares derrubados e degradados ilegalmente, conforme previsto no atual texto do Código Florestal (1966), está no ar e não se conhece a sua redação final.
O relator do projeto, o deputado da bancada ruralista Paulo Piau (PMDB-MG), quer mudar o texto aprovado no Senado, para reduzir a recuperação de vegetação nativa em Áreas de Preservação Permanente (APPs). O projeto enviado pelos senadores para a Câmara dos Deputados prevê a recuperação de 300 mil quilômetros de vegetação nativa, incluindo-se nessa conta, as áreas de Reserva Legal das médias e pequenas propriedades. Outro ponto acordado no Senado é a que exige a recuperação de margens de rios de 15 metros nos mais estreitos e de 30 a 100 metros de vegetação nativa naqueles rios mais largos.
O pequeno e discutível avanço levado a cabo no relatório do Código Florestal produzido no Senado Federal está agora na berlinda, pois como bem frisou o colunista de Carta Capital, Dal Marcondes em seu artigo: http://www.cartacapital.com.br/carta-verde/a-disputa-entre-a-competitividade-e-a-ganancia/ , o agronegócio “se apequena em defesa de ilegalidades e ganância”. Marcondes aponta o robusto crescimento do setor nos últimos dez anos, mesmo levando-se em conta o atual código. Portanto, as alegações de perda da competitividade de nossos produtores diante da legislação vigente não devem ser levadas a sério.
Ninguém discute a importância do setor agrícola na balança comercial brasileira e o valor estratégico de manter uma grande produção de alimentos. Nem por isso deveremos passar como um trator, sem trocadilhos, por cima de outros extraordinários patrimônios estratégicos que são a nossa biodiversidade e nossos recursos naturais. As entidades científicas compostas de nossos melhores cérebros já se manifestaram sobre o tema e pediram mais ponderação e discussões de alto nível levando em conta as muitas informações disponibilizadas pela ciência.
A sociedade brasileira tem o dever de cobrar dos seus representantes o exercício do bom senso e de uma visão equilibrada nessa e em qualquer outra matéria que seja levada ao parlamento nacional. O novo Código Florestal precisa atender aos interesses, em primeiro lugar, de todos os cidadãos deste país e não apenas dos produtores rurais.
O que espanta nesse vai e vem é a dificuldade e mesmo a incapacidade que o nosso Congresso tem demonstrado de chegar a bom termo essa discussão. Ao invés de encarar como um jogo em que só vale ganhar de goleada, um empate bem disputado valeria como um título para ambos os lados.
*Reinaldo Canto é jornalista, consultor e palestrante. Foi diretor de Comunicação do Greenpeace e coordenador de Comunicação do Instituto Akatu. É colunista da revista Carta Capital, colaborador da Envolverde e professor de Gestão Ambiental na FAPPES.
Artigo publicado originalmente na coluna do autor no site da revista Carta Capital: http://www.cartacapital.com.br/politica/um-vale-tudo-inconsequente/?autor=599Blog: cantodasustentabilidade.blogspot.com
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Nossos deputados federais têm em seu horizonte a difícil, inglória, mas nem por isso indispensável missão de votar o tão falado Código Florestal. Não é de hoje que o tema explosivo vem causando discussões acaloradas, mesmo assim, o que menos podemos ter certeza é sobre qual texto irá realmente ser votado.
Neste momento, até mesmo a questão fundamental que é anistiar ou não os desmatadores e se eles serão obrigados a recompor os cerca de 18 milhões de hectares derrubados e degradados ilegalmente, conforme previsto no atual texto do Código Florestal (1966), está no ar e não se conhece a sua redação final.
O relator do projeto, o deputado da bancada ruralista Paulo Piau (PMDB-MG), quer mudar o texto aprovado no Senado, para reduzir a recuperação de vegetação nativa em Áreas de Preservação Permanente (APPs). O projeto enviado pelos senadores para a Câmara dos Deputados prevê a recuperação de 300 mil quilômetros de vegetação nativa, incluindo-se nessa conta, as áreas de Reserva Legal das médias e pequenas propriedades. Outro ponto acordado no Senado é a que exige a recuperação de margens de rios de 15 metros nos mais estreitos e de 30 a 100 metros de vegetação nativa naqueles rios mais largos.
O pequeno e discutível avanço levado a cabo no relatório do Código Florestal produzido no Senado Federal está agora na berlinda, pois como bem frisou o colunista de Carta Capital, Dal Marcondes em seu artigo: http://www.cartacapital.com.br/carta-verde/a-disputa-entre-a-competitividade-e-a-ganancia/ , o agronegócio “se apequena em defesa de ilegalidades e ganância”. Marcondes aponta o robusto crescimento do setor nos últimos dez anos, mesmo levando-se em conta o atual código. Portanto, as alegações de perda da competitividade de nossos produtores diante da legislação vigente não devem ser levadas a sério.
Ninguém discute a importância do setor agrícola na balança comercial brasileira e o valor estratégico de manter uma grande produção de alimentos. Nem por isso deveremos passar como um trator, sem trocadilhos, por cima de outros extraordinários patrimônios estratégicos que são a nossa biodiversidade e nossos recursos naturais. As entidades científicas compostas de nossos melhores cérebros já se manifestaram sobre o tema e pediram mais ponderação e discussões de alto nível levando em conta as muitas informações disponibilizadas pela ciência.
A sociedade brasileira tem o dever de cobrar dos seus representantes o exercício do bom senso e de uma visão equilibrada nessa e em qualquer outra matéria que seja levada ao parlamento nacional. O novo Código Florestal precisa atender aos interesses, em primeiro lugar, de todos os cidadãos deste país e não apenas dos produtores rurais.
O que espanta nesse vai e vem é a dificuldade e mesmo a incapacidade que o nosso Congresso tem demonstrado de chegar a bom termo essa discussão. Ao invés de encarar como um jogo em que só vale ganhar de goleada, um empate bem disputado valeria como um título para ambos os lados.
*Reinaldo Canto é jornalista, consultor e palestrante. Foi diretor de Comunicação do Greenpeace e coordenador de Comunicação do Instituto Akatu. É colunista da revista Carta Capital, colaborador da Envolverde e professor de Gestão Ambiental na FAPPES.
Artigo publicado originalmente na coluna do autor no site da revista Carta Capital: http://www.cartacapital.com.br/politica/um-vale-tudo-inconsequente/?autor=599Blog: cantodasustentabilidade.blogspot.com
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08 março 2012
AS MICRO SOLUÇÕES PARA OS MACRO PROBLEMAS
Por Reinaldo Canto*
Obras pontuais ou ações paliativas para o transporte nas grandes cidades apenas serão capazes de adiar o surgimento de problemas ainda piores
O enfrentamento dos problemas relacionados ao transporte nas grandes cidades não passa por ações pontuais ou por obras caras realizadas sem planejamento e visão de futuro.
São Paulo é um exemplo emblemático dessa dificuldade para entender que a mobilidade urbana em áreas densamente povoadas necessita de medidas inteligentes que sejam capazes de enxergar o problema em toda a sua dimensão. Isso significa que, em primeiro lugar, é preciso buscar os caminhos para tornar seus cidadãos capazes de se deslocar de maneira confortável, rápida e segura. Fácil? É óbvio que não, mas se ao menos nossos planejadores tivessem isso em mente, não tomariam atitudes paliativas, pouco eficazes e o pior, medidas que teriam o poder de agravar ainda mais a situação no médio e longo prazo.
E os sinais da deterioração das condições de transporte na maior metrópole brasileira não param de surgir. Recentemente a capital paulista registrou mais um pico de congestionamento atingindo a estonteante marca de 217 quilômetros de vias repletas de carros imobilizados e inertes. A cidade já chegou a pouco administrável marca de 7,1 milhões de veículos. Desse total são 5,2 milhões de automóveis, 965 mil ônibus, caminhões e caminhonetes e 930 mil motos. Todos os dias mil novos veículos são lacrados em São Paulo para preencher ruas e avenidas já totalmente saturadas.
Na contramão dos números e do bom senso a prefeitura paulistana anunciou um mega investimento, da ordem de R$ 1,8 bilhão com extensão de avenidas, criação de novas pistas, construção de pontes com o consequente e nefasto incentivo ao transporte individual. A principal obra atinge a margem direita da Marginal do Rio Pinheiros, zona sul da cidade que vai ganhar 8 quilômetros de pista.
A prefeitura alega que a medida irá desafogar o trânsito local, mas o que estamos acostumados a ver é o rápido esgotamento da medida e a volta dos congestionamentos em prazos relativamente curtos. Sobram os impactos ambientais decorrentes das obras e o gasto de muito dinheiro com resultados pouco eficientes.
Nos últimos dias também surgiu uma nova proposta, a do reescalonamento no horário do comércio proposto, sem dúvida com toda a boa intenção, pelo ex-presidente do Metrô paulistano, Plinio Assman. Segundo ele, o comércio em geral abriria mais tarde, às 10h, e fecharia às 22h. Se o rodízio de veículos, que tira todos os dias cerca de 20% da frota da cidade, já não consegue fazer efeito, acredito que decisões como mudanças de horário comercial, provavelmente, também não o farão.
O fato inquestionável de aumento constante de veículos em circulação na cidade faz com que ações pontuais sejam simples “enxuga gelo”, sem o real enfrentamento do problema da mobilidade urbana.
Não é a primeira vez que falo sobre isso e, muito provavelmente, não será a última, mas não é possível e minimamente racional imaginar que a melhora no transporte das grandes cidades passe pelo transporte individual. É preciso ampliar, incentivar e criar as melhores condições para que as pessoas possam se deslocar sem o uso do automóvel. Transporte público eficiente, ciclovias seguras e calçadas transitáveis deveriam fazer parte de qualquer estratégia séria de enfrentamento ligada ao transporte urbano.
É difícil prever quanto tempo mais iremos fazer as piores escolhas sem que se estabeleça uma situação de impasse definitiva no nosso trânsito urbano. Enquanto isso, novas e reluzentes montadoras de automóveis vão continuar a se instalar no Brasil e aplaudidas por todos como se representassem a pujança do nosso país.
Na mesma batida as propagandas de automóveis exibem seus produtos como a solução para todos os nossos problemas. Seremos lindos, modernos e livres ao possuir uma dessas máquinas redentoras.
Quando estivermos parados, imóveis no engarrafamento do dia, bastará imaginar o anúncio sedutor de nosso carro para descobrir que essas buzinas e o estresse cotidiano, são apenas ilusões criadas pela Matrix de nossa consciência.
*Reinaldo Canto é jornalista, consultor e palestrante. Foi diretor de Comunicação do Greenpeace e coordenador de Comunicação do Instituto Akatu. É colunista da revista Carta Capital, colaborador da Envolverde e professor de Gestão Ambiental na FAPPES.
Artigo publicado originalmente na coluna do autor no site da revista Carta Capital: http://www.cartacapital.com.br/sociedade/as-micro-solucoes-para-os-macro-problemas/?autor=599
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Por Reinaldo Canto*
Obras pontuais ou ações paliativas para o transporte nas grandes cidades apenas serão capazes de adiar o surgimento de problemas ainda piores
O enfrentamento dos problemas relacionados ao transporte nas grandes cidades não passa por ações pontuais ou por obras caras realizadas sem planejamento e visão de futuro.
São Paulo é um exemplo emblemático dessa dificuldade para entender que a mobilidade urbana em áreas densamente povoadas necessita de medidas inteligentes que sejam capazes de enxergar o problema em toda a sua dimensão. Isso significa que, em primeiro lugar, é preciso buscar os caminhos para tornar seus cidadãos capazes de se deslocar de maneira confortável, rápida e segura. Fácil? É óbvio que não, mas se ao menos nossos planejadores tivessem isso em mente, não tomariam atitudes paliativas, pouco eficazes e o pior, medidas que teriam o poder de agravar ainda mais a situação no médio e longo prazo.
E os sinais da deterioração das condições de transporte na maior metrópole brasileira não param de surgir. Recentemente a capital paulista registrou mais um pico de congestionamento atingindo a estonteante marca de 217 quilômetros de vias repletas de carros imobilizados e inertes. A cidade já chegou a pouco administrável marca de 7,1 milhões de veículos. Desse total são 5,2 milhões de automóveis, 965 mil ônibus, caminhões e caminhonetes e 930 mil motos. Todos os dias mil novos veículos são lacrados em São Paulo para preencher ruas e avenidas já totalmente saturadas.
Na contramão dos números e do bom senso a prefeitura paulistana anunciou um mega investimento, da ordem de R$ 1,8 bilhão com extensão de avenidas, criação de novas pistas, construção de pontes com o consequente e nefasto incentivo ao transporte individual. A principal obra atinge a margem direita da Marginal do Rio Pinheiros, zona sul da cidade que vai ganhar 8 quilômetros de pista.
A prefeitura alega que a medida irá desafogar o trânsito local, mas o que estamos acostumados a ver é o rápido esgotamento da medida e a volta dos congestionamentos em prazos relativamente curtos. Sobram os impactos ambientais decorrentes das obras e o gasto de muito dinheiro com resultados pouco eficientes.
Nos últimos dias também surgiu uma nova proposta, a do reescalonamento no horário do comércio proposto, sem dúvida com toda a boa intenção, pelo ex-presidente do Metrô paulistano, Plinio Assman. Segundo ele, o comércio em geral abriria mais tarde, às 10h, e fecharia às 22h. Se o rodízio de veículos, que tira todos os dias cerca de 20% da frota da cidade, já não consegue fazer efeito, acredito que decisões como mudanças de horário comercial, provavelmente, também não o farão.
O fato inquestionável de aumento constante de veículos em circulação na cidade faz com que ações pontuais sejam simples “enxuga gelo”, sem o real enfrentamento do problema da mobilidade urbana.
Não é a primeira vez que falo sobre isso e, muito provavelmente, não será a última, mas não é possível e minimamente racional imaginar que a melhora no transporte das grandes cidades passe pelo transporte individual. É preciso ampliar, incentivar e criar as melhores condições para que as pessoas possam se deslocar sem o uso do automóvel. Transporte público eficiente, ciclovias seguras e calçadas transitáveis deveriam fazer parte de qualquer estratégia séria de enfrentamento ligada ao transporte urbano.
É difícil prever quanto tempo mais iremos fazer as piores escolhas sem que se estabeleça uma situação de impasse definitiva no nosso trânsito urbano. Enquanto isso, novas e reluzentes montadoras de automóveis vão continuar a se instalar no Brasil e aplaudidas por todos como se representassem a pujança do nosso país.
Na mesma batida as propagandas de automóveis exibem seus produtos como a solução para todos os nossos problemas. Seremos lindos, modernos e livres ao possuir uma dessas máquinas redentoras.
Quando estivermos parados, imóveis no engarrafamento do dia, bastará imaginar o anúncio sedutor de nosso carro para descobrir que essas buzinas e o estresse cotidiano, são apenas ilusões criadas pela Matrix de nossa consciência.
*Reinaldo Canto é jornalista, consultor e palestrante. Foi diretor de Comunicação do Greenpeace e coordenador de Comunicação do Instituto Akatu. É colunista da revista Carta Capital, colaborador da Envolverde e professor de Gestão Ambiental na FAPPES.
Artigo publicado originalmente na coluna do autor no site da revista Carta Capital: http://www.cartacapital.com.br/sociedade/as-micro-solucoes-para-os-macro-problemas/?autor=599
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